O caos Lupatech

No Brasil, sempre foi comum o pensamento de Estado forte e formação das “campeãs nacionais. Até mesmo alguns de nossos capitalistas acreditavam nesta ideia ao invés desenvolvimento pelo mercado.
Além disto criam bancos de fomento que concedem subsídios e financiam projetos que por vezes nunca irão se pagar. O principal deles é o BNDES, um banco público que por diversas vezes precisou receber aportes do tesouro para sobreviver e continuar sua bonança financeira.

O ano era 2007 o Brasil havia acabado descobrir sua nova mina de ouro: as reservas do pré sal. O preço do barril ainda estava perto de suas máximas, acima dos U$ 100 o barril. Parecia um cenário promissor para investimentos na área.

Então uma de suas fornecedoras decidiu por realizar investimentos que certamente a fariam mudar de patamar.

Fundada ainda nos anos 80, a metalúrgica gaúcha com sede em Caxias do Sul, Lupatech, atuou durante décadas em setores tão distintos como automobilístico e de alimentos. A anunciada auto-suficiência do país na produção de petróleo e da descoberta do pré-sal em 2007, levaram a empresa a realizar uma série de aquisições que a consolidaram como um fornecedor apto a grandes contratos no setor de óleo e gás. Foram mais de 16 aquisições entre 2006 e 2008 que levaram a empresa a faturar mais de R$ 550 milhões em 2010.

No mesmo ano, a empresa garantiu aquilo que poderia lhe fazer mudar de patamar, entrando para o clube de grandes fornecedores mundiais da cadeia de petróleo e gás. A conquista de contratos no valor de R$ 1,7 bilhão junto à Petrobras levou a Lupatech e seus acionistas a projetarem um crescimento vertiginoso nos anos seguintes.

Assim como a estatal, porém, as ações da Lupatech rolaram ladeira abaixo. De 2010 a 2014, quando a companhia entrou com pedido de recuperação judicial, suas ações caíram mais de 99%. Em 2015 não é diferente: a companhia teve uma queda de 92,89%. Segundo seu plano de recuperação judicial, a empresa foi vítima da má conjuntura do setor de petróleo, cujo barril caiu para US$ 45 dólares, ante mais de US$ 130 quando da assinatura dos contratos, além da conjuntura da própria Petrobras, envolta em escândalos que a levaram a declarar uma baixa de ativos no valor de R$ 88 bilhões, fruto de má gestão e corrupção, segundo a própria empresa.

Para além de culpar fatores externos, analistas citam ainda que o elevado nível de endividamento somado ao não recebimento de valores da Petrobras levaram a empresa à atual situação. A aposta excessiva no setor de petróleo e gás culminou com a quebra da empresa e a demissão de milhares de funcionários em suas mais de 20 unidades no Brasil e no exterior.

Novamente vemos como um governo incompetente pode destruir setores inteiros mesmo quando bem intencionados. O mercado não precisa de benefícios, precisa de leis claras, coerentes e imutáveis que os permita realizar e mensurar investimentos de longo prazo.
Observamos movimento semelhante, porém, ainda sem impacto traumático com o programa de financiamento estudantis FIES, na qual o governo subitamente alterou as regras e prazos de recebimentos dos valores deixando as empresas de calçar arriadas.

Por fim ficam algumas lições:

Você pode ganhar 100% diversas vezes, porém perder é uma só.
Se você perde 10% do seu capital, precisa fazer 11% para voltar ao patamar inicial. Porém, se você perde 50% de seu capital, você precisará dobrar para voltar ao estado inicial.
O bilionário Warren Buffett possui duas regras básicas ao investir.
1- Nunca perca dinheiro
2- Nunca se esqueça da regra Número 1

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