Começam a aparecer as primeiras rachaduras na grande muralha de dívidas da China. Os excessos do endividamento do país asiáGco nos úlGmos dez anos são bem conhecidos. As empresas chinesas contraíram centenas de bilhões de dólares em dívidas, a maioria das quais é impagável sem os subsídios de Beijing. Na China, a razão dívida-capital próprio supera os 300%, um número muito pior do que o dos EUA (que também é perigosamente alto) e comparável ao do Japão e de outros devedores célebres. O mercado trilionário de produtos de gestão de riqueza (“wealth management products” ou WMPs, na sigla em inglês) da China é, essencialmente, um esquema Ponzi, no qual novos WMPs são usados para resgatar WMPs vencidos, enquanto a maior parte do mercado é simplesmente rolada, já que os empreendimentos imobiliários e projetos de infraestrutura aos quais esses produtos estão vinculados não têm a menor condição de arcar com suas dívidas. Boa parte 7 4 dos empréstimos corporativos são feitos de uma empresa para outra, a qual, por sua vez, empresta para outra, em uma dinâmica circular que faz parecer que todas as empresas envolvidas têm aGvo suficiente para honrar seus compromissos, quando, na verdade, nenhuma delas tem condições de pagar os credores. Estamos falando de um jogo de contabilidade em que não há nenhum dinheiro de verdade nem qualquer chance de exGnção das dívidas. Todos esses fatos são bem conhecidos. O que não se sabe é quando isso vai acabar. Quando a confiança ficará tão abalada que todo o castelo de cartas da dívida desabará? Quando chegará o momento em que um choque geopolítico ou um desastre natural provocará uma perda de confiança que dará início a um pânico financeiro? Poucas projeções foram feitas a respeito no último ano, porque o presidente chinês, Xi Jinping, estava abafando o problema em vista da proximidade do Congresso Nacional do Partido Comunista da China, realizado uma vez a cada cinco anos, e que acabou de ser concluído. Com o encerramento do Congresso, Xi está pronto para realizar reformas no sistema financeiro que envolverá o fechamento de empresas e bancos insolventes. Agora, as primeiras falências começaram a acontecer, como mostra este artigo. O Dandong Port Group, empresa que opera na região crítica próxima à Coreia do Norte, acaba de declarar insolvência. Esse pode ser o início de uma grande onda de insolvência. A questão agora é se Xi Jinping será capaz de implementar as reformas planejadas e fechar as empresas insolventes sem transformar o processo em algo ainda mais perigoso e incontrolável. Os sinais iniciais indicam que o processo de reestruturação será mais difícil que Xi esperava, e que a atual ameaça de pânico é a maior desde 2008.

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