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Os bichos da bolsa

Como forma de metáfora, utiliza-se alguns bichos e suas atuações na natureza para representar alguns eventos no mercado financeiro.

Hawk (falcão) – Representa um movimento altista no mercado. Seja um aumento dos preços das ações ou aumento da taxa básica de juros, como vimos recentemente nos EUA.

Dovish (pombo) – Representa um comportamento baixista para o mercado.

Bull (Touro) – Teoricamente  a chifrada do touro é feita de baixo para cima, portanto a tendência bull indica um alta nos preços das ações.

Bear (Urso) – Indica um mercado de baixa com queda no preço das ações uma vez que a patada do urso é feita de cima para baixo.

Sardinha – Pequenos investidores que normalmente se movem junto com a multidão (cardume)

Tubarão – Tanto no mar quanto no mercado seu papel é o mesmo: Comandar. O termo se refere aos grandes players do mercado que tem poder de ditar muitos dos rumos da bolsa. Este tipo de investidor pode também se “alimentar” de investidores menores a fim de alcançar ganhos ainda maiores.

Abutre – Ficam ao redor de suas presas quando elas estão perto de morrer para se beneficiarem se suas carcaças. Estes investidores comprar empresas em dificuldade financeira ou títulos de crédito podres.

Borboleta – Estratégia de opções que limita a perda do investidor e garante um bom retorno se atingido o preço alvo.

Flipper (Golfinho) – Investidor que vende suas ações rapidamente, no primeiro dia de um IPC (Inicial Public Offer).

Mico – Termo que se refere a ações de empresas menores e normalmente pouco liquidas que por vezes apresentam variações absurdas em seus preços movidas por pura especulação.

Opções são derivativos relacionados com determinado ativo objeto. Elas são o direito de comprar / vender determinado ativo, a determinado preço em data futura.

As opções são compostas por algumas letras gregas:
Delta: mede a sensibilidade do preço da opção (prêmio) em relação ao preço do ativo-objeto. Seu valor em módulo varia de 0 a 1 (0-100%) e, por definição, valores positivos representam exposição “comprada” ou “long”, ou seja, o aumento do preço do ativo-objeto resultará em um aumento do preço da opção – e vice-versa. Analogamente, valores de Delta negativos representam exposição “vendida” ou “short”, ou seja, o aumento do preço do ativo-objeto resultará em uma redução do preço da opção – e vice-versa.

Gama: mede a sensibilidade do Delta em relação ao preço do ativo-objeto. Seu valor em módulo varia de 0 a 1 (0-100%), podendo apresentar valores positivos, que sinalizam um aumento do Delta conforme o preço do ativo-objeto aumenta – e vice-versa -, ou negativos, que sinalizam uma diminuição do Delta conforme o preço do ativo-objeto aumenta – e vice-versa.

Vega: mede a sensibilidade do preço da opção em relação à sua volatilidade implícita. Seu valor varia de 0 a 1 (0-100%), sendo sempre maior que zero, uma vez que o aumento da volatilidade sempre implicará aumento do preço da opção.

Theta : mede a sensibilidade do preço da opção em relação ao tempo até a sua expiração. Seu valor varia de 0 a 1 (0-100%), sendo sempre maior que zero, uma vez que a redução do tempo até o vencimento sempre implicará redução do preço da opção.
Baseado nestas variáveis podemos concluir que quanto mais volátil o ativo objeto for e quando maior for o prazo de vencimento da opção maior será seu preço.

Warren Buffett, o maior investidor de todos os tempos chama os derivativos de “verdadeiras armas de destruição em massa. ”. De fato, sua alta volatilidade já devastou diversos patrimônios ao longo do tempo. Entretanto possuímos estratégias para reduzir tais riscos e ainda assim conseguir excelentes retornos. Antes de prosseguirmos recomendo a releitura da post O Canto da Sereia publicado em 28 de Novembro.

Opções podem ser Calls (Direito de compra) ou Puts (Direito de venda). Além disto são classificadas como Americanas (Exercida a qualquer momento) ou Europeias (Exercida apenas no vencimento).

Dependendo do seu strike, podemos classificar aos opções em:

In the Money – opções que possui strike (preço de exercício) abaixo do preço atual do ativo objeto

At the Money – opções que possuem strike de mesmo ou muito próximo preço do ativo objeto

Out of the Money – Opções com strike acima do preço do ativo objeto

Nas opções In the Money temos valor intrínseco e extrínseco. Valor intrínseco diz respeito ao valor de fato da opção no momento, independente de volatilidade. Por exemplo, imaginemos uma opção de Petrobrás cujo strike é R$ 12. Imaginemos que hoje a ação está R$ 14. Esta opção possuirá então valor intrínseco de R$ 2. Seu preço final dependerá ainda da volatilidade da ação. O preço adicional é chamado de valor extrínseco.
Para reduzir risco existem algumas operações que “travam” as possíveis perdas e também os ganhos, que mesmo travados podem ser vultuosos.

No mercado de opções o nome do ativo é composto pelas iniciais de seu ativo objeto seguido de uma letra de A a L, cada uma representando um mês do ano seguido por um número que normalmente, mas não obrigatoriamente representam seu strike.

Para os exemplos abaixo usaremos valores reais de cotação de PETR4 em 13/12/16:

Ativo objeto PETR4 – R$15,45

PETRL39
Preço em 13/12/16 – R$ 1,57
Strike – R$ 14
Valor intrínseco: R$ 1,45
Valor extrínseco: 0,12

PETRL19
Preço em 13/12/16 – R$ 0,18
Strike – R$ 16
Valor intrínseco: R$ 0,00
Valor extrínseco: R$ 0,18

Iniciaremos com uma operação mais simples chamada Lançamento Coberto, nela o investidor adquire o ativo objeto, no caso PETR4 e escolhe um strike para realizar a venda de Calls. Se ele efetuar a venda de PETR39, embolsará imediatamente R$ 1,57 por opção vendida. No momento do exercício, mantendo-se o preço atual, ele terá um prejuízo de 1,45 por ação de Petr4 comprado por R$ 15,45 e exercido (vendido) por R$ 14,00.

Trava de Alta – Nesta estratégia espera-se que o preço do ativo objeto suba. Assim o investidor. Neste caso o investidor compra e vende em 2 strikes diferentes. Compra o strike mais baixo (maior preço) e vende o strike de cima (menor preço). Assim o intestidor tem um desembolso inicial e receberá o lucro no exercício. Usando as opções do exemplo anterior teríamos:
Compra 1,57 / Venda 0,18 – Desembolso inicial R$ 1,39

Com PETR4 a 18 reais por exemplo, no exercício, a opção com strike R$ valeria R$ 4,00 (18-14). Enquanto a opção com strike R$ 16 valeria R$ 2,00. O investidor então embolsa R$ 4 e paga R$ 2, realizando um lucro de R$ 2. Como havia investido anteriormente R$ 1,39, seu lucro global é 0,61. Os retornos normalmente são maiores, porém utilizamos opções que estão a apenas 6 dias do vencimento, possuindo desta forma theta quase inexistente.

Na trava de baixa o raciocínio seria o contrário. Vende-se o menor strike e compra-se o maior. Usando as mesmas opções, o investidor receberia R$1,57 e pagaria 0,18.

Com Petrobras cotada em 14 reais, ambos os strikes valeriam R$ 0,00 no exercício, porém o investidor ficaria com os R$ 1,39 conseguidos na montagem da operação.

Borboleta

  1. Vender opções de compra com menor preço de exercício, menor que o preço atual de mercado (In-The- Money ou “no dinheiro”)

  2. Vender opções de compra, em igual número, com um preço de exercício superior ao de mercado (Out-The- Money ou “fora do dinheiro”)

  3. Comprar o dobro de opções (a soma das duas de compra lançadas nas etapas anteriores) com o preço mais próximo do de mercado (at-the- money)

PS: As opções envolvidas nessa operação devem ter o mesmo prazo de vencimento.

Com isto a rentabilidades seria como no gráfico abaixo:

O mercado de derivativos (opções) aparece na vida de muitos investidores com a promessa de fortes ganho em período curtíssimo de tempo. Entretanto a realidade não é essa. O próprio Warren Buffett afirmou: “Os derivativos são a verdadeira arma de destruição em massa”.

Um ditado muito conhecido é: “Não dê o peixe, ensine a pescar”. Para o mercado de opções o ditado mudaria para “Ensine o homem a arbitrar e nunca mais passará fome”.

A arbitragem diz respeito a realização de operações que estão mal precificadas. Algo que matematicamente não faz sentido. Hoje há poucas oportunidades deste tipo uma vez que milhares de computadores as buscam todos os dias. Um exemplo de arbitragem ocorre no mercado de moedas (Forex). Imaginemos 2 pares de moedas: USD X BRL e EUR x BRL. Baseado na cotação de ambos podemos encontrar uma cotação entre USD X EUR.

O mercado de opções, comumente chamado de canto da sereia. Na mitologia, as sereias apresentavam-se extremamente bonitas e com um lindo canto para atrair marinheiro para suas garras. O mesmo ocorre com as opções, deslumbra-se com altos ganhos até que um dia tudo muda.

Bom, agora vamos a algumas histórias reais:
Em início de carreia era comum passar algumas horas do dia no site da CBLC (Central Depositária de Liquidação e Compensação) buscando grandes posições em aberto de opções ou por opções que fossem pouco líquidas. Certa vez encontramos a seguinte operação:

Ativo objeto: BVMF3 (ações da BMF Bovespas)
Preço atual BVMF3 – R$ 4,00
Opção – BVMF com preço de exercício R$ 8,00 para um prazo de 2 meses.
Preço da opção – R$ 6,00

Ou seja receberia R$ 4, por ação para vender o ativo objeto posteriormente por R$ 8,00. No melhor dos casos lucraria R$ 8,00 por ação. No pior dos casos, a ação objeto cairia e ficaria abaixo dos R$ 8,00 e a opção viraria pó. Porém, teria recebido os R$ 2,00 por ação. Este seria o lucro na pior opção.

Para a quantidade ofertada, no pior do casos a empresa iria a falência e valeria zero, porém teria embolsado os R$ 4 por ação. Em qualquer outro cenário teríamos lucro.

Incrédulo, liguei para amigos da área, li novamente o livro manual. De fato alguém havia cometido um erro em colocar aquela ordem. Como não tenho nada a ver com isso, inseri uma venda fazendo o ativo iniciar um leilão. Pouco tempo depois o telefone tocou, era a minha corretora falando que a outra parte havia entrado em contato pedindo para abrir mão da operação pois haviam cometido um erro.

Negamos abrir mão, porém com o decorrer do leilão apareceu uma ordem de R$ 0,01 sendo posteriormente executada. A ordem foi colocada pela mesma corretora da parte contrária, com certeza foi alguém conhecido fazendo um favor.

Em outra oportunidade identificamos uma opção do falecido banco Cruzeiro do Sul. A opção era in the Money (preço abaixo da cotação atual) e apresentava um ágio de cerca de 17% para um prazo de 3 meses. Ou seja a opção conseguiria proteger a ação de uma queda de até 20%, qualquer queda menor que isso haveria lucro. Posteriormente, ao conferirmos a opção no site CBLC percebemos que a opção tinha prazo de vencimento para 1 ano e 3 meses e não 3 meses conforme demonstrado no home broker. Entramos em contato com a corretora, que estornou a operação sem prejuizos financeiras.