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Tentamos sempre reduzir riscos e maximizar retornos, porém é impossível prever e proteger tudo.
Warren Buffet costumava não concordar com a afirmação: Não coloque todos os ovos na mesma cesta. Buffett dizia para colocar os ovos em apenas 1 cesta e protege-la com sua vida.

Peter Lynch também era contra esta afirmação dizendo que o processo de diversificação era na verdade um processo de “priorização”.
Agora vejamos algumas situações ocorridas. Vejam se era possível prever alguma delas.

1 – Caso Lupatech – a Petrobrás sempre foi uma mãe para seus fornecedores, por vezes efetuava o pagamento antes do produto ser entregue ou serviço realizado. Mas então o calo apertou, o petróleo caiu, o país entrou em crise e a Petrobrás precisou cortar alguns pagamentos.

A Lupatech era uma fornecedora de ferramentas e peças a serem utilizadas na extração de petróleo. Preparando-se para suprir a alta demanda gerada pela exploração do pré sal a companhia realizou grandes investimentos. Para tal contraiu dívidas e emitiu mais ações.

Mas então a crise iniciou-se e o pré sal foi colocado de lado. Toda aquela estrutura montada ficou ociosa, porém os juros e custos de sua operação continuaram a corroer a companhia. Ela ainda tentou aguardar por mais um tempo buscando novas dívidas e emitindo mais ações, confiando na retomada do mercado.

Isto nunca ocorreu e a companhia acabou entrando em recuperação judicial.

2- Caso Samarco – Imagine-se você sendo um credor de uma grande companhia mineradora. E melhor que isto, seus acionistas sendo as duas maiores mineradoras do mundo, Vale e BHP. Você dorme tranquilo sabendo que receberá seu dinheiro corrigido com bons juros. Mas então, a barragem se rompe. A companhia começa a não apenas deixar de ter fluxo de caixa uma vez que a operação foi paralisada e ainda começa a receber multas e ter de pagar indenizações pelos danos causados. Seus acionistas se responsabilizam apenas por uma parte destes problemas. A empresa então deixa de pagar os juros de seus bônus aos seus investidores.

3- Companhias aéreas – Tirando o caso de queda de avião, podemos citar uma situação ainda mais emblemática. Imagine-se acionista de uma companhia aérea europeia, ela está consolidada em seu setor e novamente você pode ter boas noites de sono. Mas então, um vulcão, a muito desativado resolve acordar e solta cinzas que tomam todo o céu. Os aeroportos fecham e milhares de voos são cancelados. Sua empresa simplesmente deixou de existir durante este período, porém, novamente seu custos e juros continuaram existindo.

4- Confisco brasileiro – Sexta-feira, 16 de março de 1990, feriado bancário. Um dia após tomar posse como o primeiro presidente eleito no país de forma direta após quase 30 anos, Fernando Collor de Mello anunciou um pacote radical de medidas econômicas, incluindo o confisco dos depósitos bancários e das até então intocáveis cadernetas de poupança dos brasileiros no dia seguinte de sua posse. A população reagiu com perplexidade, especialmente às medidas de bloqueio do dinheiro.

Ao fim do feriado bancário de três dias, longas filas se formaram nas agências, e os bancos não tinham dinheiro suficiente para cobrir saques dos clientes. O comércio também ficou paralisado. Nesta época não havia a cultura de investimentos então boa parte dos recursos dos brasileiros estava de fato na poupança. Agora você que dormiu rico, acordou pobre. Novamente seus funcionários, contas entre outras despesas não esperaram a situação acalmar e continuaram a vir. Foi uma época traumática e de muitos suicídios.

Para quem não acha que isto não ocorrerá mais pensemos no que o governo indiano ou o venezuelano fez com seus cidadãos. Os indianos tiveram suas notas mais altas (500 e 1000 rúpias) inutilizadas e seu ouro passou a ser confiscado com violência (o exército entra na casa das pessoas para confiscar). O governo Venezuelano então, não para de surpreender, agora fechou as fronteiras com o Brasil. Brasileiros ficaram presos no caos social, sem alimentos, medicamentos e segurança.

http://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2016/09/samarco-deixa-de-pagar-juros-de-bonus-investidores-diz-banco.html

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/04/boa-parte-do-espaco-aereo-europeu-segue-fechado-nesta-sexta-feira.html

http://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/05/cinzas-vulcanicas-ainda-mantem-fechados-4-aeroportos-na-espanha.html

No Brasil, sempre foi comum o pensamento de Estado forte e formação das “campeãs nacionais. Até mesmo alguns de nossos capitalistas acreditavam nesta ideia ao invés desenvolvimento pelo mercado.
Além disto criam bancos de fomento que concedem subsídios e financiam projetos que por vezes nunca irão se pagar. O principal deles é o BNDES, um banco público que por diversas vezes precisou receber aportes do tesouro para sobreviver e continuar sua bonança financeira.

O ano era 2007 o Brasil havia acabado descobrir sua nova mina de ouro: as reservas do pré sal. O preço do barril ainda estava perto de suas máximas, acima dos U$ 100 o barril. Parecia um cenário promissor para investimentos na área.

Então uma de suas fornecedoras decidiu por realizar investimentos que certamente a fariam mudar de patamar.

Fundada ainda nos anos 80, a metalúrgica gaúcha com sede em Caxias do Sul, Lupatech, atuou durante décadas em setores tão distintos como automobilístico e de alimentos. A anunciada auto-suficiência do país na produção de petróleo e da descoberta do pré-sal em 2007, levaram a empresa a realizar uma série de aquisições que a consolidaram como um fornecedor apto a grandes contratos no setor de óleo e gás. Foram mais de 16 aquisições entre 2006 e 2008 que levaram a empresa a faturar mais de R$ 550 milhões em 2010.

No mesmo ano, a empresa garantiu aquilo que poderia lhe fazer mudar de patamar, entrando para o clube de grandes fornecedores mundiais da cadeia de petróleo e gás. A conquista de contratos no valor de R$ 1,7 bilhão junto à Petrobras levou a Lupatech e seus acionistas a projetarem um crescimento vertiginoso nos anos seguintes.

Assim como a estatal, porém, as ações da Lupatech rolaram ladeira abaixo. De 2010 a 2014, quando a companhia entrou com pedido de recuperação judicial, suas ações caíram mais de 99%. Em 2015 não é diferente: a companhia teve uma queda de 92,89%. Segundo seu plano de recuperação judicial, a empresa foi vítima da má conjuntura do setor de petróleo, cujo barril caiu para US$ 45 dólares, ante mais de US$ 130 quando da assinatura dos contratos, além da conjuntura da própria Petrobras, envolta em escândalos que a levaram a declarar uma baixa de ativos no valor de R$ 88 bilhões, fruto de má gestão e corrupção, segundo a própria empresa.

Para além de culpar fatores externos, analistas citam ainda que o elevado nível de endividamento somado ao não recebimento de valores da Petrobras levaram a empresa à atual situação. A aposta excessiva no setor de petróleo e gás culminou com a quebra da empresa e a demissão de milhares de funcionários em suas mais de 20 unidades no Brasil e no exterior.

Novamente vemos como um governo incompetente pode destruir setores inteiros mesmo quando bem intencionados. O mercado não precisa de benefícios, precisa de leis claras, coerentes e imutáveis que os permita realizar e mensurar investimentos de longo prazo.
Observamos movimento semelhante, porém, ainda sem impacto traumático com o programa de financiamento estudantis FIES, na qual o governo subitamente alterou as regras e prazos de recebimentos dos valores deixando as empresas de calçar arriadas.

Por fim ficam algumas lições:

Você pode ganhar 100% diversas vezes, porém perder é uma só.
Se você perde 10% do seu capital, precisa fazer 11% para voltar ao patamar inicial. Porém, se você perde 50% de seu capital, você precisará dobrar para voltar ao estado inicial.
O bilionário Warren Buffett possui duas regras básicas ao investir.
1- Nunca perca dinheiro
2- Nunca se esqueça da regra Número 1