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Índice WB – o infalível

Há uma história que data da época da crise de 29 na qual um grande investidor estava caminhando em Wall Street a caminho para o trabalho quando resolveu parar para engraxar os sapatos.

O engraxate puxou assunto e começou a comentar e dar dicas sobre ações para ele. O homem ouviu e não interrompeu o engraxate. Serviço concluído o homem seguiu para seu escritório onde reuniu sua equipe e pedir para que liquidassem (vendessem) todas as posições em bolsa de valores. Os funcionários atônitos, atenderam ao pedido.

Cerca de 2 semanas após este fato iniciou-se a quebradeira na bolsa de valores de Nova York que posteriormente ocasionaria a crise de 29 (maior crise da história do capitalismo).

Hoje, não temo um engraxate que nos chame atenção mas sim um grande e respeitado âncora do maior telejornal do pais.

Toda vez que Willian Bonner comentar algo sobre economia, seja para bem ou para mal, é hora de inverter a mão. Infelizmente a área de investimentos no Brasil ainda não é para todos.

Você já ouviu falar sobre o efeito manada, e o quanto ele foi importante para a sobrevivência do ser humano ao longo desses milhares de anos?

Vou lhe explicar do que se trata o efeito, mas primeiro deixa eu contar porque escolhi esse tema para escrever hoje.

É ano novo, e todos estão empolgados com novos projetos e mudanças de hábitos, isso é tão verdade que me deparei com vários textos sobre o assunto nos últimos dias.

Da mesma forma, ouvi relatos da loucura que estavam os supermercados em função das festas de final de ano, e esbarrei em um trânsito caótico no feriadão.

Acontece que nessas situações, e em diversas outras que envolvem uma grande quantidade de pessoas, me vejo em um conflito interno. Ao mesmo tempo que não quero seguir o fluxo, quero fazer parte do grande grupo. Você passa por essa incógnita também?

Mas antes de mais nada, vamos ao conceito.

O que é o efeito manada?

Quando os indivíduos de um grupo agem de forma semelhante e em conjunto, sem que haja um planejamento antecipado, é o que chamamos de efeito manada.

Exemplos corriqueiros se encaixam nesse conceito, como formação de opiniões, mercado de ações, jogos de futebol, encontros religiosos, tumultos e manifestações.

O comportamento “Maria vai com as outras” ocorre, pois temos medo de não sermos aceitos no grupo, e não queremos correr o risco de ficar de fora do bando.

A evolução do ser humano dependeu grande parte desse efeito. As fofocas surgiram em uma época em que os homos sapiens formavam grupos cada vez mais fortes, segregados pela arte de falar da vida alheia. E ai de quem não entrasse na conversa, podia ser excluído do grupo.

Alguma semelhança com o mundo contemporâneo? 🙂

Seguir a manada: bom ou ruim?

Vamos lá, não existe certo ou errado, bom ou ruim. O que posso dizer é que tudo depende do ângulo que analisamos o tema.

Se considerarmos que seguir a manada significa não contestar o que nos é posto, deixar que pensem por nós, e fazer tudo o que nos dizem, por mais que tais ações vão contra nossos valores, afirmo que é muito, mas muito ruim!

É como a maioria das nossas mães falam:

Você não é todo mundo! Se eles se jogarem no poço, você se joga também?

Se jogar no poço seria bem perigoso, nesse caso eu seria a diferentona hehe.

A verdade é que seria muito difícil sobreviver sem nos relacionarmos e sem fazer parte de um grupo. Mas considero que escolher a dedo o bando no qual queremos participar, é essencial para uma vida sadia e sustentável por longos anos.

>> Artigo relacionado: O que aprendi com relações longas e nem sempre saudáveis <<

Se você já assistiu o filme A Era do Gelo deve lembrar da cena em que o Manny caminha contra a manada. Ele não fez isso simplesmente por fazer, e sim porque sua espécie se adapta muito bem ao frio, ao contrário dos outros mamíferos.

Você pode assistir o trecho que estou falando aqui embaixo:

Caso o mamute optasse por seguir o fluxo correria o risco de morrer, então o que ele fez? Seguiu seu instinto, ignorando a manada.

Acontece que caminhar contra pode não ser tarefa fácil, e é bem possível que essa seja a justificativa para a maioria das pessoas se manterem no fluxo, sem contestar.

Ônus e bônus de ser o diferentão

Sabe os planos para o novo ano? Por que não fazê-los em uma data aleatória, e por que nos empolgamos para mudar apenas quando o calendário é renovado?

E o consumo exacerbado nas festas de final de ano? É realmente necessário? Precisamos encher nossas casas de coisas que nem sequer usamos?

Ah, não vou deixar de comer carne para não virar a chata do rolé! Carregar meu kit sustentável nas festas, será?!

Esses são alguns exemplos das indagações que correm ou já correram na mente de candidatos a diferentões, e inclusive na minha cabeça.

Agora, uma confissão: remar contra a maré às vezes (se não muitas vezes) cansa! E chego a conclusão que esse cansaço advém do medo de desagradar os demais membros do grupo (olha o efeito manada).

Escrevendo esse texto, chego em duas alternativas para a incógnita, que serve não só para você leitor, mas para mim também: 1) Muda de grupo, ou 2) Liga o botão do Foda-se.

Se preferir seguir a manada, tá valendo também. Eu mesma segui o fluxo durante anos, mas posso afirmar que não valeu o preço: trabalhar com o que eu não curtia, do trabalho para casa, da casa para o trabalho, seguindo padrões que nem eram os meus, e aceitando ideias sem contestação, isso me cansava muito mais.

Mas quem sou eu para julgar, não é mesmo? Cada macaco no seu galho, e enquanto não descobrir o seu, siga pulando entre um e outro, afinal:

Nossas opiniões se tornam fixas no momento em que paramos de pensar. (Ernest Renan 1823-1892)

Publicado originalmente em anibiamachado.com.

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E então? Prefere seguir a manada ou ser o diferentão? Deixa um comentário aqui, será um prazer ouvi-lo 😉

Sou Aníbia Machado, produtora de conteúdos descomplicados, entusiasta em história e viagens culturais e cantora por hobby. 

Meu objetivo é aliar meu trabalho de produtora de conteúdo com viagens pelo mundo, mas acima de tudo, quero fazer as pessoas entenderem e respeitarem as diferenças culturais no mundo. 

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Apesar da tese mundialmente aceita dos mercados eficientes (que prevê que o mercado se auto ajusta), esta está muito longe de ser uma verdade absoluta.
O comportamento humano também é capaz de interferir nas decisões financeiras.
Isto não diz respeito ao conhecimento técnico e inteligencia do indivíduo mas também a outros fatores.

Isaac Newton proferiu a frase: “Posso prever o movimento das estrelas, mas não a loucura dos homens”. Ela foi proferida após sua falência, ocorrida durante a bolha da South Sea Company. A companhia, assim como muitas outras da época, buscava arrecadar fundos para bancar expedições que buscavam especiarias nas Índias.
O comportamento humano, inclusive, se aproxima do comportamento animal conforme exemplos abaixo.

Um grupo de cientistas colocou cinco macacos numa jaula. No meio, uma escada e sobre ela um cacho de bananas. Quando um macaco subia na escada para pegar as bananas, jogavam um jato de água fria nos que estavam no chão. Depois de certo tempo, quando um macaco ia subir a escada, os outros o pegavam e batiam nele. Com mais algum tempo, nenhum macaco subia mais a escada, apesar da tentação das bananas.
Então substituíram um dos macacos. A primeira coisa que o novo macaco fez foi subir a escada, dela sendo retirado pelos outros, que o espancaram.

Depois de algumas surras, o novo integrante do grupo não subia mais a escada. Houve uma nova substituição e o mesmo ocorreu, tendo o primeiro substituto participado das agressões contra o novato. Um terceiro foi trocado e o mesmo ocorreu. Um quarto, e, por fim, o último dos veteranos foi substituído.

Os cientistas então ficaram com um grupo de cinco macacos que mesmo nunca tendo tomado um banho frio, continuavam batendo naquele que tentasse pegar as bananas.
Se possível fosse perguntar a algum deles porque eles batiam em quem tentasse subir a escada, com certeza a resposta seria:
“Não sei, mas as coisas sempre foram assim por aqui”.

Uma dupla de pesquisadores da Universidade de Yale realizou um experimento com macacos e conseguiu fazer com que eles aprendessem a usar dinheiro, apostar e se prostituir em troca de guloseimas cada vez mais saborosas.

O estudo foi conduzido pelo economista Keith Chen em conjunto com a psicóloga Laurie Santos e durou cinco anos. O experimento foi feito com macacos capuchinhos e, em um primeiro momento, os pesquisadores induziram os primatas a trocar moedas por comida.
Com o passar do tempo, eles introduziram a ideia de que, quanto maior fosse o número de moedas adquiridas, maior seria a quantidade de guloseimas disponíveis. Uma vez tendo compreendido o processo, foi ensinado aos macacos que eles poderiam adquirir mais comida, caso conseguissem as moedas dos seus companheiros.

Certa vez, os cientistas esqueceram a porta da gaiola aberta. Os macacos então saíram e roubaram todas as moedas disponíveis. A gaiola virou um alvoroço de ostentação. Os cientistas não conseguiram recuperar as moedas e tiveram que ir colocando guloseimas por alguns dias até a economia local voltar ao normal.

A competição entre eles estimulou comportamentos do tipo “aposta”, cabendo ao vencedor o direito de ficar com a moeda. Em outro momento, Chen e Santos observaram que os primatas perdedores chegaram até mesmo a oferecer sexo em troca de moedas, caracterizando um comportamento de prostituição.

Com isto, podemos perceber o quão instintivos os seres humanos podem ser, tomando por vezes decisões não muito racionais.