Por Jim Rickards

Há muito interesse em Bitcoins no momento. É impossível abrir um site, ouvir um podcast ou assistir a um vídeo de finanças sem ficar sabendo sobre a ascensão meteórica do preço do Bitcoin. Talvez você conheça um “milionário de Bitcoin” que tenha comprado 500 Bitcoins há alguns anos por US$ 50.000 e que agora possua uma fortuna de mais de US$ 2.000.000. É verdade, essas pessoas existem. É claro, o Bitcoin é apenas uma das muitas criptomoedas. Há centenas delas com nomes como Ethereum, Dash, Dogecoin, Blackcoin, CryptoCarbon e Syscoin. Para facilitar, nesta edição, vou me referir a todas as criptomoedas como “Bitcoin”, mas o leitor deve entender que a análise também pode ser aplicada às outras criptos. Como vocês sabem, estou sempre em programas financeiros na TV e concedo muitas entrevistas online. Não gosto muito de falar sobre Bitcoin; é um dos temas de que menos gosto na verdade. Mas simplesmente não consigo evitá-lo!

Mais cedo ou mais tarde, em quase todas as entrevistas, o âncora diz: “Jim, preciso perguntar, o que você acha do Bitcoin?” 1 de setembro, 2017 34 2 Minha opinião é muito clara. Eu não tenho Bitcoins e não os recomendo para os investidores. Esses motivos têm a ver com dinâmicas de bolhas, potencial de fraude, robustez do ciclo econômico e interferência governamental, temas que explicarei em detalhes. Dito isto, gostaria de deixar claro que não sou um tecnófobo e muito menos um “ “antiBitcoin”. Entendo Bitcoins muito bem em nível técnico. Eu li os documentos técnicos de 2009 sobre eles e muitas atualizações desde então. Até cheguei a trabalhar com uma equipe de especialistas e comandantes militares no Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos (USSCOM, na sigla original), com sede na base da força aérea MacDill, em Tampa, Flórida, para encontrar maneiras de intervir no uso que o Estado Islâmico fazia de criptomoedas para financiar suas atividades terroristas e seu califado. Quando se trata de Bitcoins, eu adoto uma abordagem laissez-faire. Se você quiser Bitcoins em seu portfólio como parte de um conjunto diversificado de ativos, a escolha é sua. Minha única advertência é caveat emptor (expressão latina que significa, literalmente, “cuidado, comprador”). Então, minha dica de logo de cara é: entenda como a criptomoeda funciona e quais são seus riscos. Nesta edição especial do Strategic Intelligence, falaremos sobre o bom, o mau e o feio do mundo dos Bitcoins e incluiremos links úteis para que você possa pesquisar mais por conta própria. Também analisaremos o futuro do Bitcoin e da plataforma de tecnologia blockchain, na qual o Bitcoin é fundamentado. Esse futuro talvez não seja o nirvana anarco-libertário que os inventores da criptomoeda Bitcoin imaginam.

Tudo indica que governos, órgãos reguladores, autoridades fiscais e a elite global estão se preparando para acabar com as criptomoedas. O futuro do Bitcoin pode ser uma distopia na qual o Big Brother controla o blockchain e decide quando e como você pode comprar ou vender qualquer coisa. Também falaremos sobre isso. Vamos começar nosso tour d’horizon no mundo das criptomoedas.

O dinheiro é o meio usado na troca de bens e serviços. Em tempos passados ter dinheiro era um sinal de trabalho acumulado. Com o avanço do capitalismo o trabalho não mais precisaria ser a principal forma de receber dinheiro.

No início, as trocas eram feitas por escambo. Ou seja, uma determinada quantidade de uma mercadoria era trocada por outra. Não havia muita noção de valor, o que dificultava o comércio uma vez que ficava mais difícil para as partes envolvidas entrarem em um acordo.

Para funcionar corretamente o dinheiro deve ser escasso. Um produto que foi muito utilizado foi o sal. Ele era de difícil obtenção, principalmente no interior dos continentes. Da utilização do sal vem a palavra salário.

Quando o homem descobriu o metal, passou a utilizá-lo para fabricar utensílios e armas anteriormente feitos de pedra ou madeira.

Por apresentar vantagens como a possibilidade de entesouramento, divisibilidade, raridade, facilidade de transporte e beleza, o metal foi eleito como principal padrão de valor.

Os utensílios de metal passaram a ser mercadorias muito apreciadas. Como sua produção exigia, além do domínio das técnicas de fundição, o conhecimento dos locais onde o metal poderia ser encontrado. Essa tarefa, naturalmente, não estava ao alcance de todos. A valorização, cada vez maior, destes instrumentos levou à sua utilização como moeda e ao aparecimento de réplicas de objetos metálicos, em pequenas dimensões, que circulavam como dinheiro.

No direito temos a expressão “pecúnia non olet” (o dinheiro não tem cheiro). A origem da expressão está na criação de um tributo, pelo Imperador Vespasiano, para a utilização de banheiros públicos.

Quando Tito reclamou com seu pai da natureza imoral da taxa e que ela faria com que a cidade ficasse fedendo, Vespasiano pegou uma moeda de ouro e disse Non olet (não tem cheiro).
Hoje nossa economia caminha para a substituição do dinheiro físico pelo digital. O efeito disto ainda é desconhecido.