Tentamos sempre reduzir riscos e maximizar retornos, porém é impossível prever e proteger tudo.
Warren Buffet costumava não concordar com a afirmação: Não coloque todos os ovos na mesma cesta. Buffett dizia para colocar os ovos em apenas 1 cesta e protege-la com sua vida.

Peter Lynch também era contra esta afirmação dizendo que o processo de diversificação era na verdade um processo de “priorização”.
Agora vejamos algumas situações ocorridas. Vejam se era possível prever alguma delas.

1 – Caso Lupatech – a Petrobrás sempre foi uma mãe para seus fornecedores, por vezes efetuava o pagamento antes do produto ser entregue ou serviço realizado. Mas então o calo apertou, o petróleo caiu, o país entrou em crise e a Petrobrás precisou cortar alguns pagamentos.

A Lupatech era uma fornecedora de ferramentas e peças a serem utilizadas na extração de petróleo. Preparando-se para suprir a alta demanda gerada pela exploração do pré sal a companhia realizou grandes investimentos. Para tal contraiu dívidas e emitiu mais ações.

Mas então a crise iniciou-se e o pré sal foi colocado de lado. Toda aquela estrutura montada ficou ociosa, porém os juros e custos de sua operação continuaram a corroer a companhia. Ela ainda tentou aguardar por mais um tempo buscando novas dívidas e emitindo mais ações, confiando na retomada do mercado.

Isto nunca ocorreu e a companhia acabou entrando em recuperação judicial.

2- Caso Samarco – Imagine-se você sendo um credor de uma grande companhia mineradora. E melhor que isto, seus acionistas sendo as duas maiores mineradoras do mundo, Vale e BHP. Você dorme tranquilo sabendo que receberá seu dinheiro corrigido com bons juros. Mas então, a barragem se rompe. A companhia começa a não apenas deixar de ter fluxo de caixa uma vez que a operação foi paralisada e ainda começa a receber multas e ter de pagar indenizações pelos danos causados. Seus acionistas se responsabilizam apenas por uma parte destes problemas. A empresa então deixa de pagar os juros de seus bônus aos seus investidores.

3- Companhias aéreas – Tirando o caso de queda de avião, podemos citar uma situação ainda mais emblemática. Imagine-se acionista de uma companhia aérea europeia, ela está consolidada em seu setor e novamente você pode ter boas noites de sono. Mas então, um vulcão, a muito desativado resolve acordar e solta cinzas que tomam todo o céu. Os aeroportos fecham e milhares de voos são cancelados. Sua empresa simplesmente deixou de existir durante este período, porém, novamente seu custos e juros continuaram existindo.

4- Confisco brasileiro – Sexta-feira, 16 de março de 1990, feriado bancário. Um dia após tomar posse como o primeiro presidente eleito no país de forma direta após quase 30 anos, Fernando Collor de Mello anunciou um pacote radical de medidas econômicas, incluindo o confisco dos depósitos bancários e das até então intocáveis cadernetas de poupança dos brasileiros no dia seguinte de sua posse. A população reagiu com perplexidade, especialmente às medidas de bloqueio do dinheiro.

Ao fim do feriado bancário de três dias, longas filas se formaram nas agências, e os bancos não tinham dinheiro suficiente para cobrir saques dos clientes. O comércio também ficou paralisado. Nesta época não havia a cultura de investimentos então boa parte dos recursos dos brasileiros estava de fato na poupança. Agora você que dormiu rico, acordou pobre. Novamente seus funcionários, contas entre outras despesas não esperaram a situação acalmar e continuaram a vir. Foi uma época traumática e de muitos suicídios.

Para quem não acha que isto não ocorrerá mais pensemos no que o governo indiano ou o venezuelano fez com seus cidadãos. Os indianos tiveram suas notas mais altas (500 e 1000 rúpias) inutilizadas e seu ouro passou a ser confiscado com violência (o exército entra na casa das pessoas para confiscar). O governo Venezuelano então, não para de surpreender, agora fechou as fronteiras com o Brasil. Brasileiros ficaram presos no caos social, sem alimentos, medicamentos e segurança.

https://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2016/09/samarco-deixa-de-pagar-juros-de-bonus-investidores-diz-banco.html

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/04/boa-parte-do-espaco-aereo-europeu-segue-fechado-nesta-sexta-feira.html

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/05/cinzas-vulcanicas-ainda-mantem-fechados-4-aeroportos-na-espanha.html

As histórias da época de amador são muito divertidas e animadas, porém, não eram tão animadoras assim à época. Tentarei expor novas histórias ocorridas.

Chegou a vez de Docas Imbituba (IMBI4), um porto localizado em Santa Catarina que iria se beneficiar da aprovação da Lei das ZPEs (Zonas de Processamento de Exportação). Esta medida seria capaz de fomentar a atividade de alguns portos brasileiros, entre eles Imbituba.

Pois bem, com o aproximar do dia da votação do projeto a ação sofreu forte especulação. Os ganhos já eram notáveis. No dia da votação em plenário, assisti TV Senado desde o início da sessão às 9 horas. Aloisio Mercadante, então presidente iniciou um discurso afirmando que o projeto já tramitava há anos e que era de suma importância e que deveria ser votado naquele dia de qualquer forma.

Eis que um senhor levanta sua mão e inicia-se o seguinte diálogo:

Senhor: “Excelência, eu não li!”
AM: ‘ Que isso cara, você não leu o que?”
Senhor: “Eu não li o projeto”
AM: “Putz, cara você teve 20 anos pra ler o projeto, isto é da época do Brizola!”
Senhor: “Pois é, mas não li”
AM: Ok então, vamos adiar a votação.
AM: “Prezados, já que não votamos o projeto mais importante sugiro suspender a sessão por hoje, alguém se opõe?”
Sem dar tempo de resposta bateu o martelo e encerrou a sessão as 9:15 da manhã.

Isto gerou mais um dia de especulação e ganhos. No dia seguinte a proposta foi votada e aprovada, o que gerou desabamento do valor as ações.

Há um ditado popular na bolsa sobre este movimento. “O famoso Sobe no Boato e Cai no Fato”.

Outras especulações sobre a de aquisição de bancos estatais pelo Banco do Brasil. De fato já haviam ocorrido alguns movimentos deste tipo.

Portanto, dois bancos estatais Banco do Espirito Santo (BEES3) e Banco da Amazonia (BAZA3).
BEES3 saiu de uma cotação de R$ 0,8 para um pico de R$ 5,00, enquanto BAZE3 foi de R$ 20,00 para R$ 100,00. Em ambos os casos as ações retornaram para seus níveis anteriores em poucos dias.

Mais uma boa história ocorreu com Kepler Weber (KEPL3). A empresa passava por dificuldades e decidiu por emitir novas ações. O problema foi o preço desta subscrição que foi de R$ 0,3 enquanto a cotação de mercado girava em torno de R$ 1. É comum as empresas oferecerem algum deságio para a subscrição de novas ações, porém, não neste nível.

Como esperado as ações iniciaram a derrocada. Duas corretoras foram as maiores vendedoras: Pactual e Link. Posteriormente descobriu-se que ambas estavam vendidas a descoberto e sequer alugaram ações. A Bovespa aplicou uma multa em ambas, porém nem de perto suficiente para contrapor os ganhos obtidos na operação.

Contarei agora alguns casos exóticos dos quais presenciei e/ou participei desde que entrei no mercado em 2006.

Diferente da maioria das pessoas, entrei no mercado operando micos¹ e opções². Operando no mercado de opções comecei com um patrimônio juvenil de R$ 2.000, juntados ao longo da vida com presentes de aniversário e dinheiro de mesada. Em 3 semanas cheguei ao patrimônio de R$ 10.000, ao custo de noites mal dormidas, aftas na boca e tremores no corpo. Sempre acordava de madrugada tremendo e ainda ligava na Bloomberg para ver como estava o Nikei do Japão imaginando se isto poderia alterar meu resultado do dia seguinte.

Porém, um certo dia tudo mudou. Durante um pregão, no qual minha posição já estava em prejuízo, o sistema da bolsa de valores saiu do ar e nenhum home broker no Brasil todo funcionou. Como ainda existia o pregão presencial em São Paulo, as negociações continuaram.

Quando o sistema retornou, a Vale estava com uma diferença de quase 4% em relação ao preço que estava antes do problema no sistema. Assim como dizia o ditado: “Do pó viestes ao pó retornarás”. Meu patrimônio desmoronou para módicos R$ 1.200 em cerca de 15 minutos.

O banqueiro J.P. Morgan costumava dizer: “Se você pudesse vender sua experiência pelo preço que ela lhe custou, ficaria rico”. Sábias e verdadeiras palavras.

Parti então para os micos, afinal de contas, apesar de grandes oscilações, as mesmas não tem data de vencimento, por isso seu valor nunca chegaria a zero em caso de queda da ação objeto.

Um outro caso exotico foi o que ocorreu com TENE5, uma empresa que os investidores sequer sabia-se qual era o ramo de atuação. O gap existente no seu book de ofertas era, entretanto, notável. A diferença entre a primeira compra e a primeira venda chegava a 50%. Assim alguns investidores ficavam por vezes meses aguarando algum desesperado se largar (vender suas ações a um preço baixo). Quando já estava posicionado, normalmente comprava a quantidade mínima pelo preço alto da ordem de venda gerando assim a alta de 50%.
Feito isto, era comum começar a ver nos foruns da internet mensagens do tipo: Foguetão da vez! Vai bombar! Garanta já suas ações!.

E o pior é que os comentários nos foruns funcionavam iniciando novas compras a preços cada vez maiores Em algum momento os compradores iniciais começavam a vender suas posições e embolsávam um excelente lucro percentual que ainda, dada a baixissima liquidez do papel, representava nada nominalmente.

Sem dúvida eram tempos muito intensos e até mesmo divertidos.

Outra grande especulação que vivenciei foi em RSIP4, uma empresa de maçãs que, à época, conseguia a proeza de ter prejuízo bruto, ou seja, para cada maçã vendida a empresa perdia dinheiro, seria melhor encerrar as atividades e ficar no zero a zero. A operação era simples, comprava a 0,40-0,42 centavos e vendia a 0,55-0,58.

Outro caso ocorreu com Hoot4, hotéis Othon, na época da escolha da cidade sede da olimpíada de 2016. A ação já vinha subindo na semana do veredito, porém no momento da apuração experimentavam valorizações mais acentuadas. A cada nova cidade que era eliminada a ação subia cerca de 10%. Obviamente assim que o Rio de Janeiro foi escolhido como sede, a ação desabou tudo que havia subido.

Agora, o que acho ter sido a maior especulação de todos os tempos: Ela ocorreu na chamada Inet em 2007. Inet era uma massa falida do governo que devia ter 2 funcionários, um pra fazer limpeza e outro pra carimbar e assinar páginas e mais páginas de problemas, porém um boato de utilização da Inet para ser a provedora de internet em âmbito nacional levantou o defunto. De uma cotação inicial de 0,30 centavos, a ação atingiu um pico intraday de R$ 22 reais, uma absurda valorização de 7233%.
Outra grande oscilação foi encontrada na antiga TNLP4. Com um movimento extremamente agressivo de compra de um grande fundo do Morgan Stanley, suas ações subiram cerca de 10% ao dia por 3 dias. Isto foi o suficiente para uma opção com valor de R$ 0,01 se valorizasse para R$ 3,20, ou seja, R$ 1.000 teriam virado R$ 320.000, suficientes até mesmo para a aquisição de um imóvel.
Hoje em dia percebo o quanto foi estressante e nem um pouco lucrativa esta época. Conhecimento é sempre a melhor escolha, como disse J.P. Morgan. Teremos mais histórias em breve.

¹ Micos – Ações de empresas em má situação financeira e com baixíssima liquidez

² Opções – Direito de compra/venda sobre um determinado ativo, por um determinado preço em uma data futura pré acordada

Muitas pessoas sentem dificuldade em começar seus investimentos. Quanto mais cedo começarem a investir melhor. Hoje no Brasil temos uma taxa de juros de 14%, algo extraordinário capaz de alavancar e multiplicar seu capital por diversas vezes ao longo da vida.

Com esta taxa precisaríamos de 5,29 anos para dobrar o capital investido. Ou seja em pouco mais de 5 anos o investidor transformaria R$ 100,00 em R$ 200,00. Para multiplicar o capital por 10 seriam necessários 17,57 anos. R$ 100,00 transformaram-se em R$ 1000,00.

Realizando o mesmo teste para juros simples teríamos: um capital de R$ 114,00 para o período de 1 ano e precisariamos de aproximadamente 66 anos para multiplicar o capital por 10.

Não à toa Albert Einstein proferiu a seguinte frase:
“Os juros compostos são a oitava maravilha do mundo”.

Entendemos que falar sobre finanças parece grego para quem não possui carreira voltada a esta área ou não vem de um família com cultura financeira. Por isto, abaixo tentaremos explicitar com exemplos alguns tipos de investimentos simples, porém rentáveis.

O primeiro passo é fugir dos grandes bancos. Lembre-se, o gerente do banco não é seu amigo, ele trabalha para o banco. Portanto, nem sempre pode dar os melhores conselhos enquanto possui uma meta para cumprir.

Sugiro duas corretoras para iniciarmos: a Título Easyinvest e a XP investimentos.

A XP atua como um grande shopping oferecendo produtos de diversos bancos e gestores enquanto a Easyinvest possui menos opções, porém, ótimos produtos a disposição.

Na XP podemos encontrar diversas opções Renda Fixa e Fundos de Investimentos. Abaixo segue descrição de alguns fundos que achamos interessantes.

1-BNP MatchDIFIRefCP – Aplica 60% em Letras Financeiras e 20% em títulos públicos. Lembramos que fundos de investimento não contam com o Fundo Garantidor de Crédito, porém, possuem carteira muito diversificada de forma que a inadimplência de um dos títulos não gerará grande impacto na rentabilidade mensal.

2-BNP Inflacao Firf- 87% em títulos públicos. Conforme o nome do fundo é esperado que tenha a maior parte de sua carteira em NTN-Bs de diversos prazos. Pode vir a ser extremamente lucrativo com o início do ciclo de queda de juros.

3- PS FI Ref DI CP- 41% Letras Financeiras e 15% em Debentures.

4- SA Excellenc Firf CP – 54% títulos privados, 22% em compromissadas e 14% de titulos publicos.

Confira a figura da tabela de rentabilidades históricas do ano de 2016 – https://scontent.fsdu5-1.fna.fbcdn.net/v/t31.0-8/15168691_1237504072974935_8833029979814392361_o.png?oh=ef911be36802d945526f83dec5b88d84&oe=58BED943

Na Easyinvest se destacam produtos como LCI, LCA e Fundo de Debentures Incentivadas (debentures de empresas de infraestrutura que possuem isenção de IR).

Possuem LCIs entre 92 e 96% do CDI, dependendo do prazo de carência. Uma excelente rentabilidade uma vez que é isenta de impostos.

LCAs entre 87 e 97% do CDI, também dependendo do prazo do investimento.

Há também dois fundos de debentures incentivadas, onde podemos ter a diversificação de um fundo com a isenção de IR das debentures incentivadas.

Ficamos a disposição para dúvidas e sugestõe!

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Há certas ocasiões que entram na história por sua audácia e efeitos devastadores. Como exemplo podemos citar o caso clássico de George Soros que venceu o governo da Inglaterra em 1992. Todos os países estão sujeitos a ataques deste tipo, basta que a situação se mostre favorável para tal.

O Brasil enfrentava sua pior crise da história, então fundos de hedge globais decidiram agir. No dia 25/09/15 os mercados acordaram sob ataque.

Os grandes fundos globais efetuaram pesadas vendas de iShares MSCI Brazil Capped, um fundo do tipo ETF(Exchance Traded Funds) que acompanha as ações brasileiras. O fundo possui cerca de 84 milhões de ações emitidas, e 59 milhões, ou 70%, estão short (jargão de mercado para vendas a descoberto).

Para lucrar com esta operação os fundos iniciaram então um ataque nas posições locais (Brasil).

O dólar disparou 2,28% no dia. Tal subida ocorreu mesmo com intervenções do Banco Central fechando a 4,14, tendo atingido um pico de 4,24 durante a parte da manhã.

Com as ações o caso não foi diferente com queda de cerca de 2% tendo alcançado quedas superiores também no período da manhã.

Na renda fixa abriu-se uma janela espetacular, onde os títulos pré fixados alcançaram a taxa de 19%, retornando ao longo do dia para 16%. Ou seja, seria possível auferir grandes retornos fazendo “day trade” da renda fixa.

Por sorte, o país possuía cerca de R$ 370 bilhões em reservas e pôde intervir diretamente no mercado por meio de 2 leilões de swap cambial contribuindo para amenizar o movimento.

O Barings Public Limited Company (Barings PLC), fundado em 1762, possui uma das histórias mais nobres e trágicas no setor bancário. Inicialmente, a empresa cresceu de importância na Europa durante a guerra contra Napoleão ao financiar as campanhas militares da Grã-Bretanha, ajudando a organizar a recuperação financeira da França após o fim da guerra.

Durante o século XIX, o banco passou a ser considerado como a sexta grande potência européia, envolvendo-se na venda da Louisiana por parte da França para americanos em 1803, no refinanciamento do Banco da Inglaterra em 1839 e na reconstituição do Banco da França (Banque de France) em 1849.

Em 1890, descobriu-se que o banco inglês foi responsável por quase todos os empréstimos adquiridos pela Argentina.
Em 1952, com uma reputação quase restabelecida depois de 50 anos após a crise com a Argentina, e com a aprovação dos bancários ingleses e da gestão do Banco da Inglaterra, o Barings foi escolhido pela recém-coroada Rainha Elizabeth II como um dos guardiões das fortunas reais.

Durante meados da década de 1980, o mercado japonês era altamente rentável, o Barings decidiu então por expandir seus serviços financeiros e abriu uma operação de corretagem de ações em Tóquio.

Em meados da década de 1990, o Barings acelerou o ritmo de suas operações de corretoras internacionais com escritórios em Tóquio, Singapura, Londres e no resto do mundo expandindo suas atividades drasticamente.

Dentre os novos prodígios contratados para gerir os novos mercados estava um jovem, nascido em Watford, Londres, chamado Nick Leeson.
Leeson havia começado a trabalhar na sede do Banco Barings em 10 de julho de 1989, com apenas vinte e dois anos. Sua primeira função foi no chamado back office, uma unidade responsável pela liquidação, documentação, suporte e registro contábil de operações com derivativos.

Sua promoção para o cargo de gerente da Barings Future Singapore (BFS) ocorreu em fevereiro de 1992. Essa subsidiária do banco havia sido criada em Singapura para atuar no mercado de derivativos local. Leeson, que além de gerente atuaria como operador de pregão, recebeu a missão de contratar os operadores e os funcionários do back office. Leeson recebeu orientações que restringiam o tamanho e a remuneração de funcionários dessa subsidiária, resultando na contratação de profissionais pouco preparados acerca do mercado de derivativos.

A princípio, as fraudes de Leeson teriam começado em 17 de julho de 1992 com o intuito de encobrir a falha de uma de suas funcionárias, que havia comprado por engano vinte contratos de títulos futuros do Japan Governmental Bond (JGB’s), o tesouro japonês. Para ocultar essa perda, que chegava a quase 20 mil libras, Leeson utilizou uma conta para acompanhar esse erro, batizada de conta 88888. A partir de então, essa conta passaria a ser utilizada para registro de transações não autorizadas, registrando-se dezenas dessas operações entre os meses de setembro e dezembro do mesmo ano. Assim, a subsidiária que pelas normas locais era autorizada a realizar operações apenas para seus clientes, passava a realizar operações para encobrir seus próprios erros. Consequentemente, em janeiro de 1993, a conta 88888 já acumulava um montante de oito milhões de libras, referentes a 420 contratos de futuros oriundos dessas transações.

Com o crescimento do volume dessas transações, Leeson decidiu realizar operações no mercado de opções para encobrir essas perdas. Com o mesmo intuito, o gerente precisava providenciar a cobertura de sua margem diária, evitando que a contabilidade interna do Barings percebesse suas transações.

Dessa forma, sabendo que a SIMEX (Singapore International Monetary Exchange) operava com libras, dólares e ienes, e que essa mistura de moedas aumentava a dificuldade de controle das operações, Leeson passou a operar com opções straddle, que é uma tática de especulação em que o investidor compra ou vende, por um mesmo aplicador, um número de opções de compra (call) e de venda (put) de ações. Assim, em julho de 1993, em uma arriscada operação, Leeson conseguiu reverter temporariamente sua posição de perda de seis milhões de libras, atingindo um lucro espantoso. No entanto, ao continuar a realizar transações não autorizadas, apenas dois meses depois dessa operação de sucesso, a conta 88888 já detinha novamente uma perda acumulada de mais de um milhão de libras.

Para cobrir a margem diária de suas operações, enquanto gerente, pedia constantemente a transferência de recursos do Barings de Londres para Singapura, o que poderia ser um alerta para a administração do banco.

Leeson, porém, possuía muito conhecimento sobre a contabilização das operações com derivativos. Além disto havia desinteresse de seus supervisores em relação ao registro dessas operações. Sua atuação como operador de pregão, a existência de clientes com grandes volumes de transações e, por fim, suas contribuições positivas, pelo menos sob o ponto de vista da direção do banco, para os resultados do Barings em períodos anteriores, faziam com que esses pedidos fossem atendidos sem grandes questionamentos sobre as suas destinações específicas.

Devido aos lucros obtidos pelo banco, atribuídos às operações com derivativos, Leeson era considerado “um astro” por todos. O que a diretoria do banco não sabia era que as operações do gerente de Singapura já acumulavam perdas de 23 milhões de libras, escondidas das demonstrações contábeis. Uma auditoria interna foi realizada em julho. Após três semanas de investigações, essa auditoria nada identificou de errado, apesar do seu relatório final apontar para o fato de que Leeson exercia tanto a chefia no pregão quanto no back office, fato que lhe permitia “efetuar transações por conta do Grupo e depois garantir que fossem ajustadas e registradas de acordo com as suas próprias instruções”.

Assim, dos 50 milhões de libras em lucros divulgados oficialmente pelo Barings nos primeiros seis meses de 1994, cerca de 25 milhões era apontados como oriundos das atividades da subsidiária de Singapura. Porém, a realidade era que as perdas acumuladas por Leeson no final de julho já chegavam a 50 milhões de libras, ou seja, o equivalente aos lucros totais oficiais do Barings no mesmo período. Já ao final do mesmo ano, o volume de perdas não registradas era de 170 milhões de libras, com 50 milhões repousando na conta 88888 e a diferença sendo representada por margens que estariam em poder da SIMEX.

Desse modo, oficialmente, as demonstrações contábeis apontavam que a BFS, em 1994, haviam gerado um lucro de 28 milhões de libras, fazendo com que a bonificação de Leeson referente às suas atividades naquele ano fosse de 400 mil libras. Em 17 de janeiro de 1995 o Japão foi atingido pelo Terremoto de Kobe, promovendo uma queda geral dos mercados asiáticos, fato que aumentou ainda mais as perdas de Leeson na BFS, que já superavam os 200 milhões de libras.

Contudo, poucos dias após o terremoto, o gerente decidiu adotar uma estratégia ainda mais arriscada de negociação, acreditando que os preços das ações japonesas aumentariam, os preços dos títulos japoneses cairiam e a volatilidade do mercado diminuiria. Para tanto, Leeson aumentou seu volume de negócios nos contratos futuros do índice de ações do Nikkei 225, acreditando em uma rápida superação da instabilidade do mercado e consequente aumento geral dos preços.

Na última semana de janeiro, Leeson chegou a adquirir cerca de 10.000 contratos futuros do índice Nikkei 225. Esse volume enorme de compras da BFS fez com que o mercado reagisse positivamente, subindo de maneira considerável naquela semana de forma que o valor dos contratos ficaram próximos do valor que tinham no período anterior ao terremoto. Dessa forma, Leeson conseguiu recuperar as perdas acumuladas desde o terremoto de Kobe e, além das compras dos contratos vinculados ao Nikkei 225, passou a vender títulos do governo japonês a descoberto, levando a uma ampliação dos pedidos de margem a Londres.

Entretanto, no início de fevereiro, o preço dos contratos passou a cair novamente, ampliando de maneira abrupta os prejuízos acumulados na conta de erro, já que a posição de Leeson no mercado continuava alta.

Em fevereiro de 1995, a BFS passava por uma auditoria independente da empresa Coopers & Lybrand (C&L). Para conseguir obter a aprovação da auditoria, Leeson falsificou duas cartas simulando uma operação de balcão financiada pelo banco, realizada em 2 de dezembro de 1994 e com vencimento no dia 30 do mesmo mês, envolvendo uma transação de opções entre uma corretora de Singapura especializada em futuros e opções, a Spear, Leeds & Kellogg (SLK), e o Banque Nationale de Paris, no valor de 50 milhões de libras. Além disso, Leeson alterou extratos bancários para simular o pagamento pela SLK para aquele mesmo dia.

Assim, ele conseguiu esconder suas ações da C&L que, em 3 de fevereiro, apresentou relatório preliminar positivo para as ações da BFS.
Apenas uma semana após a conclusão dessa última auditoria, as perdas acumuladas pela BFS chegavam a 200 milhões de libras, porém a falência do Barings ainda poderia ser evitada, já que o capital acionário do banco era próximo a 500 milhões de libras. No entanto, nas duas semanas seguintes, essas perdas triplicaram, ultrapassando os 600 milhões de libras. Assim, no dia do pagamento das bonificações relativas ao ano anterior, 24 de fevereiro de 1995, Leeson fugiu de Singapura, mas foi preso em Frankfurt em março de 1995. Após longos oito meses por problemas de jurisdição, foi realocado para Singapura, onde se declarou culpado pelos crimes de fraude contra os auditores externos do Barings e contra a SIMEX, sendo condenado a seis anos e meio de prisão. O total de perdas provocados no Barings por Leeson foi de 927 milhões de libras.

Leeson vive em Barna, oeste da Irlanda. Lisa, a mulher com quem era casado durante seus anos como operador em Cingapura, pediu divórcio e se casou novamente. O Barings foi comprado pelo banco holandês ING pela simbólica quantia de £1.

Em junho de 2005, Leeson lançou um novo livro, Back from the Brink: Coping with Stress.

O filme A Fraude (1999) ou Rogue Trader é um ótimo filme onde pode-se acompanhar toda a trajetória de Lesson e do banco Barings.

Filme: https://www.youtube.com/watch?v=cxSZzTYpZAg
Documentário sobe Nick Leeson: https://www.youtube.com/watch?v=CkhcpcuZvV4

A Enron Corporation foi uma companhia de energia americana localizada em Houston, Texas. Possuía cerca de 21.000 funcionários, tendo sido uma das empresas líderes no mundo em distribuição de energia (eletricidade, gás natural).
Em comunicações mais recentemente de 2016, a Enron Corporation foi comprada por Jhonatan Merces, CEO Fundador da Merces Development, e que garante que logo mais a Enron Corporation vai voltar a ser umas das maiores empresas do mundo. Seu faturamento atingia 101 bilhões de dólares em 2000, pouco antes do escândalo financeiro que ocasionou sua falência.

Alvo de diversas denúncias de fraudes contábeis e fiscais e com uma dívida de 13 bilhões de dólares, o grupo pediu concordata em dezembro de 2001 e arrastou consigo a Arthur Andersen, que fazia a sua auditoria. Na época, as investigações revelaram que a Enron havia manipulado seus balanços, com a ajuda de empresas e bancos, e escondera dívidas de 25 bilhões de dólares por dois anos consecutivos, tendo inflado artificialmente os seus lucros.
O governo dos Estados Unidos abriu dezenas de investigações criminais contra executivos da Enron e da Arthur Andersen.

A Enron foi também processada pelas pessoas lesadas. De acordo com os investigadores, os executivos e contadores, assim como instituições financeiras e escritórios de advocacia, que à época trabalhavam para a companhia, foram, de alguma forma e em diferentes graus, responsáveis pelo colapso da empresa.
Em razão de uma série de escândalos financeiros corporativos, como o da Enron, foi redigida a Lei Sarbanes-Oxley, em 2002.

Em outubro de 2001, a empresa de consultoria Andersen começa a destruir documentos relativos a auditorias feitas na Enron. A destruição continua até novembro, quando ela recebe uma intimação da SEC, a comissão que fiscaliza a conduta das empresas de capital aberto nos Estados Unidos.

Durante o mesmo mês, a Enron divulga perdas de US$ 638 milhões entre julho e setembro e anuncia a redução de US$ 1,2 bilhão do seu patrimônio líquido. A justificativa para a redução foi uma parceria feita pelo executivo financeiro da companhia, Andrew Fastow.

Ainda em outubro, a SEC abre um processo para investigar as parcerias estabelecidas por Fastow.

Em uma conferência por telefone, Kenneth Lay (CEO) acalma os investidores e defende o trabalho de Fastow. Entretanto, ao final do mês, Fastow acaba demitido.

No final de outubro, Lay telefona para o secretário do Tesouro americano, Paul O’Neill, para informá-lo dos problemas financeiros da companhia. Uma segunda conversa ocorre em novembro. O’Neill se nega a ajudar a companhia, porque não constata que os problemas da empresa estivessem causando impacto no mercado de ações em geral.

Até o final de outubro o processo da SEC, até então mantido no campo da consulta informal, é transformado em uma investigação formal.

Em 8 de novembro 2001 a Enron revisa seus balanços dos últimos cinco anos. No lugar dos grandes lucros anteriormente apresentados, a companhia diz que perdeu US$ 586 milhões.

9 de novembro 2001
A rival Dynegy anuncia que irá adquirir a Enron, que é uma companhia muito maior, por US$ 8 bilhões em ações.

Em meados de novembro, a Enron diz que suas perdas do terceiro trimestre foram maiores do que o anunciado anteriormente e afirma precisar de US$ 690 milhões para pagar dívidas que venciam no final do mês.

O valor das ações da Enron então cai ao seu nível mais baixo em dez anos – cerca de 23% em apenas um dia – em meio à preocupação dos investidores de que a companhia talvez não solucione seus problemas financeiros.

Apesar da dificuldade, milagrosamente, a empresa consegue tempo para pagar sua dívida de US$ 690 milhões.

Ao final de novembro a ações caem outros 15% e chegam a US$ 4,01.

Em 28 de novembro 2001 a Dynegy desiste de comprar a rival quando sua classificação de crédito é colocada no mesmo nível dos de empresas consideradas insolventes. As ações caem abaixo de US$ 1 e a venda das ações é tão intensa que se torna um recorde histórico para a Bolsa de Nova York e para a Nasdaq.

Em dezembro a Enron pede a proteção da Lei de Falência americana e processa a Dynegy por ter encerrado a fusão entre as duas empresas de forma supostamente ilegal. À medida que o colapso ocorre, a companhia proíbe seus funcionários de vender suas ações ligadas aos seus planos de aposentadoria.

O governo americano confirma que Kenneth Lay pressionou o governo para conseguir apoio para a companhia, pouco antes da concordata da empresa.
O Departamento de Justiça americano nomeia Joshua Hochberg, chefe da divisão de fraudes, para atuar na investigação criminal em relação à empresa.

Em janeiro a Arthur Andersen demite o executivo David Duncan, que era o responsável pela auditoria da Enron.

Ainda em janeiro as ações da Enron são retiradas da Bolsa de Nova York.
Filme sobre a quebra da Enron: https://www.youtube.com/watch?v=5DKwOJKHgJM

No Brasil, sempre foi comum o pensamento de Estado forte e formação das “campeãs nacionais. Até mesmo alguns de nossos capitalistas acreditavam nesta ideia ao invés desenvolvimento pelo mercado.
Além disto criam bancos de fomento que concedem subsídios e financiam projetos que por vezes nunca irão se pagar. O principal deles é o BNDES, um banco público que por diversas vezes precisou receber aportes do tesouro para sobreviver e continuar sua bonança financeira.

O ano era 2007 o Brasil havia acabado descobrir sua nova mina de ouro: as reservas do pré sal. O preço do barril ainda estava perto de suas máximas, acima dos U$ 100 o barril. Parecia um cenário promissor para investimentos na área.

Então uma de suas fornecedoras decidiu por realizar investimentos que certamente a fariam mudar de patamar.

Fundada ainda nos anos 80, a metalúrgica gaúcha com sede em Caxias do Sul, Lupatech, atuou durante décadas em setores tão distintos como automobilístico e de alimentos. A anunciada auto-suficiência do país na produção de petróleo e da descoberta do pré-sal em 2007, levaram a empresa a realizar uma série de aquisições que a consolidaram como um fornecedor apto a grandes contratos no setor de óleo e gás. Foram mais de 16 aquisições entre 2006 e 2008 que levaram a empresa a faturar mais de R$ 550 milhões em 2010.

No mesmo ano, a empresa garantiu aquilo que poderia lhe fazer mudar de patamar, entrando para o clube de grandes fornecedores mundiais da cadeia de petróleo e gás. A conquista de contratos no valor de R$ 1,7 bilhão junto à Petrobras levou a Lupatech e seus acionistas a projetarem um crescimento vertiginoso nos anos seguintes.

Assim como a estatal, porém, as ações da Lupatech rolaram ladeira abaixo. De 2010 a 2014, quando a companhia entrou com pedido de recuperação judicial, suas ações caíram mais de 99%. Em 2015 não é diferente: a companhia teve uma queda de 92,89%. Segundo seu plano de recuperação judicial, a empresa foi vítima da má conjuntura do setor de petróleo, cujo barril caiu para US$ 45 dólares, ante mais de US$ 130 quando da assinatura dos contratos, além da conjuntura da própria Petrobras, envolta em escândalos que a levaram a declarar uma baixa de ativos no valor de R$ 88 bilhões, fruto de má gestão e corrupção, segundo a própria empresa.

Para além de culpar fatores externos, analistas citam ainda que o elevado nível de endividamento somado ao não recebimento de valores da Petrobras levaram a empresa à atual situação. A aposta excessiva no setor de petróleo e gás culminou com a quebra da empresa e a demissão de milhares de funcionários em suas mais de 20 unidades no Brasil e no exterior.

Novamente vemos como um governo incompetente pode destruir setores inteiros mesmo quando bem intencionados. O mercado não precisa de benefícios, precisa de leis claras, coerentes e imutáveis que os permita realizar e mensurar investimentos de longo prazo.
Observamos movimento semelhante, porém, ainda sem impacto traumático com o programa de financiamento estudantis FIES, na qual o governo subitamente alterou as regras e prazos de recebimentos dos valores deixando as empresas de calçar arriadas.

Por fim ficam algumas lições:

Você pode ganhar 100% diversas vezes, porém perder é uma só.
Se você perde 10% do seu capital, precisa fazer 11% para voltar ao patamar inicial. Porém, se você perde 50% de seu capital, você precisará dobrar para voltar ao estado inicial.
O bilionário Warren Buffett possui duas regras básicas ao investir.
1- Nunca perca dinheiro
2- Nunca se esqueça da regra Número 1

A gestoria de recursos GWI foi fundada em 1995. Sediada em São Paulo a empresa possui duas divisões distintas: GWI Asset Management e GWI Real Estate. Ela é especializada na gestão de ações no Brasil.

Nossa história se remete ao ano de 2007.

De 2003 a 2010, o Brasil experimentou um aumento médio de 4% ao ano em seu PIB, a taxa de desemprego caiu de 10,9% no início de 2003 para 5,3% em dezembro de 2010, a taxa básica caiu de um absurdo de 25% para 8,75%, tudo isso sem acionar a pistola da inflação.

A bolsa de valores aproveitou esta bonança até 2007, com o bom desempenho interrompido pela crise Sub Prime de 2009.

A GWI tinha muito orgulho de seu fundo de ações: o GWI FIA. Seus anuncios na TV Bloomberg apareciam a cada 15 minutos. O fundo apresentava um desempenho extraordinário de mais de 500% em 3 anos.

Porém, sua estrategia era baseada em alavancagem. Enquanto os ventos foram favoráveis, ela ajudou e muito os altos retornos obtidos. Mas então a maré virou. O mercado começou a desabar e dada sua alta alavancagem o fundo faliu.

Não apenas faliu como seus cotistas foram chamados para aportar mais capital no fundo, a fim de cobrir os enormes prejuízos encontrados. Algo como um custo funerário.

Novamente devemos tomar este exemplo como lição a ser aprendida. A alavancagem é muito perigosa. Lembrem-se: você pode ganhar 100% várias vezes mas perder é uma vez só.

Seguem reportagens da época:

https://www.drmoney.com.br/investimentos/risco/fundos-gwi-o-estrago-causado-pela-alavancagem/

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fundo-gwi-e-fechado-apos-perda-de-273-imp-,757970

 

A crise de 2008 apresenta-se como a segunda maior crise da história do capitalismo, ficando atrás apenas da grande depressão de 1929.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001 foram tomadas uma série de medidas para impulsionar a economia americana buscando afastar a aversão ao risco causado pelo ataque terrorista. Com isto, observamos grande valorização de ativos, em especial no mercado imobiliário.
Com os preços dos imóveis disparando e a alta liquidez internacional, os bancos e financeiras norte-americanas começaram a emprestar mais dinheiro para pessoas com histórico de crédito ruim para que comprassem casas as quais não conseguiriam pagar.
Antes, tais empréstimos passavam por criteriosa análise de crédito.

Além do maior risco das hipotecas sub prime, os bancos também passaram a fazer empréstimos não-tradicionais, com juros mais baixos nos primeiros anos do contrato e prestações iniciais só com o pagamento dos juros. Isto ampliou ainda mais a quantidade de pessoas que puderam adquirir tais empréstimos.

Empréstimos com devedores de pior histórico de crédito embutem juros mais altos. Estes foram atrativos para investidores e gestores de fundos em busca de melhores retornos.

As aquisições de dívida por parte destes investidores permitiram que um novo montante de dinheiro fosse novamente emprestado, antes mesmo de o primeiro empréstimo ser quitado.

Também interessado em lucrar, um segundo gestor poderia comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos. Portanto, quando o tomador do empréstimo inicial não consegue pagar suas dívidas ele dá inicio a um ciclo de calotes. Com o maior medo por parte dos investidores de negociar tais títulos, gerou-se uma crise de liquidez e consequente retração na oferta de crédito da economia.
Em 2007 inicia-se então a crise sub prime, com os preços dos imóveis caindo e o FED iniciando o ciclo de quedas de juros que vinham subindo desde 2004.

Com os juros altos, a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta. Com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.

Em agosto e setembro de 2008, a crise, acumulada desde 2007, chegou ao auge, com a estatização dos gigantes do mercado de empréstimos pessoais e hipotecas – a Federal National Mortgage Association (FNMA), conhecida como “Fannie Mae”, e a Federal Home Loan Mortgage Corporation (FHLMC), apelidada de “Freddie Mac” – que estavam quebradas.

Logo em seguida, veio o pedido de concordata do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers, com mais de 150 anos de existência e um dos pilares financeiros de Wall Street, e a venda, ao Bank of America, da corretora Merrill Lynch, uma das maiores do mundo.

A American International Group (AIG), maior seguradora americana, também sofreu o golpe com suas ações caindo 60% já na abertura do mercado.
Ao longo do dia, o Federal Reserve tentou convencer os bancos J. P. Morgan e Goldman Sachs a conceder um crédito de emergência de US$ 75 bilhões para ajudar a AIG. Enquanto isso, atrasadas como sempre, a Moody’s e a Standard & Poor’s rebaixavam a classificação dos créditos da empresa, em razão das expectativas de novos prejuízos na área de seguros de hipotecas.

Segundo o analista de negócios da BBC, Greg Wood, um possível fracasso na operação para salvar a AIG seria duas vezes pior do que a quebra do Lehman Brothers. No entanto, segundo o New York Times, a AIG conseguiria rapidamente a proteção necessária para evitar a falência.

Outras empresas também foram vítimas da crise Sub Prime. A General Motors (GM), gigante do setor automobilístico, pediu sua concordata em 2009 e foi resgatada pelo governo americano com um aporte de cerca de U$ 30 bilhões em troca de 60% de participação.

Para o Citigroup o pacote de ajuda foi de U$ 326 bilhões, dos quais U$ 20 bilhões alocados imediatamente.
Segundo os detalhes divulgados, o Tesouro Americano e a Corporação Federal de Seguros de Depósitos (FDIC, na sigla em inglês) disponibilizaram US$ 306 bilhões em garantias sobre os ativos “tóxicos” da entidade.
Os U$ 20 bilhões foram utilizados para a aquisição de ações preferenciais do grupo e warrants (direitos sobre ações) onde lhe é dada a opção de comprar novas ações no valor de U$ 2,7 bilhões.

Portanto, mais uma vez podemos perceber o quão frágil e imprevisível é o sistema financeiro e presenciar da forma mais visceral alguns instintos humanos, tais como o medo e a ganancia.