O Barings Public Limited Company (Barings PLC), fundado em 1762, possui uma das histórias mais nobres e trágicas no setor bancário. Inicialmente, a empresa cresceu de importância na Europa durante a guerra contra Napoleão ao financiar as campanhas militares da Grã-Bretanha, ajudando a organizar a recuperação financeira da França após o fim da guerra.

Durante o século XIX, o banco passou a ser considerado como a sexta grande potência européia, envolvendo-se na venda da Louisiana por parte da França para americanos em 1803, no refinanciamento do Banco da Inglaterra em 1839 e na reconstituição do Banco da França (Banque de France) em 1849.

Em 1890, descobriu-se que o banco inglês foi responsável por quase todos os empréstimos adquiridos pela Argentina.
Em 1952, com uma reputação quase restabelecida depois de 50 anos após a crise com a Argentina, e com a aprovação dos bancários ingleses e da gestão do Banco da Inglaterra, o Barings foi escolhido pela recém-coroada Rainha Elizabeth II como um dos guardiões das fortunas reais.

Durante meados da década de 1980, o mercado japonês era altamente rentável, o Barings decidiu então por expandir seus serviços financeiros e abriu uma operação de corretagem de ações em Tóquio.

Em meados da década de 1990, o Barings acelerou o ritmo de suas operações de corretoras internacionais com escritórios em Tóquio, Singapura, Londres e no resto do mundo expandindo suas atividades drasticamente.

Dentre os novos prodígios contratados para gerir os novos mercados estava um jovem, nascido em Watford, Londres, chamado Nick Leeson.
Leeson havia começado a trabalhar na sede do Banco Barings em 10 de julho de 1989, com apenas vinte e dois anos. Sua primeira função foi no chamado back office, uma unidade responsável pela liquidação, documentação, suporte e registro contábil de operações com derivativos.

Sua promoção para o cargo de gerente da Barings Future Singapore (BFS) ocorreu em fevereiro de 1992. Essa subsidiária do banco havia sido criada em Singapura para atuar no mercado de derivativos local. Leeson, que além de gerente atuaria como operador de pregão, recebeu a missão de contratar os operadores e os funcionários do back office. Leeson recebeu orientações que restringiam o tamanho e a remuneração de funcionários dessa subsidiária, resultando na contratação de profissionais pouco preparados acerca do mercado de derivativos.

A princípio, as fraudes de Leeson teriam começado em 17 de julho de 1992 com o intuito de encobrir a falha de uma de suas funcionárias, que havia comprado por engano vinte contratos de títulos futuros do Japan Governmental Bond (JGB’s), o tesouro japonês. Para ocultar essa perda, que chegava a quase 20 mil libras, Leeson utilizou uma conta para acompanhar esse erro, batizada de conta 88888. A partir de então, essa conta passaria a ser utilizada para registro de transações não autorizadas, registrando-se dezenas dessas operações entre os meses de setembro e dezembro do mesmo ano. Assim, a subsidiária que pelas normas locais era autorizada a realizar operações apenas para seus clientes, passava a realizar operações para encobrir seus próprios erros. Consequentemente, em janeiro de 1993, a conta 88888 já acumulava um montante de oito milhões de libras, referentes a 420 contratos de futuros oriundos dessas transações.

Com o crescimento do volume dessas transações, Leeson decidiu realizar operações no mercado de opções para encobrir essas perdas. Com o mesmo intuito, o gerente precisava providenciar a cobertura de sua margem diária, evitando que a contabilidade interna do Barings percebesse suas transações.

Dessa forma, sabendo que a SIMEX (Singapore International Monetary Exchange) operava com libras, dólares e ienes, e que essa mistura de moedas aumentava a dificuldade de controle das operações, Leeson passou a operar com opções straddle, que é uma tática de especulação em que o investidor compra ou vende, por um mesmo aplicador, um número de opções de compra (call) e de venda (put) de ações. Assim, em julho de 1993, em uma arriscada operação, Leeson conseguiu reverter temporariamente sua posição de perda de seis milhões de libras, atingindo um lucro espantoso. No entanto, ao continuar a realizar transações não autorizadas, apenas dois meses depois dessa operação de sucesso, a conta 88888 já detinha novamente uma perda acumulada de mais de um milhão de libras.

Para cobrir a margem diária de suas operações, enquanto gerente, pedia constantemente a transferência de recursos do Barings de Londres para Singapura, o que poderia ser um alerta para a administração do banco.

Leeson, porém, possuía muito conhecimento sobre a contabilização das operações com derivativos. Além disto havia desinteresse de seus supervisores em relação ao registro dessas operações. Sua atuação como operador de pregão, a existência de clientes com grandes volumes de transações e, por fim, suas contribuições positivas, pelo menos sob o ponto de vista da direção do banco, para os resultados do Barings em períodos anteriores, faziam com que esses pedidos fossem atendidos sem grandes questionamentos sobre as suas destinações específicas.

Devido aos lucros obtidos pelo banco, atribuídos às operações com derivativos, Leeson era considerado “um astro” por todos. O que a diretoria do banco não sabia era que as operações do gerente de Singapura já acumulavam perdas de 23 milhões de libras, escondidas das demonstrações contábeis. Uma auditoria interna foi realizada em julho. Após três semanas de investigações, essa auditoria nada identificou de errado, apesar do seu relatório final apontar para o fato de que Leeson exercia tanto a chefia no pregão quanto no back office, fato que lhe permitia “efetuar transações por conta do Grupo e depois garantir que fossem ajustadas e registradas de acordo com as suas próprias instruções”.

Assim, dos 50 milhões de libras em lucros divulgados oficialmente pelo Barings nos primeiros seis meses de 1994, cerca de 25 milhões era apontados como oriundos das atividades da subsidiária de Singapura. Porém, a realidade era que as perdas acumuladas por Leeson no final de julho já chegavam a 50 milhões de libras, ou seja, o equivalente aos lucros totais oficiais do Barings no mesmo período. Já ao final do mesmo ano, o volume de perdas não registradas era de 170 milhões de libras, com 50 milhões repousando na conta 88888 e a diferença sendo representada por margens que estariam em poder da SIMEX.

Desse modo, oficialmente, as demonstrações contábeis apontavam que a BFS, em 1994, haviam gerado um lucro de 28 milhões de libras, fazendo com que a bonificação de Leeson referente às suas atividades naquele ano fosse de 400 mil libras. Em 17 de janeiro de 1995 o Japão foi atingido pelo Terremoto de Kobe, promovendo uma queda geral dos mercados asiáticos, fato que aumentou ainda mais as perdas de Leeson na BFS, que já superavam os 200 milhões de libras.

Contudo, poucos dias após o terremoto, o gerente decidiu adotar uma estratégia ainda mais arriscada de negociação, acreditando que os preços das ações japonesas aumentariam, os preços dos títulos japoneses cairiam e a volatilidade do mercado diminuiria. Para tanto, Leeson aumentou seu volume de negócios nos contratos futuros do índice de ações do Nikkei 225, acreditando em uma rápida superação da instabilidade do mercado e consequente aumento geral dos preços.

Na última semana de janeiro, Leeson chegou a adquirir cerca de 10.000 contratos futuros do índice Nikkei 225. Esse volume enorme de compras da BFS fez com que o mercado reagisse positivamente, subindo de maneira considerável naquela semana de forma que o valor dos contratos ficaram próximos do valor que tinham no período anterior ao terremoto. Dessa forma, Leeson conseguiu recuperar as perdas acumuladas desde o terremoto de Kobe e, além das compras dos contratos vinculados ao Nikkei 225, passou a vender títulos do governo japonês a descoberto, levando a uma ampliação dos pedidos de margem a Londres.

Entretanto, no início de fevereiro, o preço dos contratos passou a cair novamente, ampliando de maneira abrupta os prejuízos acumulados na conta de erro, já que a posição de Leeson no mercado continuava alta.

Em fevereiro de 1995, a BFS passava por uma auditoria independente da empresa Coopers & Lybrand (C&L). Para conseguir obter a aprovação da auditoria, Leeson falsificou duas cartas simulando uma operação de balcão financiada pelo banco, realizada em 2 de dezembro de 1994 e com vencimento no dia 30 do mesmo mês, envolvendo uma transação de opções entre uma corretora de Singapura especializada em futuros e opções, a Spear, Leeds & Kellogg (SLK), e o Banque Nationale de Paris, no valor de 50 milhões de libras. Além disso, Leeson alterou extratos bancários para simular o pagamento pela SLK para aquele mesmo dia.

Assim, ele conseguiu esconder suas ações da C&L que, em 3 de fevereiro, apresentou relatório preliminar positivo para as ações da BFS.
Apenas uma semana após a conclusão dessa última auditoria, as perdas acumuladas pela BFS chegavam a 200 milhões de libras, porém a falência do Barings ainda poderia ser evitada, já que o capital acionário do banco era próximo a 500 milhões de libras. No entanto, nas duas semanas seguintes, essas perdas triplicaram, ultrapassando os 600 milhões de libras. Assim, no dia do pagamento das bonificações relativas ao ano anterior, 24 de fevereiro de 1995, Leeson fugiu de Singapura, mas foi preso em Frankfurt em março de 1995. Após longos oito meses por problemas de jurisdição, foi realocado para Singapura, onde se declarou culpado pelos crimes de fraude contra os auditores externos do Barings e contra a SIMEX, sendo condenado a seis anos e meio de prisão. O total de perdas provocados no Barings por Leeson foi de 927 milhões de libras.

Leeson vive em Barna, oeste da Irlanda. Lisa, a mulher com quem era casado durante seus anos como operador em Cingapura, pediu divórcio e se casou novamente. O Barings foi comprado pelo banco holandês ING pela simbólica quantia de £1.

Em junho de 2005, Leeson lançou um novo livro, Back from the Brink: Coping with Stress.

O filme A Fraude (1999) ou Rogue Trader é um ótimo filme onde pode-se acompanhar toda a trajetória de Lesson e do banco Barings.

Filme: https://www.youtube.com/watch?v=cxSZzTYpZAg
Documentário sobe Nick Leeson: https://www.youtube.com/watch?v=CkhcpcuZvV4

A Enron Corporation foi uma companhia de energia americana localizada em Houston, Texas. Possuía cerca de 21.000 funcionários, tendo sido uma das empresas líderes no mundo em distribuição de energia (eletricidade, gás natural).
Em comunicações mais recentemente de 2016, a Enron Corporation foi comprada por Jhonatan Merces, CEO Fundador da Merces Development, e que garante que logo mais a Enron Corporation vai voltar a ser umas das maiores empresas do mundo. Seu faturamento atingia 101 bilhões de dólares em 2000, pouco antes do escândalo financeiro que ocasionou sua falência.

Alvo de diversas denúncias de fraudes contábeis e fiscais e com uma dívida de 13 bilhões de dólares, o grupo pediu concordata em dezembro de 2001 e arrastou consigo a Arthur Andersen, que fazia a sua auditoria. Na época, as investigações revelaram que a Enron havia manipulado seus balanços, com a ajuda de empresas e bancos, e escondera dívidas de 25 bilhões de dólares por dois anos consecutivos, tendo inflado artificialmente os seus lucros.
O governo dos Estados Unidos abriu dezenas de investigações criminais contra executivos da Enron e da Arthur Andersen.

A Enron foi também processada pelas pessoas lesadas. De acordo com os investigadores, os executivos e contadores, assim como instituições financeiras e escritórios de advocacia, que à época trabalhavam para a companhia, foram, de alguma forma e em diferentes graus, responsáveis pelo colapso da empresa.
Em razão de uma série de escândalos financeiros corporativos, como o da Enron, foi redigida a Lei Sarbanes-Oxley, em 2002.

Em outubro de 2001, a empresa de consultoria Andersen começa a destruir documentos relativos a auditorias feitas na Enron. A destruição continua até novembro, quando ela recebe uma intimação da SEC, a comissão que fiscaliza a conduta das empresas de capital aberto nos Estados Unidos.

Durante o mesmo mês, a Enron divulga perdas de US$ 638 milhões entre julho e setembro e anuncia a redução de US$ 1,2 bilhão do seu patrimônio líquido. A justificativa para a redução foi uma parceria feita pelo executivo financeiro da companhia, Andrew Fastow.

Ainda em outubro, a SEC abre um processo para investigar as parcerias estabelecidas por Fastow.

Em uma conferência por telefone, Kenneth Lay (CEO) acalma os investidores e defende o trabalho de Fastow. Entretanto, ao final do mês, Fastow acaba demitido.

No final de outubro, Lay telefona para o secretário do Tesouro americano, Paul O’Neill, para informá-lo dos problemas financeiros da companhia. Uma segunda conversa ocorre em novembro. O’Neill se nega a ajudar a companhia, porque não constata que os problemas da empresa estivessem causando impacto no mercado de ações em geral.

Até o final de outubro o processo da SEC, até então mantido no campo da consulta informal, é transformado em uma investigação formal.

Em 8 de novembro 2001 a Enron revisa seus balanços dos últimos cinco anos. No lugar dos grandes lucros anteriormente apresentados, a companhia diz que perdeu US$ 586 milhões.

9 de novembro 2001
A rival Dynegy anuncia que irá adquirir a Enron, que é uma companhia muito maior, por US$ 8 bilhões em ações.

Em meados de novembro, a Enron diz que suas perdas do terceiro trimestre foram maiores do que o anunciado anteriormente e afirma precisar de US$ 690 milhões para pagar dívidas que venciam no final do mês.

O valor das ações da Enron então cai ao seu nível mais baixo em dez anos – cerca de 23% em apenas um dia – em meio à preocupação dos investidores de que a companhia talvez não solucione seus problemas financeiros.

Apesar da dificuldade, milagrosamente, a empresa consegue tempo para pagar sua dívida de US$ 690 milhões.

Ao final de novembro a ações caem outros 15% e chegam a US$ 4,01.

Em 28 de novembro 2001 a Dynegy desiste de comprar a rival quando sua classificação de crédito é colocada no mesmo nível dos de empresas consideradas insolventes. As ações caem abaixo de US$ 1 e a venda das ações é tão intensa que se torna um recorde histórico para a Bolsa de Nova York e para a Nasdaq.

Em dezembro a Enron pede a proteção da Lei de Falência americana e processa a Dynegy por ter encerrado a fusão entre as duas empresas de forma supostamente ilegal. À medida que o colapso ocorre, a companhia proíbe seus funcionários de vender suas ações ligadas aos seus planos de aposentadoria.

O governo americano confirma que Kenneth Lay pressionou o governo para conseguir apoio para a companhia, pouco antes da concordata da empresa.
O Departamento de Justiça americano nomeia Joshua Hochberg, chefe da divisão de fraudes, para atuar na investigação criminal em relação à empresa.

Em janeiro a Arthur Andersen demite o executivo David Duncan, que era o responsável pela auditoria da Enron.

Ainda em janeiro as ações da Enron são retiradas da Bolsa de Nova York.
Filme sobre a quebra da Enron: https://www.youtube.com/watch?v=5DKwOJKHgJM

No Brasil, sempre foi comum o pensamento de Estado forte e formação das “campeãs nacionais. Até mesmo alguns de nossos capitalistas acreditavam nesta ideia ao invés desenvolvimento pelo mercado.
Além disto criam bancos de fomento que concedem subsídios e financiam projetos que por vezes nunca irão se pagar. O principal deles é o BNDES, um banco público que por diversas vezes precisou receber aportes do tesouro para sobreviver e continuar sua bonança financeira.

O ano era 2007 o Brasil havia acabado descobrir sua nova mina de ouro: as reservas do pré sal. O preço do barril ainda estava perto de suas máximas, acima dos U$ 100 o barril. Parecia um cenário promissor para investimentos na área.

Então uma de suas fornecedoras decidiu por realizar investimentos que certamente a fariam mudar de patamar.

Fundada ainda nos anos 80, a metalúrgica gaúcha com sede em Caxias do Sul, Lupatech, atuou durante décadas em setores tão distintos como automobilístico e de alimentos. A anunciada auto-suficiência do país na produção de petróleo e da descoberta do pré-sal em 2007, levaram a empresa a realizar uma série de aquisições que a consolidaram como um fornecedor apto a grandes contratos no setor de óleo e gás. Foram mais de 16 aquisições entre 2006 e 2008 que levaram a empresa a faturar mais de R$ 550 milhões em 2010.

No mesmo ano, a empresa garantiu aquilo que poderia lhe fazer mudar de patamar, entrando para o clube de grandes fornecedores mundiais da cadeia de petróleo e gás. A conquista de contratos no valor de R$ 1,7 bilhão junto à Petrobras levou a Lupatech e seus acionistas a projetarem um crescimento vertiginoso nos anos seguintes.

Assim como a estatal, porém, as ações da Lupatech rolaram ladeira abaixo. De 2010 a 2014, quando a companhia entrou com pedido de recuperação judicial, suas ações caíram mais de 99%. Em 2015 não é diferente: a companhia teve uma queda de 92,89%. Segundo seu plano de recuperação judicial, a empresa foi vítima da má conjuntura do setor de petróleo, cujo barril caiu para US$ 45 dólares, ante mais de US$ 130 quando da assinatura dos contratos, além da conjuntura da própria Petrobras, envolta em escândalos que a levaram a declarar uma baixa de ativos no valor de R$ 88 bilhões, fruto de má gestão e corrupção, segundo a própria empresa.

Para além de culpar fatores externos, analistas citam ainda que o elevado nível de endividamento somado ao não recebimento de valores da Petrobras levaram a empresa à atual situação. A aposta excessiva no setor de petróleo e gás culminou com a quebra da empresa e a demissão de milhares de funcionários em suas mais de 20 unidades no Brasil e no exterior.

Novamente vemos como um governo incompetente pode destruir setores inteiros mesmo quando bem intencionados. O mercado não precisa de benefícios, precisa de leis claras, coerentes e imutáveis que os permita realizar e mensurar investimentos de longo prazo.
Observamos movimento semelhante, porém, ainda sem impacto traumático com o programa de financiamento estudantis FIES, na qual o governo subitamente alterou as regras e prazos de recebimentos dos valores deixando as empresas de calçar arriadas.

Por fim ficam algumas lições:

Você pode ganhar 100% diversas vezes, porém perder é uma só.
Se você perde 10% do seu capital, precisa fazer 11% para voltar ao patamar inicial. Porém, se você perde 50% de seu capital, você precisará dobrar para voltar ao estado inicial.
O bilionário Warren Buffett possui duas regras básicas ao investir.
1- Nunca perca dinheiro
2- Nunca se esqueça da regra Número 1

A gestoria de recursos GWI foi fundada em 1995. Sediada em São Paulo a empresa possui duas divisões distintas: GWI Asset Management e GWI Real Estate. Ela é especializada na gestão de ações no Brasil.

Nossa história se remete ao ano de 2007.

De 2003 a 2010, o Brasil experimentou um aumento médio de 4% ao ano em seu PIB, a taxa de desemprego caiu de 10,9% no início de 2003 para 5,3% em dezembro de 2010, a taxa básica caiu de um absurdo de 25% para 8,75%, tudo isso sem acionar a pistola da inflação.

A bolsa de valores aproveitou esta bonança até 2007, com o bom desempenho interrompido pela crise Sub Prime de 2009.

A GWI tinha muito orgulho de seu fundo de ações: o GWI FIA. Seus anuncios na TV Bloomberg apareciam a cada 15 minutos. O fundo apresentava um desempenho extraordinário de mais de 500% em 3 anos.

Porém, sua estrategia era baseada em alavancagem. Enquanto os ventos foram favoráveis, ela ajudou e muito os altos retornos obtidos. Mas então a maré virou. O mercado começou a desabar e dada sua alta alavancagem o fundo faliu.

Não apenas faliu como seus cotistas foram chamados para aportar mais capital no fundo, a fim de cobrir os enormes prejuízos encontrados. Algo como um custo funerário.

Novamente devemos tomar este exemplo como lição a ser aprendida. A alavancagem é muito perigosa. Lembrem-se: você pode ganhar 100% várias vezes mas perder é uma vez só.

Seguem reportagens da época:

https://www.drmoney.com.br/investimentos/risco/fundos-gwi-o-estrago-causado-pela-alavancagem/

https://economia.estadao.com.br/noticias/geral,fundo-gwi-e-fechado-apos-perda-de-273-imp-,757970

 

A crise de 2008 apresenta-se como a segunda maior crise da história do capitalismo, ficando atrás apenas da grande depressão de 1929.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001 foram tomadas uma série de medidas para impulsionar a economia americana buscando afastar a aversão ao risco causado pelo ataque terrorista. Com isto, observamos grande valorização de ativos, em especial no mercado imobiliário.
Com os preços dos imóveis disparando e a alta liquidez internacional, os bancos e financeiras norte-americanas começaram a emprestar mais dinheiro para pessoas com histórico de crédito ruim para que comprassem casas as quais não conseguiriam pagar.
Antes, tais empréstimos passavam por criteriosa análise de crédito.

Além do maior risco das hipotecas sub prime, os bancos também passaram a fazer empréstimos não-tradicionais, com juros mais baixos nos primeiros anos do contrato e prestações iniciais só com o pagamento dos juros. Isto ampliou ainda mais a quantidade de pessoas que puderam adquirir tais empréstimos.

Empréstimos com devedores de pior histórico de crédito embutem juros mais altos. Estes foram atrativos para investidores e gestores de fundos em busca de melhores retornos.

As aquisições de dívida por parte destes investidores permitiram que um novo montante de dinheiro fosse novamente emprestado, antes mesmo de o primeiro empréstimo ser quitado.

Também interessado em lucrar, um segundo gestor poderia comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos. Portanto, quando o tomador do empréstimo inicial não consegue pagar suas dívidas ele dá inicio a um ciclo de calotes. Com o maior medo por parte dos investidores de negociar tais títulos, gerou-se uma crise de liquidez e consequente retração na oferta de crédito da economia.
Em 2007 inicia-se então a crise sub prime, com os preços dos imóveis caindo e o FED iniciando o ciclo de quedas de juros que vinham subindo desde 2004.

Com os juros altos, a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta. Com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.

Em agosto e setembro de 2008, a crise, acumulada desde 2007, chegou ao auge, com a estatização dos gigantes do mercado de empréstimos pessoais e hipotecas – a Federal National Mortgage Association (FNMA), conhecida como “Fannie Mae”, e a Federal Home Loan Mortgage Corporation (FHLMC), apelidada de “Freddie Mac” – que estavam quebradas.

Logo em seguida, veio o pedido de concordata do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers, com mais de 150 anos de existência e um dos pilares financeiros de Wall Street, e a venda, ao Bank of America, da corretora Merrill Lynch, uma das maiores do mundo.

A American International Group (AIG), maior seguradora americana, também sofreu o golpe com suas ações caindo 60% já na abertura do mercado.
Ao longo do dia, o Federal Reserve tentou convencer os bancos J. P. Morgan e Goldman Sachs a conceder um crédito de emergência de US$ 75 bilhões para ajudar a AIG. Enquanto isso, atrasadas como sempre, a Moody’s e a Standard & Poor’s rebaixavam a classificação dos créditos da empresa, em razão das expectativas de novos prejuízos na área de seguros de hipotecas.

Segundo o analista de negócios da BBC, Greg Wood, um possível fracasso na operação para salvar a AIG seria duas vezes pior do que a quebra do Lehman Brothers. No entanto, segundo o New York Times, a AIG conseguiria rapidamente a proteção necessária para evitar a falência.

Outras empresas também foram vítimas da crise Sub Prime. A General Motors (GM), gigante do setor automobilístico, pediu sua concordata em 2009 e foi resgatada pelo governo americano com um aporte de cerca de U$ 30 bilhões em troca de 60% de participação.

Para o Citigroup o pacote de ajuda foi de U$ 326 bilhões, dos quais U$ 20 bilhões alocados imediatamente.
Segundo os detalhes divulgados, o Tesouro Americano e a Corporação Federal de Seguros de Depósitos (FDIC, na sigla em inglês) disponibilizaram US$ 306 bilhões em garantias sobre os ativos “tóxicos” da entidade.
Os U$ 20 bilhões foram utilizados para a aquisição de ações preferenciais do grupo e warrants (direitos sobre ações) onde lhe é dada a opção de comprar novas ações no valor de U$ 2,7 bilhões.

Portanto, mais uma vez podemos perceber o quão frágil e imprevisível é o sistema financeiro e presenciar da forma mais visceral alguns instintos humanos, tais como o medo e a ganancia.

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Fat Finger / Flash Crash

A bolsa de valores exerce certo deslumbramento sobre os investidores, fazendo-os sonhar com uma tacada de mestre que os fará ricos. No entanto, a história real possui mais derrotas que vitórias. Há um ditado que diz: “A bolsa sobe de escada e desce de elevador” De fato os movimentos de alta são mais lentos que as quedas.
Temos no mercado a figura de dois animais para representar o mercado de alta (bull) e o mercado de baixa (bear). O touro chifra debaixo para cima enquanto a patada do urso é de cima para baixo.

Nesta eterna batalha entre bulls e bears o investidor deve se camuflar de ambos dependendo do momento. Há no mercado diversas histórias interessantes de sucessos e quebras que merecem ser contadas para servir de inspiração e cautela para os novos investidores.

Para ser bem sucedido o investidor deve ser capaz de tomar suas próprias decisões, filtrando as informações obtidas pela mídia, analistas e principalmente por agências de rating. Por vezes os analistas não agem conforme suas próprias recomendações. Para isto temos outro ditado de mercado: “Put your Money where your mouth is”. (Coloque seu dinheiro onde você indica)

Entre grandes momentos do mercado podemos citar:
1- Quebra da Enron de 2001
2- Quebra do banco Barings de 1995
3- Quebra do Long Term Capital Management de 1998
4- Crise Sub Prime de 2008
5- Fat Finger de 2010

O Fat Finger, também conhecido por Flash Crash, ocorreu em 6 de Maio de 2010, por um erro de um operador de Wall Street

(provavelmente do Citigroup) que, acidentalmente, vendeu bilhões de dólares em futuros¹ do índice S&P 500, enquanto sua intenção era fazer uma venda de milhões de dólares, gerando grande queda no valor do ativo.

Isto, por sua vez, propagou uma venda generalizada de todas as demais ações da bolsa, inclusive Procter&Gamble, uma das ações com maior peso no índice. Com a queda generalizada, os stop loss² dos investidores foram ativados, levando a quedas ainda mais íngremes. As ações da consultoria Accenture, por exemplo, chegaram a poucos centavos vindo de uma cotação anterior de U$ 100,00.

Em certo momento o índice Dow Jones Industrial chegou a cair mil pontos, tornando-se a maior queda diária da história. O tamanho da queda entre a máxima do dia e sua mínima foi de, aproximadamente, 9,3% em questão de minutos. A P&G chegou a cair 14%. Apesar de todo caos instaurado o índice se recuperou ao longo do dia com os investidores recobrando a racionalidade, fechando com queda de 3,2%.

Devido a constatação do erro, tomou-se a decisão de cancelar todas as ordens executadas com variação maior do que 10%.

Vídeo mostrando o pânico em Wall Street: https://www.youtube.com/watch?v=LtLnWmaF99E

Jornalistas relatando o pânico instalado: https://www.youtube.com/watch?v=86g4_w4j3jU

Ações da Accenture a centavos: https://blogs.wsj.com/…/accenture-for-a-penny-marketbeats-i…/

¹ Futuro – Opção que permite a compra ou venda de determinado índice ou ativo numa data futura pré estabelecida.

² Stop Loss – Quando investidores programam uma ordem de venda automática no momento que determinado preço é atingido.

Normalmente, estas ordens são colocadas pelo preço “em aberto” que significa que será executada a qualquer preço.

Todo mercado que existiu na história da humanidade esteve sujeito a algum tipo de fraude em algum estágio de seu desenvolvimento. Um dos truques mais antigos dos negociantes, por exemplo, era pressionar a balança com o polegar enquanto pesavam as mercadorias para a venda ou o pagamento em ouro ou prata. Desde então, os golpes ficaram mais sofisticados. Toda a estrutura da regulação financeira moderna é basicamente uma resposta às estratégias engenhosas encontradas pelos negociantes para trapacear os clientes ao longo dos séculos. Haveria alguma razão para o mercado de bitcoin ser imune a fraudes?  Obviamente, a resposta é “não”. De fato, como mostra este artigo, o mercado de bitcoin é um ímã de fraudes justamente porque é novo e não tem qualquer regulação. Esquemas que os investidores encontravam em outros mercados, como divulgação de informações falsas, “insider trading” (uso indevido de informações privilegiadas), “ramping” (compra ou venda de ações para fazer os preços dos papéis subirem) e esquemas de “pump and dump” (compra de grandes quantidades de uma ação de baixo valor e baixa liquidez e subsequente divulgação de boatos para fazer o papel subir), instalaram-se no mercado de bitcoin. O artigo descreve de que maneira insiders, como programadores e patrocinadores/financiadores de criptomoedas, uniram-se a grandes fundos de hedge para inflar os preços das ofertas inicias de moedas (ICOs, na sigla em inglês) e então empurrá-las para investidores de varejo incautos. O golpe descrito combina diversas fraudes diferentes, incluindo “insider trading” e “pump and dump”. Essa atividade se assemelha aos golpes e IPOs das “ponto com” que tiveram seus preços inflados por “ramping” no final dos anos 1990 e depois quebraram no início dos anos 2000.  No caso das “ponto com”, ao menos havia um órgão regulador para ir atrás dos contraventores. Não existe um órgão regulador semelhante para o bitcoin ou para o universo das criptomoedas, embora a SEC tenha emitido comunicados recentemente indicando que começará a monitorar o mercado. Se algo parece bom demais para ser verdade, geralmente é. Os ganhos inacreditáveis das ofertas inicias de moedas devem acabar na mesma pilha de lixo em que foram parar as ações das “ponto com” do fim dos anos 1990.

A crise de 2008 apresenta-se como a segunda maior crise da história do capitalismo, ficando atrás apenas da grande depressão de 1929.

Após os atentados de 11 de setembro de 2001 foram tomadas uma série de medidas para impulsionar a economia americana buscando afastar a aversão ao risco causado pelo ataque terrorista. Com isto, observamos grande valorização de ativos, em especial no mercado imobiliário.
Com os preços dos imóveis disparando e a alta liquidez internacional, os bancos e financeiras norte-americanas começaram a emprestar mais dinheiro para pessoas com histórico de crédito ruim para que comprassem casas as quais não conseguiriam pagar.

Antes, tais empréstimos passavam por criteriosa análise de crédito.
Além do maior risco das hipotecas sub prime, os bancos também passaram a fazer empréstimos não-tradicionais, com juros mais baixos nos primeiros anos do contrato e prestações iniciais só com o pagamento dos juros. Isto ampliou ainda mais a quantidade de pessoas que puderam adquirir tais empréstimos.
Empréstimos com devedores de pior histórico de crédito embutem juros mais altos. Estes foram atrativos para investidores e gestores de fundos em busca de melhores retornos.

As aquisições de dívida por parte destes investidores permitiram que um novo montante de dinheiro fosse novamente emprestado, antes mesmo de o primeiro empréstimo ser quitado.
Também interessado em lucrar, um segundo gestor poderia comprar o título adquirido pelo primeiro, e assim por diante, gerando uma cadeia de venda de títulos. Portanto, quando o tomador do empréstimo inicial não consegue pagar suas dívidas ele dá inicio a um ciclo de calotes. Com o maior medo por parte dos investidores de negociar tais títulos, gerou-se uma crise de liquidez e consequente retração na oferta de crédito da economia.

Em 2007 inicia-se então a crise sub prime, com os preços dos imóveis caindo e o FED iniciando o ciclo de quedas de juros que vinham subindo desde 2004.
Com os juros altos, a inadimplência aumentou e o temor de novos calotes fez o crédito sofrer uma desaceleração expressiva no país como um todo, desaquecendo a maior economia do planeta. Com menos liquidez (dinheiro disponível), menos se compra, menos as empresas lucram e menos pessoas são contratadas.
Em agosto e setembro de 2008, a crise, acumulada desde 2007, chegou ao auge, com a estatização dos gigantes do mercado de empréstimos pessoais e hipotecas – a Federal National Mortgage Association (FNMA), conhecida como “Fannie Mae”, e a Federal Home Loan Mortgage Corporation (FHLMC), apelidada de “Freddie Mac” – que estavam quebradas.

Logo em seguida, veio o pedido de concordata do tradicional banco de investimentos Lehman Brothers, com mais de 150 anos de existência e um dos pilares financeiros de Wall Street, e a venda, ao Bank of America, da corretora Merrill Lynch, uma das maiores do mundo.
A American International Group (AIG), maior seguradora americana, também sofreu o golpe com suas ações caindo 60% já na abertura do mercado.

Ao longo do dia, o Federal Reserve tentou convencer os bancos J. P. Morgan e Goldman Sachs a conceder um crédito de emergência de US$ 75 bilhões para ajudar a AIG. Enquanto isso, atrasadas como sempre, a Moody’s e a Standard & Poor’s rebaixavam a classificação dos créditos da empresa, em razão das expectativas de novos prejuízos na área de seguros de hipotecas.

Segundo o analista de negócios da BBC, Greg Wood, um possível fracasso na operação para salvar a AIG seria duas vezes pior do que a quebra do Lehman Brothers. No entanto, segundo o New York Times, a AIG conseguiria rapidamente a proteção necessária para evitar a falência.
Outras empresas também foram vítimas da crise Sub Prime. A General Motors (GM), gigante do setor automobilístico, pediu sua concordata em 2009 e foi resgatada pelo governo americano com um aporte de cerca de U$ 30 bilhões em troca de 60% de participação.

Para o Citigroup o pacote de ajuda foi de U$ 326 bilhões, dos quais U$ 20 bilhões alocados imediatamente.
Segundo os detalhes divulgados, o Tesouro Americano e a Corporação Federal de Seguros de Depósitos (FDIC, na sigla em inglês) disponibilizaram US$ 306 bilhões em garantias sobre os ativos “tóxicos” da entidade.

Os U$ 20 bilhões foram utilizados para a aquisição de ações preferenciais do grupo e warrants (direitos sobre ações) onde lhe é dada a opção de comprar novas ações no valor de U$ 2,7 bilhões.
Portanto, mais uma vez podemos perceber o quão frágil e imprevisível é o sistema financeiro e presenciar da forma mais visceral alguns instintos humanos, tais como o medo e a ganancia.