Terceira guerra mundial

Lisboa, Portugal 16/04/18
por Pedro Gonçalves

:. WW3

:. Missão cumprida

:. Época de resultados

:. Crescimento mundial sincronizado

:. Duas leituras possíveis

00:12 – WW3

Ninguém acreditava (seriamente) que a Terceira Guerra Mundial pudesse começar este fim de semana…

Fonte: CNN

No entanto, é impossível ignorar que o escalonamento das forças que apoiam e condenam o ataque parece saído de um filme de Hollywood.

Por ora, felizmente, existe alguma esperança que as hostilidades possam ficar por aqui.

01:03 – Missão cumprida

Resumindo: as forças aliadas dispararam 105 mísseis que visavam destruir três alvos específicos, onde os militares de Assad alegadamente produziram e guardaram as armas químicas usadas no dia 7 de abril em Douma, e Trump declarou: mission acomplished.

Sendo assim, o mercado volta a acreditar que, desde que os ataques aéreos não desemboquem numa intervenção militar direta, os russos não vão retaliar…

Veremos.

02:02 – Época de resultados

No exterior, as bolsas apresentam algum otimismo, ajustando-se aos ganhos importantes dos últimos dias e acompanhando a queda verificada no mercado das commodities.

Olhando para o futuro, a temporada de resultados volta a meter uma abaixo e esta semana aguardamos mais divulgações importantes…

No cômputo geral, a Thomson Reuters estima que os lucros das empresas S&P 500 tenham aumentando 18,6% no primeiro trimestre em relação há um ano – o maior aumento dos últimos sete anos.

Vale a pena lembrar que, com as expectativas tão altas, a probabilidade de surpresas negativas aumenta. Por isso, recomendamos muita cautela.

03:10 – Crescimento mundial sincronizado

A China, a segunda maior economia do mundo, irá divulgar a taxa de crescimento do PIB para o primeiro trimestre amanhã, com as previsões de mercado agrupadas em torno de um crescimento de 6,7%, a 6,8%.

Se confirmar este ritmo, a China conseguiu manter o seu ímpeto de crescimento a partir do final do ano passado, mesmo com os investidores preocupados com o risco de uma guerra comercial.

Este tipo de dados tende a ter pouco impacto no mercado, mas não deixa de ser um argumento em prol da narrativa de “crescimento mundial sincronizado”.

04:13 – Duas leituras possíveis

Por aqui, destaque para o Orçamento de Estado de 2018 onde a palavra de ordem foi prudência.

Depois de muita conversa de bastidores, Centeno deixou as contas públicas blindadas contra derrapagens na atividade económica, apesar dos apelos da esquerda para aumentar o gasto público…

Sendo assim, e caso não hajam surpresas negativas, o Estado muito dificilmente não atingirá as metas orçamentais.

Temos, assim, duas leituras possíveis:

De um lado, são boas notícias para a economia e a estabilidade financeira.

Por outro, continuamos à espera de reformas estruturais.

Meses atrás, defendi que o terceiro grande bull market do ouro a acontecer durante minha vida começou em dezembro de 2015. Na época, o preço do metal caiu a US$ 1.050 por onça, uma queda de 50% em relação à máxima e US$ 1.900 por onça, atingida em agosto de 2011 (tomando como base o preço de 1999: US$ 250/onça). O primeiro bull market ocorreu entre 1971 e 1980, quando o ouro subiu mais de 2.000%. O segundo, entre 1999 e 2011, período em que o preço do metal teve um aumento de mais de 700%. Até agora, neste terceiro bull market, o ouro subiu mais de 25%, e essa nova tendência de alta ainda tem muito chão pela frente. Pontos de inflexão de bull e bear markets de longo prazo nem sempre são aparentes no momento em que ocorrem. Preços baixos podem cair ainda mais, mesmo após uma recuperação. Por isso, pareceu sensato procurar evidências de que o preço de dezembro de 2015 era realmente a mínima. Tais provas vieram quando o metal subiu em 2016 e 2017, a primeira sequência de aumentos em anos consecutivos nos seus preços desde o período entre 2011 e 2012 (embora, na época, o ouro já estivesse abaixo da máxima intra-anual de agosto de 2011).

Há uma nova alta em 2018, considerando o acumulado do ano. Obviamente, a volatilidade do mercado continua, com ralis e drawdowns em intervalos de poucas semanas, mas a tendência de alta parece sólida em seu terceiro ano consecutivo. Este artigo oferece um resumo dos motivos do recente fortalecimento do ouro, dentre eles, a procura de portos-seguros por conta do recrudescimento das guerras comerciais e o
aumento das tensões políticas com a Coreia do Norte e com o Irã. Entre as razões do rali, também estão a forte demanda por ouro físico por parte da Rússia e da China e restrições de fornecimento pela comunidade de mineração, decorrentes do fechamento de minas e da redução da exploração após o colapso dos preços em 2013. Os americanos ainda não estão participando da festa. As vendas de moedas de ouro e de prata da Casa da Moeda dos Estados Unidos estão praticamente paradas. O resto do mundo, porém, desde Turquia a Irã e Coreia do Norte, está comprando o mais rápido que pode, como proteção contra a perda de confiança no dólar americano e contra as sanções econômicas dos EUA. O metal apresentou um forte desempenho frente aos obstáculos financeiros colocados pelas altas dos juros e reduções do balanço feitos pelo Fed. Esses ventos contrários se tornarão favoráveis no fim deste ano, quando o Fed perceber que exagerou no aperto monetário e for obrigado a reverter seu curso.

Quando chegar esse momento, o ouro vai disparar. Este pode ser o último excelente ponto de entrada no ouro, antes que o novo bull market realmente ganhe fôlego.