Os fãs do Banco da Inglaterra, que o apontam como o banco central mais antigo do mundo (1694), costumam ser lembrados de que o banco central mais antigo, de fato, é o Sveriges Riksbank, o banco central da Suécia, criado em 1668. Por isso, quando Stefan Ingves, diretor do Sveriges Riksbank, fez declarações ao FMI, publicadas recentemente aqui, em uma newsletter do próprio fundo, a “Finance & Development”, elas naturalmente chamaram a atenção. As linhas com que ele abre a declaração são impressionantes, ainda que não totalmente surpreendentes: “A Suécia está rapidamente abandonando o dinheiro em espécie. A demanda por papel-moeda caiu mais de 50% na última década, à medida que um número cada vez maior de pessoas passa a usar apenas cartões de crédito ou um telefone celular…
Mais da metade de todas as agências bancárias não trabalham mais com dinheiro em espécie. Sete de cada dez consumidores afirmam que conseguem viver sem papel-moeda… e o dinheiro em espécie agora responde por apenas 13% dos pagamentos nas lojas. Ele continua, ogando um balde de água fria nas criptomoedas (“não considero essas tais moedas dinheiro…”), e questionando o futuro dos próprios bancos centrais (“o Estado não pode se ausentar totalmente de suas responsabilidades sociais. Mas ainda não sabemos qual exatamente será seu novo papel”). Há algo de irônico no fato de o banco central mais antigo do mundo apoiar-se nas políticas anti-papel-moeda mais sofisticadas do mundo.
Porém, se você vir o Sveriges Riksbank como o testa de ferro dos peixes grandes do movimento antipapel-moeda,
tudo faz sentido.