Dose de ansiolíticos

Acredito piamente que os profissionais de saúde mental deviam focar a sua atenção no mercado financeiro.

O trabalho nas corretoras, bancos de investimento e gestoras de fundos não encontra paralelismo com qualquer outra atividade conhecida pelo Homem, o que, na minha opinião, tende a gerar uma incidência de determinados transtornos muitíssimo maior do que na população em geral.

Por um lado, a exposição prolongada a um ambiente de trabalho especialmente hostil e inerentemente instável tem, necessariamente, de provocar alterações no funcionamento do organismo humano.

Por outro, indivíduos com determinadas características biológicas tendem a sobressair neste ramo de atuação.

Um dos principais responsáveis por estas alterações de humor é o belo do bónus anual.

Para muitos, esta componente variável do seu salário representa mais de metade do que ganham num ano e, infelizmente, depende e muito do desempenho da sua carteira.

É certo e sabido que os tradersbrokers e gestores lutam taco a taco por uma décima de overperformance, mas ninguém lhe explica (a si) como ganhar com isso.

Aproveite a caça ao bónus 

A longo prazo, a performance das empresas de pequena capitalização supera significativamente as gigantes da bolsa – em média.

De acordo com a famosa base de dados Ibbotson, propriedade da Morningstar, a margem de ganho das pequenas em relação às maiores desde 1926 é de 2,2 pontos percentuais anualizados.

Portanto, se os gestores quiserem bater o mercado terão de, obrigatoriamente, apostar nas empresas mais pequenas.

No entanto, a ganância pelo bónus tende a impactar a forma como os gestores definem a sua alocação ao longo do ano…

Os académicos rastrearam a variação sazonal nos desempenhos das empresas de pequena capitalização (microcaps) aos incentivos de compensação que levam muitos gestores institucionais a favorecerem as grandes empresas perto do final do ano e as pequenas no início.

Repare no seguinte exemplo:

Considere um gestor cujo desempenho no acumulado do ano está atualmente acima do seu benchmark (normalmente dominado por grandes empresas).

Se ele conseguir manter essa liderança durante o resto do ano irá, provavelmente, encaixar um bónus chorudo.

Para não correr o risco de perder essa margem de liderança, mais perto do final do ano, desloca as participações do portfólio das pequenas empresas para as ações das grandes multinacionais que dominam o benchmark, garantindo assim a vantagem.

Quando janeiro chega, no entanto, o relógio do bónus reinicia, e a sua vontade de assumir riscos será maior do que em qualquer outro momento do ano.

Este apetite por risco traduz-se numa preferência por ações de pequena capitalização na primeira metade do ano.

Esta teoria faz bastante sentido se olharmos para os retornos passados.

Repare como o desempenho relativo das pequenas empresas em relação às big caps, em média, tende a ser superior no início do ano e pior no final.

Pois bem, instigado por esta constatação, o Diogo foi à procura da próxima pequena empresa que pode beneficiar deste fenómeno.

Nós aqui já sabemos qual é.

E dentro de dois dias o leitor também poderá saber. Para isso, basta clicar aqui.

Abraço,

Pedro Gonçalves

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