Após subir forte no começo da semana passada, a Bolsa devolveu um pouco dos ganhos e fechou em alta de 1,84%. Em meio a dados econômicos mistos, o campo político também chamou a atenção, com destaque para a declaração do atual ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho, que tocou em um assunto que é tabu no Brasil. Quando questionado no programa “Roda Viva” sobre a privatização da Petrobras, o ministro respondeu que uma privatização seria o provável caminho a ser tomado. Não à toa, o mercado entrou em modo de euforia no dia seguinte à declaração — Petrobras (PETR4) subiu 3,7%. A companhia, que sofre há décadas com problemas de ineficiência, aumento da dívida, corrupção e uma péssima política de preços de combustíveis, parece estar cada vez mais em linha com as melhores práticas de governança e gestão. Desde o início do governo Temer, a estatal, que hoje é presidida por Pedro Parente, exministro de FHC, tem uma cara bem diferente da deixada pela ex-presidente Dilma (tchau, querida!). Com uma administração pró-mercado, Parente conseguiu reverter o cenário catastrófico da Petrobras, que já no primeiro trimestre de 2017 apresentou um Ebitda recorde. A Direto ao Ponto A recomendação para a semana é manter as posições e esperar um pouco mais de definição do mercado. Às vezes, a melhor coisa a se fazer é não fazer nada. 15 3 continuar dessa forma, a companhia pode voltar a pagar dividendos aos acionistas, fato que não ocorre desde 2014. É claro o objetivo do governo de diminuir a participação nas estatais brasileiras, mas aprovar uma privatização da Petrobras em meio ao atual cenário é tarefa quase impossível e provocaria um imenso desgaste político. Há poucos dias, vimos como foi custoso ao governo Temer toda a questão do leilão das usinas da Cemig — uma corja de políticos mineiros lutou com unhas e dentes para manter a histórica fonte de cargos e indicações políticas. Mesmo que a agenda de privatizações esteja andando, o governo tem cada vez menos capital político para gastar e, com isso, está cada vez mais difícil aprovar a reforma da Previdência, uma das mais importantes e urgentes. O atual ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, já mudou seu discurso e prevê a aprovação da reforma da Previdência para novembro. Nos meses anteriores, o ministro vinha afirmando que o texto seria aprovado já em outubro. A verdade mesmo é que já começamos a trabalhar com a hipótese de que esse será um abacaxi a ser descascado pelo próximo presidente — vai ser no mínimo interessante saber como os presidenciáveis vão endereçar a questão durante a campanha. Ainda no campo político-econômico, o Senado aprovou a MP do Refis, permitindo o parcelamento de dívidas de empresas e pessoas físicas com a União. O modo como o texto passou não agradou à equipe econômica, que vem tentando aumentar a arrecadação de todas as maneiras para fechar o ano dentro da meta (que já foi revisada). Olhando para os indicadores, encerramos a semana com um sentimento agridoce — algumas coisas vieram boas, outras nem tanto. Bem em linha com o que esperamos de uma recuperação lenta e gradual depois da maior crise econômica da história “destepaiz”. No campo econômico, dados da Markit mostraram um PMI de 50,9 em setembro, repetindo o desempenho de agosto. O índice é peça-chave para medir negócios e a condição da economia — quando acima de 50, representa expansão na produção de bens manufaturados. 15 4 Na terça-feira da semana passada, o IBGE divulgou dados da produção industrial abaixo da expectativa. Os números indicaram queda de 0,80% em agosto na comparação com o mês anterior e crescimento de 4% na comparação de agosto de 2017 com o mesmo período em 2016. Apesar de vir abaixo da expectativa, os dados não revertem a tendência da indústria que, mesmo a passos de tartaruga, vem apresentando crescimento. Na quinta-feira (5), a Anfavea divulgou os dados da produção de veículos e confirmou o movimento de retomada do setor automotivo. A produção no mês somou quase 237 mil novos veículos no mês de setembro (evolução de 39% na comparação anual). Não é por menos que nossa posição em Marcopolo vem subindo semana a semana. O setor, que andou de ré por mais de dois anos, finalmente mostra retomada em todos os segmentos de veículos. A inflação, mesmo que ainda abaixo da meta, apresentou uma aceleração e causou uma espécie de susto no mercado (cachorro que foi picado por cobra tem medo até de linguiça). Dados do IPCA superaram a expectativa (0,09%) e mostraram alta de 0,16% em setembro. No acumulado de 12 meses, saiu de 2,46% para 2,54%. Apesar da surpresa, ainda não vemos motivos para que o Banco Central mude seu discurso de redução moderada da Selic. O que estamos vendo é uma redução nas expectativas mais otimistas — Selic muito abaixo dos 7% não parece factível, ao menos por enquanto. Ainda trabalhamos com o cenário de “escadinha”, ou seja, reduções de 75 bps, 50 bps e 25 bps nas três próximas reuniões do Copom, o que levaria a taxa a 6,75% no fim do ano. No cenário externo, a escolha do próximo presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) e a redução do ritmo de compras pelo Banco Central Europeu (BCE) vem movimentando o mercado e causando apreensão. Nos EUA, Donald Trump continua sem grandes conquistas no Congresso. Nas eleições de 2017, ele prometeu uma política fiscal expansionista e menos regulação no mercado, o que permitiria trazer a volta do emprego para a população americana e fazer a América “Great Again”. 15 5 O problema é que, desde a crise de 2008, os Estados Unidos adotaram uma política monetária extremamente expansionista, o que levou a um aumento significativo da dívida pública e do balanço do Fed. A atual presidente da instituição, Janet Yellen, que comandou o maior banco central do mundo com uma postura cautelosa e previsível, vem mudando seu discurso e indicando que os EUA devem subir os juros básicos em mais 25 bps ainda este ano. Será que a pomba virou falcão? Mas o ponto é que no começo do próximo ano a “vovozinha” se aposenta e Trump precisará indicar um novo presidente para o Fed. É aí que mora o perigo. O Brasil, por se tratar de um país emergente com problemas fiscais, fica muito mais suscetível a essas mudanças. Um candidato menos ponderado — que poderia subir os juros em um ritmo mais rápido, pode levar a uma desvalorização da nossa taxa de câmbio, que, após forte ajuste em 2015, tem ficado comportada e não gera pressão inflacionária. Dentre as características que Trump procura em um candidato, estão um discurso gradual de alta nos juros e uma redução das amarras do sistema financeiro, que teve sua regulação mais restrita logo após a crise de 2008. É uma ótima combinação para a economia brasileira, mas pode trazer grandes problema futuros para a economia mundial. Na Europa, o banco central vem discutindo a redução do programa de ativos. O BCE deixou claro que a redução será gradual, o que deve manter a liquidez por mais algum tempo e dá ao governo brasileiro mais uma oportunidade de consolidar a questão fiscal — com menos volatilidade no câmbio, temos uma inflação futura menos pressionada por mudanças na política monetária externa. Um eventual desarranjo nos EUA e/ou na Europa poderia gerar forte desvalorização cambial para moedas emergentes (Brasil inclusive). Nesse cenário, uma das primeiras medidas do Banco Central (ainda mais um conservador como o atual) seria apertar a política monetária (subir juros), o que colocaria nossos planos de crescimento em modo de espera. 15 6 Mas o que temos pela frente ainda é uma queda de juros gradual e, portanto, cada vez mais devemos observar a migração da renda fixa para a variável. Pelo que estamos vendo, até alguns fundos mais conservadores estão migrando seu portfólio para a Bolsa. Com a retomada da economia, as companhias devem apresentar forte expansão de lucro — fluxo positivo de capitais e crescimento de lucros formam uma combinação bastante favorável para a renda variável.

Existem poucos ativos tão mal compreendidos como o Ouro.

Eu até posso refinar a minha alegação e dizer: existem poucos ativos tão mal compreendidos como o dinheiro.

Isto porque acredito que a maioria das pessoas não pensa realmente em todas as suas finalidades.

Deixe-me explicar…

Os economistas atribuem ao dinheiro três propriedades:

– Deve ser uma unidade de conta (podemos atribuir um preço às coisas).
– Deve ser um meio de troca – o que evita o inconveniente da troca.
– E deve ser uma reserva de valor, algo que nos permite manter o nosso poder de compra em termos reais, se optar por adiar gastos e poupar em vez disso.

O papel moeda faz um trabalho razoável nos dois primeiros, mas é desastroso em relação ao terceiro.

Para colocar de outra forma: desde o estabelecimento do banco central dos Estados Unidos em 1913 (Federal Reserve), o dólar perdeu 98% do seu poder de compra.

Já em território lusitano, durante o mesmo período, o escudo e depois o euro fizeram bem pior.

Em contrapartida, o Ouro desenvolveu-se como um ativo monetário num mercado livre.

O metal amarelo competiu com todos os outros tipos de “moeda” disponíveis – como o gado, conchas, tabaco e algodão – e ganhou a todas!

Tecnicamente, somos constrangidos por decreto governamental a usar euros para o pagamento das nossas contas, impostos e dívidas…

O meu pessimismo para o curto-prazo, mas também o meu otimismo, conflui para uma ideia em que o Ouro é o passado e o futuro do dinheiro.

Vamos começar do princípio…

Regresso ao passado

Ao longo dos séculos as pessoas favoreceram os metais preciosos como moeda por causa da sua escassez, durabilidade, maleabilidade e beleza.

Usar certificados de papel (notas) para representar o Ouro guardado num cofre qualquer foi o passo lógico seguinte. Ninguém ia querer carregar barras de Ouro em cima de um burro para lá e para cá.

Mas aí a perversão humana veio à tona… Quando os governos e banqueiros gananciosos perceberam que poderiam imprimir mais certificados de Ouro do que realmente possuíam.

Aqueles de nós que acreditam que o Ouro é uma melhor forma de reserva de valor que o papel-moeda (leia-se, notas emitidas pelo banco central) sem lastro, tendem a ver 1971 como o “Ano Zero”.

Porque foi exatamente nesse ano que o presidente Nixon retirou o dólar norte-americano do padrão Ouro.

Destruindo o último elo entre o dinheiro de papel e o metal precioso, Nixon deu início a uma experiência de 40 anos em política monetária.

Uma parte significativa dessa experiência permitiu que os bancos centrais e comerciais do mundo efetivassem poderes ilimitados de criação de crédito.

Com efeito, se a impressão de dinheiro não é mais limitada pela quantidade de Ouro no Fort Knox, então estes senhores podem imprimir e emprestar tanto quanto quiserem…

Não é surpreendente que o peso dos estados na economia ao longo dos últimos anos tenha aumentado precisamente a partir deste momento… os governos irresponsáveis incorriam em deficits orçamentais e o banco central emitia moeda para resolver o problema (via inflação).

É por essa razão que os governos altamente endividados e os bancos centrais têm esta relação de amor/ódio com o Ouro. Em parte, a subida do preço do metal precioso significa que os aforradores suspeitam cada vez mais da moeda de papel que os governos e companhia estão determinados a imprimir em quantidades cada vez mais absurdas.

Nos dias de hoje

Agora que o Ocidente está altamente endividado e sem crescimento, os bancos centrais estão a extrair o maior partido dos seus poderes.

Aqueles de nós que possuem exposição ao dinheiro-papel estão a pagar o preço.

Todos os dias com a impressora ligada, produzindo mais notas e moedas, os bancos centrais tornam os euros de hoje (ou dólares ou iene japonês) menos valiosos no dia seguinte.

A inflação é isso mesmo.

Uma forma invisível de passar o seu dinheiro para o bolso do Estado.

Talvez por isso, quando este ano o preço do Ouro subiu acima de US$ 1.300, ainda muito longe do seu anterior máximo de mais de US$1.900, os “especialistas” apressaram-se a dizer que seria um movimento técnico, sem razões fundamentais…

A impressão de moeda em si não cria riqueza – David Hume chegou a essa conclusão no século XVIII – tem um efeito estimulante dos agentes económicos no curto-prazo, mas que tende a desvanecer-se ao longo do tempo.

E atenção! Se exagerada pode criar desequilíbrios e desajustamentos que funcionam exatamente contra o produto do trabalho.

Pense quantas empresas moribundas ainda se aguentam de pé por causa do crédito barato. Esse mesmo dinheiro devia estar a ser utilizado por empresas inovadores, que com novos produtos deviam substituir as velhas e os seus antigos modelos de negócio.

Sendo assim, a engrenagem da economia não funciona no seu potencial máximo.

Como é que se protege destes disparates?

Pense no OURO, não como forma de especulação, mas totalmente o oposto.

A decisão de comprar Ouro não é um investimento.

É uma decisão consciente em que se abstém de investir até que um regime monetário honesto que faz o cálculo racional dos preços apareça…

Será que algum dia vai haver um regime monetário honesto?

Isso depende em parte de quanto tempo a presente fraude grotesca das poupanças dos aforradores irá continuar…

Eu não estou confiante de que vivamos no mais estável dos sistemas bancários ou ambientes financeiros.

Mas a menos que os nossos políticos comecem de repente a operar orçamentos equilibrados, ou que os nossos banqueiros centrais comecem a parar de imprimir dinheiro, é inteiramente plausível acreditar que o rali do Ouro deve continuar…

Para quem gere os bens sagrados dos seus clientes através de um período de libertinagem monetária, o Ouro representa um voo para um paraíso que é raro, independente e permanente.

Muitos críticos do Ouro consideram o investimento no metal como um ato de fé.

A pergunta seguinte deveria ser: então por que tantos investidores (em oposição aos especuladores) realizam esse ato de fé?

Assim como seria pertinente perguntar, por que é que os investidores deveriam ter qualquer fé nas moedas de papel que os bancos centrais estão a fazer de tudo em seu poder para desvalorizar?

É legítimo salientar que ao contrário das ações, títulos e imóveis, o Ouro não gera retorno.

Mas ninguém disse que devia.

O próprio papel-moeda é comparativamente inerte, mas muito menos resistente e inflamável. O papel-moeda só se torna um ativo gerador de lucro quando o converte num depósito bancário. E para isso abdica da sua independência financeira e torna-se um credor sem garantias do banco.

Talvez o Ouro não seja um ativo financeiro por si só ou pode ser “simplesmente” uma mercadoria. Talvez o Ouro, também, seja dinheiro?

JP Morgan certamente pensava que sim, há um século. Hoje em dia, os bancos centrais continuam a pensar assim. Por que continuariam eles a manter Ouro como parte das suas reservas se assim não fosse?

Certamente não é, como Ben Bernanke uma vez disse, apenas por “tradição”.

O debate é interminável porque a maioria dos intervenientes recusam-se a concordar com os termos.

Nós consideramos o Ouro como um metal monetário, uma moeda alternativa e uma reserva de valor “a médio prazo”.

Não é um investimento, mas sim, uma decisão consciente em que se abstém de investir. Ouro, por outras palavras, é a parte da carteira que não está “no mercado”.

Recomendamos Ouro aos nossos clientes como parte de uma carteira diversificada.

Deve manter Ouro ao lado de outros investimentos convencionais, tais como obrigações de alta qualidade (assumindo que podem ser encontradas), investimentos em empresas geradoras de caixa e fundos de retorno absoluto.

Não está, certamente, à espera que todas as suas posições subam em valor, ao mesmo tempo e na mesma medida, pois não?

Isso nunca acontecerá. Porque não estão correlacionadas entre si. É esse o ponto!

Todo o propósito do exercício é assegurar que uma carteira contenha ativos genuinamente independentes que se comportem de maneiras diferentes durante ambientes de mercado diferentes.

O ambiente financeiro que despoleta a compra de Ouro – que incluiu altos níveis de endividamento, guerras cambiais e o risco de crise financeira sistémica – não surge em todas as gerações.

Mas é exatamente o quadro que temos atualmente.

No caso da dívida soberana europeia, o BCE continua a comprar, mais ou menos sem levar em conta a vontade (ou falta dela) dos estados devedores. Eles compram porque comprometeram-se a comprar.

O fenómeno acontece um pouco por todo o mundo – em países mais distantes. Seja a Reserva Federal, o Banco Popular da China, o Banco do Japão ou o BCE, o principal objetivo dos bancos centrais não é a integridade de preços e taxas de câmbio.

É, antes, a prevenção de crises. A finalidade é manter a economia num ritmo controlado, mesmo que para isso estejam a criar os desequilíbrios que farão o castelo de cartas vir por aí a baixo.

Uma pergunta. Existe algum preço para qualquer ativo financeiro, em qualquer lugar do mundo, que de alguma forma não seja refém diretamente ou indiretamente de uma manipulação oficial?

No caso dos mercados de dívida ocidentais, ou ações chinesas, a questão nem se coloca…

Por isso, até que o ambiente financeiro fortaleça, não vamos alterar a estratégia que assenta nos princípios da diversificação de ativos e preservação de capital.

De que forma é que pode investir em Ouro?

São basicamente 3 formas:
1) Fundos
2) ETF’s
3) Ouro Físico

Vamos a elas, portanto.

1) Fundos

As restrições dos fundos não os permitem comprar diretamente o metal precioso, mas ainda assim, existem fundos que investem em ações de empresas cuja atividade está correlacionada com a cotação do ouro, particularmente a mineração.

É como se comprasse um cabaz de ações de mineiros. Teria uma ínfima percentagem de cada uma dessa empresas, e de cada vez, que o ouro sobe a cotação dessas empresas também, logo o seu fundo segue para el dorado.

Não há tantos fundos de ouro disponíveis, principalmente em comparação a outras categorias de investimento.

Ainda assim, existe uma gama suficiente, capaz de dar acesso ao investidor de forma relativamente fácil, sem se preocupar em realizar operações em bolsa, precisar arcar com particularidades de corretagem e custódia ou dificuldades de armazenamento.

A contrapartida de delegar a um terceiro a gestão e se livrar das demais questões supracitadas é o pagamento de taxas de administração, que variam, grosso modo, de 2% a 3% ao ano.

Blackrock Global Funds – World Gold Fund E2 (em dólares)
Taxa Global de Custos: 2,58%

Invesco Funds – Invesco Gold & Precious Metals Fund (em euros)
Taxa Global de Custos: 2,58%

2) ETF’s

Existem muitos ETF’s de ouro disponíveis, principalmente em comparação a outras categorias de investimento.

É assim provavelmente a forma mais fácil de investir no metal precioso.

Investir num ETF’s é exatamente o mesmo processo de comprar uma ação, só que desta vez o seu título varia de acordo com a cotação de uma commodity.

Abaixo cito três ETF’s:

SPDR Gold Shares (em dólares) – mais líquido do mundo
Taxa de administração: 0,40% ao ano

iShares Gold Trust (em dólares)
Taxa de administração: 0,25% ao ano

db Physical Gold Euro Hedge ETC (em euros)
Taxa de administração: 0,59% ao ano

A tributação segue as regras estabelecidas para mais-valias:
A venda tem de ser declarada no IRS e a eventual mais-valia está sujeita a imposto.

3) Ouro Físico

Do ponto de vista operacional é relativamente fácil comprar ouro físico. Para atuar no mercado de balcão, a compra e venda pode ser feita por meio de instituições financeiras especializadas (bancos, corretoras e distribuidoras).

O banco não cobra comissões de compra e venda, o lucro está no spread praticado: vendem acima do valor de referência do mercado (cotação dos futuros com vencimento mais curto) e compram abaixo.

Se decidir guardar o metal consigo – caso tenha um lugar seguro e de fácil acesso. Ela não envolve taxas adicionais e dá-lhe a garantia de acesso ao metal – em situações de crises extremas, justamente quando o ouro se irá provar mais rentável, o acesso ao património custodiado no banco (dinheiro e/ou ouro) pode ser restringido. Obviamente, estamos a falar aqui de situações extremas, mas é exatamente quando estaria mais necessitado desse património de refúgio e mais valorizado estaria o metal.

Se optar pela aquisição do ouro, basta ao cliente procurar uma agência do banco. Os procedimentos são semelhantes para as demais grandes instituições.

Como vimos, o Ouro é um ativo utilizado como instrumento de proteção a crises por grandes gestores de investimento. Ou seja, quanto mais o mercado acredita numa tempestade, mais o metal tende a se valorizar.

Parafraseando um grande gestor de fortunas: “Não é por que não consigo adivinhar quando a tempestade vai acontecer, que não me devo preocupar com as nuvens que se aproximam”.

Esta fica entre nós: antes mesmo do Ouro, o leitor que se rodeia de informação estará sempre mais preparado para tomar decisões acertadas.

Uma coisa que sabemos sobre ditadores e megalomaníacos é que eles quase sempre anunciam seus planos com antecedência. Adolf Hitler escreveu sua autobiografia, “Mein Kampf”, em 1925. Na obra, afirmou que tomaria o poder na Alemanha, conquistaria a Europa e mataria os judeus. E foi exatamente isso o que ele fez nas décadas de 1930 e 1940. Nos anos 1930, o Japão anunciou a “Grande Esfera de Co-prosperidade do Leste Asiático”, com mapas mostrando um império que se estendia da Índia ao Pacífico Central. O país acabou invadindo e conquistando um território que ia da Birmânia a Manila e atacando Pearl Harbor, levando a cabo as ameaças. Em 1996, e novamente em 1998, Osama bin Laden declarou guerra aos Estados Unidos. A ameaça não foi levada a sério até ele atacar o World Trade Center em 11 de setembro. O último ditador a fazer uma ameaça gravíssima aos EUA foi o líder norte-coreano Kim Jong-un. Como informa este artigo, Kim ameaçou detonar uma bomba de hidrogênio na atmosfera da região do Oceano Pacífico. Seria um equívoco ignorar essa ameaça, como fizemos com Hitler e Bin Laden. Quando Kim ameaçou testar mísseis balísticos intercontinentais (ICBMs), cumpriu a palavra. Quando ameaçou detonar uma bomba H em um teste subterrâneo, também concretizou seus planos. O norte-coreano cumpriu 100 por cento das ameaças que fez. Se Kim detonar uma bomba H na atmosfera, isso será uma prova de que a Coreia do Norte tem domínio da engenharia necessária para miniaturizar a bomba e acoplá-la a um ICBM. Quando isso acontecer, será o fim da linha para os EUA, que não esperarão para atacar a Coreia do Norte até que o país asiático demonstre capacidade de acionar um arsenal de ICBMs com ogivas nucleares. É por isso que nosso tempo está se esgotando. A ameaça de Kim deu início a uma contagem regressiva que forçará um ataque preventivo por parte dos EUA. Essa guerra está chegando mais rápido do que eu era capaz de prever até  poucas semanas atrás. A hora de preparar o seu portfólio é agora.

O mais fascinante a respeito deste artigo não é o conteúdo, mas sim o “timing”. O artigo informa que a China aumentou a estimativa de reservas comprovadas de ouro para 12.100 toneladas. O texto gerou muita confusão entre as pessoas que seguem de perto questões relacionadas a China, Rússia, ouro e ao status do dólar americano. Alguns leitores entenderam que “reservas” dizia respeito às reservas oficiais de ouro do país, mantidas pelo Banco Popular da China e por sua entidade-irmã não oficial, a SAFE (State Administration on Foreign Exchange, agência estatal de divisas estrangeiras). Esse entendimento é incorreto. As reservas oficiais de ouro do país são de aproximadamente 1,8 mil toneladas, mas pode chegar a 5 mil toneladas, se contado o ouro não registrado. Este artigo se refere às “reservas comprovadas”, um conceito de geologia bem conhecido no meio de mineração. Basicamente, trata-se de uma estimativa de quanto ouro há no solo da China que poderia ser minerado a preços atuais com a tecnologia atual. Doze mil toneladas é, de fato, muito ouro, mas seriam precisos dez anos ou mais e bilhões de dólares para extrai-lo e refiná-lo. Mesmo a uma taxa de 1 mil toneladas ao ano (o dobro da taxa de produção atual da China), o aumento da oferta de ouro seria de apenas cerca de 0,5 por cento ao ano. Além disso, ele ocorreria juntamente com uma diminuição da produção de ouro de fontes tradicionais, como a África do Sul. Portanto, apesar de ser relevante, não mudaria muito o cenário atual. De qualquer modo, o timing é curioso, porque faz apenas duas semanas que a China lançou um ataque ao petrodólar, ao propor o pagamento de petróleo com yuan lastreado em ouro disponível na Bolsa de Ouro de Xangai. Para que o acordo de troca de petróleo por yuan tivesse credibilidade, a China precisava mostrar que seria capaz de fornecer ouro sem mexer em suas reservas oficiais. Este artigo afirma que a China terá vastas fontes internas de ouro por muitos anos. A informação dá credibilidade aos planos do país de precificar o petróleo em yuan convertível em ouro. Se a China dependesse apenas da importação, poderia ser estrangulada pelas sanções sobre o ouro que lhes foram impostas por Estados Unidos e aliados como Canadá e Austrália. Em vez disso, a China parece pronta para concretizar seus planos com ouro próprio. Trata-se de um fato muito importante e que coloca mais um prego no caixão do petrodólar.

No fim de 2014, a China tinha, de longe, a maior posição de reserva de moeda forte que o mundo já havia visto – mais de 4 trilhões em dólares, euros, ienes, ouro e outros ativos valiosos (excluí os Estados Unidos dessa comparação porque 60 por cento das reservas mundiais são constituídas por dólares americanos; como os EUA podem imprimir dólares à vontade, o país não precisa tê-los em reserva. E a maioria dos leitores se surpreenderá ao saber que 70 por cento das reservas dos EUA são de ouro.) Contudo, na China, as coisas sempre estavam piores do que pareciam. Como diz uma velha piada do setor bancário: se você deve um milhão de dólares ao banco, você está com um problema, mas se você deve um bilhão de dólares ao banco, o banco está com um problema. Foi assim que Donald Trump escapou da falência durante o colapso do setor imobiliário comercial que ocorreu no fim dos anos 1980 e no início dos anos 1990; Trump devia tanto dinheiro aos bancos que eles o mantiveram no mercado para ajudá-los a conseguir receber. O resto é história. Por isso, quando vi que os EUA deviam 1,5 trilhão de dólares à China (esse é o valor de títulos da dívida do Tesouro que a China tinha em reserva), sabia que a China estava com problemas. Depois de 2014, com a ameaça de desvalorização do yuan e a formação evidente de uma bolha de crédito e do setor imobiliário, a China perdeu 1 trilhão de dólares em reservas, o que fez sua posição cair para 3 trilhões. Desse montante, 1 trilhão de dólares eram ilíquidos (alguém falou em fundos de hedge?), e 1 trilhão de dólares serviam como reserva preventiva para possíveis resgates do sistema bancário chinês. Assim, a China ficou com apenas 1 trilhão de dólares para defender sua moeda; além disso, em 2016, o país perdia reservas a uma razão de 50 bilhões de dólares por mês. A China caminhava para a falência. No fim de 2016 e em 2017, o governo chinês adotou medidas extremas para impedir que as reservas se esgotassem. A China fechou parcialmente a conta de capitais, elevou as taxas de juros e empreendeu um combate feroz às transferências de dinheiro. A estratégia funcionou no curto prazo. A conta de capitais da China se estabilizou em aproximadamente 3 trilhões de dólares. Mas a vitória foi temporária. Este artigo mostra que as fugas de capitais estão voltando a assombrar o país. O capital em fuga está lançando mão de todo tipo de truque, inclusive superfaturamentos, esquemas de lavagem de dinheiro em cassinos e o bom e velho contrabando de dinheiro. Uma das técnicas favoritas dos que tentam tirar dinheiro do país é fazê-lo com bitcoin e outras criptomoedas, por meio de laptops e de “brain wallets”. Por esse motivo, há alguns meses o governo chinês fechou todas as corretoras de bitcoin no país. A China está lutando uma batalha perdida. No final, a única solução será uma desvalorização extrema do yuan, de 20 ou 30 por cento, o que acabará com a própria razão da fuga de capitais.

 

Novamente a Trindade Impossível se mostra impossível – https://quartzoinvestments.com/trindade-impossivel/

Todo mercado que existiu na história da humanidade esteve sujeito a algum tipo de fraude em algum estágio de seu desenvolvimento. Um dos truques mais antigos dos negociantes, por exemplo, era pressionar a balança com o polegar enquanto pesavam as mercadorias para a venda ou o pagamento em ouro ou prata. Desde então, os golpes ficaram mais sofisticados. Toda a estrutura da regulação financeira moderna é basicamente uma resposta às estratégias engenhosas encontradas pelos negociantes para trapacear os clientes ao longo dos séculos. Haveria alguma razão para o mercado de bitcoin ser imune a fraudes?  Obviamente, a resposta é “não”. De fato, como mostra este artigo, o mercado de bitcoin é um ímã de fraudes justamente porque é novo e não tem qualquer regulação. Esquemas que os investidores encontravam em outros mercados, como divulgação de informações falsas, “insider trading” (uso indevido de informações privilegiadas), “ramping” (compra ou venda de ações para fazer os preços dos papéis subirem) e esquemas de “pump and dump” (compra de grandes quantidades de uma ação de baixo valor e baixa liquidez e subsequente divulgação de boatos para fazer o papel subir), instalaram-se no mercado de bitcoin. O artigo descreve de que maneira insiders, como programadores e patrocinadores/financiadores de criptomoedas, uniram-se a grandes fundos de hedge para inflar os preços das ofertas inicias de moedas (ICOs, na sigla em inglês) e então empurrá-las para investidores de varejo incautos. O golpe descrito combina diversas fraudes diferentes, incluindo “insider trading” e “pump and dump”. Essa atividade se assemelha aos golpes e IPOs das “ponto com” que tiveram seus preços inflados por “ramping” no final dos anos 1990 e depois quebraram no início dos anos 2000.  No caso das “ponto com”, ao menos havia um órgão regulador para ir atrás dos contraventores. Não existe um órgão regulador semelhante para o bitcoin ou para o universo das criptomoedas, embora a SEC tenha emitido comunicados recentemente indicando que começará a monitorar o mercado. Se algo parece bom demais para ser verdade, geralmente é. Os ganhos inacreditáveis das ofertas inicias de moedas devem acabar na mesma pilha de lixo em que foram parar as ações das “ponto com” do fim dos anos 1990.

A maioria dos investidores que tem alguma familiaridade com criptomoedas como o bitcoin ouviu falar dos ganhos astronômicos nos preços de mercado. O preço de um único bitcoin subiu de 1 mil dólares para mais de 4 mil dólares em pouco mais de um ano. Investidores que compraram bitcoins ainda antes, a 200 dólares, por exemplo, obtiveram ganhos de 2 mil por cento em questão de poucos anos. Esses preços são reais, ao menos segundo as principais corretoras de bitcoin. Algumas pessoas realizaram os lucros de seus bitcoins, convertendo-os em ganhos reais. Mas essas pessoas provavelmente são a exceção, não a regra. Na esperança de ganhos maiores, muitos investidores ainda mantêm bitcoins em corretoras não-regulamentadas. Este artigo mostra que essas corretoras estão cheias de fraudes e de hackers, além de não estarem sujeitas a qualquer tipo de prestação de contas. Há inúmeras histórias de investidores que tiveram que esperar semanas para liquidar investimentos em bitcoin enquanto os preços passavam por grandes oscilações. Os menos afortunados nunca conseguem liquidar os investimentos, porque as próprias corretoras roubam seus bitcoins ou simplesmente quebram. Aos riscos das corretoras, somam-se uma infinidade de outros riscos, como a associação ao tráfico de drogas, à sonegação de impostos e a coisas ainda piores. A Receita Federal americana, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC – Securities and Exchange Comission) e o Departamento de Justiça americano já estão trabalhando pesado para ter acesso aos registros das corretoras e conseguir chegar aos criminosos. Órgãos similares de outros países estão fazendo o mesmo. O que eles têm descoberto causa ainda mais danos à estabilidade do mercado e à segurança dos bitcoins. “Caveat Emptor” (o risco é do comprador) é um bom conselho em qualquer mercado, mas o melhor conselho com relação às corretoras de bitcoin é “que o comprador mantenha distância”, ao menos até que tenhamos entidades mais idôneas e uma melhor regulamentação.

De onde vem o Bitcoin?

Bitcoins são criados de acordo com um algoritmo matemático proposto por Satoshi Nakomoto (pseudônimo do que pode ser uma pessoa ou um grupo de indivíduos) em um artigo publicado em 2009.

De acordo com a definição de Nakomoto, matemáticos e engenheiros usando computadores são convidados a solucionar um problema matemático que envolve conservação de registros e uma prova de trabalho (proof-of-work). Em troca da 34 5 realização dessas funções, os operadores do computador, conhecidos como “mineradores” recebem uma recompensa na forma de Bitcoins. Nakomoto completou a primeira prova de trabalho em 2009 e recebeu uma recompensa de 50 Bitcoins.

A conservação dos registros e a prova de trabalho da mineração do Bitcoin são feitos usando software de fonte aberta, o que significa que qualquer um que saiba mexer no software e tenha um computador potente o suficiente pode participar do processo.

Os resultados da conservação dos registros e da prova de trabalho são mantidos em um livro razão, que é armazenado em uma rede descentralizada e distribuída. Novas transações com Bitcoin são adicionadas ao livro razão em “blocos” e o livro razão é chamado de “blockchain.”

A natureza “distribuída” do livro razão significa que o blockchain fica em milhares de servidores individuais. Se um nó ou servidor for destruído, o blockchain ainda existirá de forma fácil e verificável nos outros servidores da rede.

Transações e identificação do blockchain são criptografadas usando um sistema de chave pública-privada padrão de 256-bits. A chave pública é identificável no blockchain, mas os donos individuais não podem ser identificados, e as transferências não podem ser autorizadas sem a chave privada, que fica em posse de cada proprietário individual.

O algoritmo de Nakomoto faz com que cada bloco de Bitcoin seja mais difícil de minerar do que o anterior. Isso acontece porque o blockchain em si é maior e o número de inputs de tentativa e erro necessários para completar a prova de trabalho cresce exponencialmente. Mais de 200 quintilhões de inputs são necessários atualmente para criar um novo bloco.

Mineração de Bitcoin exige tanto poder computacional que só grandes servidores especializados são capazes de realizar a tarefa. Essas operações são quase todas feitas na China, o que levanta dúvidas sobre segurança nacional em relação ao Bitcoin. A mineração exige tanta energia que recebeu criticas de ambientalistas. Veja aqui um vídeo de uma das maiores minas de Bitcoin do mundo.

A natureza privada, criptografada e descentralizada do blockchain significa que nenhuma pessoa ou instituição está “encarregada” do blockchain. Diferentemente de outras formas de dinheiro que são emitidas e controladas por governos, o Bitcoin não é controlado por ninguém a não ser pelo algoritmo matemático. 34 6

Esse sistema de criptomoedas tem um apelo enorme a um grupo diverso composto por libertários, anarquistas, tecnófilos, criminosos, sonegadores de impostos e terroristas.

Nestes próximos posts iremos recomendar a alocação de recursos em produtos de determinados bancos e sugerir evitar outros apesar se seu maior retorno potencial.

Bons negócios!

Paraná Banco

O Paraná Banco segue sendo um dos bancos mais conservadores que analiso. Sua Basiléia é de 21,5%, mesmo após uma distribuição grande de dividendos (R$ 215,9 milhões).

O banco vem, aos poucos, reduzindo sua parcela em crédito empresarial para focar no mercado de consignados, onde temos menor risco. Nesse sentido, reduziram em 63,5% o tamanho da carteira empresarial e só aumentaram em 9% a de consignado. O efeito global foi uma queda, no ano, de 5% na carteira.

A alta Basiléia garante que, mesmo que eles tivessem algum grande problema, que não têm, ainda teriam muito espaço para queimar capital.

Tivemos um aumento do PDD e uma leve piora na qualidade da carteira, mas mesmo assim, o ROE do último trimestre ficou em 15,4%, acima dos 12,8% do mesmo período do ano passado. Assim que eles aumentarem a carteira de crédito (consumindo capital e reduzindo a Basiléia) a sua rentabilidade poderá subir novamente. Isso deixa clara a postura mais que conservadora da instituição, em meio à crise.

Posto isso, temos pleno conforto em investir nesse banco, que além de tudo me paga boas taxas nos CDBs.

Banco BMG

O Banco BMG possuía uma joint venture importante com o Banco Itaú que lhe permitia explorar bem o setor de crédito consignado. Mas em 2016 ele vendeu esse business completamente para o Itaú. O rating é Baa3, pela Moody’s.

O banco já vinha com dificuldade de rentabilizar seu balanço, por causa de sua baixa Basileia, o custo de funding é muito alto. Isso espreme as margens, e qualquer espirro na inadimplência já leva o banco para o prejuízo.

No resultado fechado de 2016, conseguiram um lucro líquido de R$ 193 milhões, equivalente a um ROE de 6,8% (mesmo ROE do ano passado). Apesar de parecer ok olhando por cima, o resultado na verdade foi muito fraco.

Um montante de R$ 959 milhões, vindos (1) da extinção de um empréstimo do FGC – R$ 360 milhões e (2) de um acordo de exclusividade com o Grupo Generali – R$ 164 milhões e (3) da venda da Joint Venture para o Itaú – R$ 431 milhões, entraram no jogo como “resultados não operacionais”, evitando assim que o lucro fosse bem negativo.

Foi um caso bem parecido com o do Banco Original. Além disso tudo, sua carteira D-H foi de 6,4% para 10%, o que é um crescimento bem preocupante. No semestre passado eles seguiram uma estratégia de aumentar a carteira de crédito para conseguir maior retorno em escala, em um business com margens comprimidas.

E com isso, a 13 Basiléia foi para o chão, caindo de 17,5% para 14,4%, ajudada inclusive por novos aportes de capital dos acionistas. Este semestre eles recuaram, possivelmente com a venda da participação pro Itaú, e o ano ficou com uma redução de 3% na carteira.

Com isso tudo a Basiléia subiu para 20%, e o Banco fez uma redução de capital de R$ 400 milhões.

O que ainda preocupa são as notícias vinculadas pela imprensa, classificando o BMG como suposto banco ligado ao Mensalão, e o Banco Schahin (comprado recentemente pelo BMG) como suposto banco ligado ao Petrolão.

1Resumindo, nem pagando boas taxas investiria nesse banco.

Quando o preço em dólar de uma unidade de qualquer ativo pula de US$ 1.938 para US$ 4.425 em um mês sem motivo aparente, é justo questionar se não estamos testemunhando a criação de uma bolha. Foi exatamente o que aconteceu com o Bitcoin entre 16 de julho e 17 de agosto de 2017.

A alta impressionante de 128% em um mês, que, anualizada, resulta em mais de 1.540%, soma-se ao fato de que o Bitcoin custava US$ 580 há apenas um ano; um ganho de 630% nos últimos dozes meses. Dois anos atrás, o Bitcoin custava US$ 225, então o ganho de dois anos foi de 1.870%.

Considerando o período de um mês, um ano ou dois anos, anualizado ou real, esses ganhos são de tirar o fôlego.

A resposta à questão da bolha é quase certamente “sim”, mas ela diz pouco sobre o que causa a bolha ou quanto tempo ela vai durar.

Não adianta avaliar o Bitcoin com base em “valor intrínseco”. O Bitcoin não tem valor intrínseco, assim como o dólar e o ouro. Valor intrínseco é uma teoria econômica obsoleta que foi abandonada pelos economistas em 1871. A frase “valor intrínseco” é propagandeada frequentemente, mas não serve para calcular o valor do Bitcoin.

Em vez disso, os economistas usam valor subjetivo como forma de considerar os preços. A teoria do valor subjetivo diz que o preço de algo é aquele que o comprador está disposto a pagar a um vendedor com base na utilidade dos bens e serviços para o comprador.

Ajuda, mas “utilidade” pode ser um conceito escorregadio. Às vezes, utilidade é completamente prática (“eu preciso de um carro para chegar ao trabalho e ganhar meu salário, então o carro tem uma utilidade que eu posso valorizar”). Mas, às vezes, utilidade é idiossincrática (“eu gosto de jogar, então vou gastar meu dinheiro em Las Vegas, apesar de as chances de perder serem grandes”).

Bitcoins certamente têm utilidade para algumas pessoas. É fácil e barato realizar pagamentos. Oferece anonimato para aqueles que o valorizam (incluindo criminosos e 34 7 terroristas). É útil como forma de escapar do controle de capitais para aqueles presos em sistemas como os de Cuba, Coreia do Norte ou China. E também pode salvar a vida de refugiados que estão vulneráveis a ataques e confiscos quando fogem de um país para o outro.

Mas quase não há dúvidas de que as movimentações de preço do Bitcoin vêm da utilidade da mentalidade de “ficar rico rápido” ou de receber “algo de graça”. Ganância e a emoção de jogar têm utilidade para alguns, e Bitcoins certamente podem satisfazer essas necessidades e desejos.

Já ressaltamos que o aumento do preço do Bitcoin em dólar também pode ser visto como um colapso do dólar se considerarmos que o Bitcoin é uma reserva de valor estável e uma unidade monetária estável. Isso acontece porque tanto o Bitcoin quanto o dólar são formas de dinheiro e sua taxa cruzada é apenas um swap de moedas, não um investimento.

Se o Bitcoin for mantido constante, então o dólar caiu 75% frente à criptomoeda em 2017. Que outra evidência existe para um colapso generalizado do dólar? Nenhuma!

Tanto o ouro quanto o euro tiveram ralis este ano, mas apenas na faixa dos 10% aos 20%, nada comparado aos ganhos anualizados de 1.540% do Bitcoin (se há um colapso generalizado da confiança no dólar, como mostrado pelo preço do ouro, o Bitcoin certamente se beneficiaria, mas, por enquanto, o Bitcoin é o outlier).

Na ausência de evidências provenientes de outros mercados que indiquem um colapso do dólar, o aparente colapso do dólar em Bitcoin parece destacado de definições prosaicas de utilidade e, assim, só pode ser explicado pela ganância. A notícia não é boa para o Bitcoin porque uma das lições constantes dos mercados especulativos é que a ganância pode se transformar em medo da noite para o dia.

Há muitos exemplos de dinâmicas de bolha em que movimentos de preço hiperbólicos em dólar, sem relação com outras informações sobre um declínio do dólar, tiveram reversão rápida em um colapso catastrófico. A movimentação no índice NASDAQ 100 entre 1996 e 2000 após o IPO do Netscape, mostrada no primeiro gráfico, abaixo é um exemplo útil e de certa forma recente.

Já a queda de 75% da NASDAQ, depois de janeiro de 2000, é um bom indicador do que acontecerá com o preço do Bitcoin em dólar assim que um catalizador mude de ganância para medo. Diversos desses catalizadores são discutidos a seguir. Bitcoin a US$ 200 ou menos (como no início da fase mais hiperbólica) me parece provável nos próximos dois anos.

Outro aspecto importante do valuation do Bitcoin é o fato de ele nunca ter passado por um ciclo econômico completo. Como discutido anteriormente, o Bitcoin foi criado em 2009. Foi o ano em que o atual ciclo econômico teve início.

É verdade que essa recuperação econômica foi uma das piores já registradas. O crescimento americano médio foi de cerca de 2% ao ano, comparado aos pelo menos 3% das recuperações prévias. Mas, mesmo assim, é uma das recuperações mais longas da história. Ninguém sabe quando a próxima recessão ocorrerá, mas, depois de uma expansão de 96 meses, ninguém deve se surpreender se ela chegar logo.

Recessões não são a mesma coisa que pânicos financeiros. Às vezes, recessões e pânicos ocorrem juntos, como em 2008. Às vezes, recessões ocorrem sem pânicos (1990), e, às vezes, pânicos ocorrem sem recessões (1998). De qualquer forma, o Bitcoin nunca passou nem por uma recessão, nem por um pânico.

O comportamento dos investidores em adversidades financeiras pode assumir formas diferentes. Às vezes, liquidação de títulos, às vezes, de ações, às vezes, de commodities. O que pânicos e recessões têm em comum é que todos desejam liquidez.

Quando a próxima recessão ou pânico acontecer, provavelmente logo, a demanda global por liquidez forçará as pessoas a vender Bitcoins para pagar suas dívidas e cobrir suas chamadas de margem? Uma alta no desemprego forçará as pessoas a vender Bitcoins para pagar as contas do mês?

Em caso positivo, toda essa venda forçada, somada à demanda por liquidez, fará com que o preço do Bitcoin entre em colapso se isso ainda não tiver acontecido por causa da dinâmica de bolha descrita anteriormente?

Já vimos como ações, títulos, ouro, imóveis e outros ativos se comportaram em recessões e pânicos no passado. Mas não temos ideia de como o Bitcoin se comportará, porque a criptomoeda nunca passou por um clima de adversidade econômica.

Estimo que o Bitcoin sofrerá com um choque de liquidez quando investidores venderem todos os tipos de ativos, incluindo Bitcoin, em busca de formas mais líquidas de dinheiro que governos e credores estejam preparados para aceitar. Um colapso de pelo menos 75% no preço do Bitcoin em dólar parece provável.