O Poderoso Chefão Corporativo

O crime organizado é de fato muito organizado. Por vezes são até mesmo mais eficientes que as empresas convencionais. Com a Máfia podemos ter diversos ensinamentos de como gerir um negócio e como influenciar pessoas.

“Mantenha seus amigos próximos e seus inimigos mais próximos ainda.”
Al Pacino – Mike Corleone

Em O Poderoso Chefão, filme clássico do cinema podemos aprender sobre a gestão de negócios, assunção comedida de riscos e controle de emoções.

Santino Corleone, o mais impulsivo filho de Vitto Corleone, certa ocasião se enraiveceu porque o marido de sua irmã Connie havia batido nela. Tomado por fúria Sonny abandonou a proteção da mansão Corleone e foi surpreendido em um pedágio onde foi metralhado.

https://www.youtube.com/watch?v=KicoS40fK48

Lou Ferrante era um membro da família mafiosa Gambino, a qual controlava boa parte da cidade de Nova York. Ferrante foi preso por 8 anos, período em que estudou história, filosofia administração e literatura, tornando-se então autor do best seller: O Poderoso Chefão Corporativo. Ao estudar Ferrante percebeu que muitos dos conceitos encontrados já eram aplicados na operação dos negócios mesmo sem um treinamento formal. Abaixo podemos observar algumas histórias:

A família possuía um cassino clandestino que não estava indo muito bem. Ferrante então aconselhou seu dono a oferecer bebida e comida gratuitas. Indignado o homem afirmou: “Como posso fazer isso? Já estou no prejuízo, vou me afundar ainda mais”.
Ferrante respondeu: Apenas faça um teste com o que estou lhe dizendo. Assim o homem implementou comida e bebida grátis em seu estabelecimento.

Pouco tempo depois o cassino estava indo de vento em popa. Percebeu-se que os clientes iam até o cassino, perdiam U$ 10 mil e ainda saiam satisfeitos por terem comido filé mignon e bebido um bom vinho.

Em outra ocasião, durante uma guerra entre famílias, um dos chefes foi morto por seu rival. O chefe morto possuía um filho adolescente que estava enfurecido e começou a falar abertamente que iria arrancar a cabeça do outro chefe com os próprios braços.

Em algum momento esta informação chegou ao chefe da outra família. O chefe que sequer sabia sobre o filho de seu rival, se surpreendeu com as afirmações e ordenou sua captura.

Assim foi feito e o jovem foi torturado por 12 horas antes de sua execução, tendo inclusive seus braços arrancados onde o chefe falou: “Era com estes braços que você iria me matar?”

Portanto, a lição que fica é: “Se vai fazer algo contra alguém, faça! Não avise”.

Em outra ocasião um dos chefes de família de Nova York sempre andava pela rua de roupão e pantufas fazendo movimentos estranhos e incoerentes. Parecia portanto louco.

Quando indagado por seus comparsas sobre seu comportamento afirmou:

É melhor parecer um idiota do que ser um. Com isto ele evitou as investigações da policia por diversas vezes.

O mercado de derivativos (opções) aparece na vida de muitos investidores com a promessa de fortes ganho em período curtíssimo de tempo. Entretanto a realidade não é essa. O próprio Warren Buffett afirmou: “Os derivativos são a verdadeira arma de destruição em massa”.

Um ditado muito conhecido é: “Não dê o peixe, ensine a pescar”. Para o mercado de opções o ditado mudaria para “Ensine o homem a arbitrar e nunca mais passará fome”.

A arbitragem diz respeito a realização de operações que estão mal precificadas. Algo que matematicamente não faz sentido. Hoje há poucas oportunidades deste tipo uma vez que milhares de computadores as buscam todos os dias. Um exemplo de arbitragem ocorre no mercado de moedas (Forex). Imaginemos 2 pares de moedas: USD X BRL e EUR x BRL. Baseado na cotação de ambos podemos encontrar uma cotação entre USD X EUR.

O mercado de opções, comumente chamado de canto da sereia. Na mitologia, as sereias apresentavam-se extremamente bonitas e com um lindo canto para atrair marinheiro para suas garras. O mesmo ocorre com as opções, deslumbra-se com altos ganhos até que um dia tudo muda.

Bom, agora vamos a algumas histórias reais:
Em início de carreia era comum passar algumas horas do dia no site da CBLC (Central Depositária de Liquidação e Compensação) buscando grandes posições em aberto de opções ou por opções que fossem pouco líquidas. Certa vez encontramos a seguinte operação:

Ativo objeto: BVMF3 (ações da BMF Bovespas)
Preço atual BVMF3 – R$ 4,00
Opção – BVMF com preço de exercício R$ 8,00 para um prazo de 2 meses.
Preço da opção – R$ 6,00

Ou seja receberia R$ 4, por ação para vender o ativo objeto posteriormente por R$ 8,00. No melhor dos casos lucraria R$ 8,00 por ação. No pior dos casos, a ação objeto cairia e ficaria abaixo dos R$ 8,00 e a opção viraria pó. Porém, teria recebido os R$ 2,00 por ação. Este seria o lucro na pior opção.

Para a quantidade ofertada, no pior do casos a empresa iria a falência e valeria zero, porém teria embolsado os R$ 4 por ação. Em qualquer outro cenário teríamos lucro.

Incrédulo, liguei para amigos da área, li novamente o livro manual. De fato alguém havia cometido um erro em colocar aquela ordem. Como não tenho nada a ver com isso, inseri uma venda fazendo o ativo iniciar um leilão. Pouco tempo depois o telefone tocou, era a minha corretora falando que a outra parte havia entrado em contato pedindo para abrir mão da operação pois haviam cometido um erro.

Negamos abrir mão, porém com o decorrer do leilão apareceu uma ordem de R$ 0,01 sendo posteriormente executada. A ordem foi colocada pela mesma corretora da parte contrária, com certeza foi alguém conhecido fazendo um favor.

Em outra oportunidade identificamos uma opção do falecido banco Cruzeiro do Sul. A opção era in the Money (preço abaixo da cotação atual) e apresentava um ágio de cerca de 17% para um prazo de 3 meses. Ou seja a opção conseguiria proteger a ação de uma queda de até 20%, qualquer queda menor que isso haveria lucro. Posteriormente, ao conferirmos a opção no site CBLC percebemos que a opção tinha prazo de vencimento para 1 ano e 3 meses e não 3 meses conforme demonstrado no home broker. Entramos em contato com a corretora, que estornou a operação sem prejuizos financeiras.

Tentamos sempre reduzir riscos e maximizar retornos, porém é impossível prever e proteger tudo.
Warren Buffet costumava não concordar com a afirmação: Não coloque todos os ovos na mesma cesta. Buffett dizia para colocar os ovos em apenas 1 cesta e protege-la com sua vida.

Peter Lynch também era contra esta afirmação dizendo que o processo de diversificação era na verdade um processo de “priorização”.
Agora vejamos algumas situações ocorridas. Vejam se era possível prever alguma delas.

1 – Caso Lupatech – a Petrobrás sempre foi uma mãe para seus fornecedores, por vezes efetuava o pagamento antes do produto ser entregue ou serviço realizado. Mas então o calo apertou, o petróleo caiu, o país entrou em crise e a Petrobrás precisou cortar alguns pagamentos.

A Lupatech era uma fornecedora de ferramentas e peças a serem utilizadas na extração de petróleo. Preparando-se para suprir a alta demanda gerada pela exploração do pré sal a companhia realizou grandes investimentos. Para tal contraiu dívidas e emitiu mais ações.

Mas então a crise iniciou-se e o pré sal foi colocado de lado. Toda aquela estrutura montada ficou ociosa, porém os juros e custos de sua operação continuaram a corroer a companhia. Ela ainda tentou aguardar por mais um tempo buscando novas dívidas e emitindo mais ações, confiando na retomada do mercado.

Isto nunca ocorreu e a companhia acabou entrando em recuperação judicial.

2- Caso Samarco – Imagine-se você sendo um credor de uma grande companhia mineradora. E melhor que isto, seus acionistas sendo as duas maiores mineradoras do mundo, Vale e BHP. Você dorme tranquilo sabendo que receberá seu dinheiro corrigido com bons juros. Mas então, a barragem se rompe. A companhia começa a não apenas deixar de ter fluxo de caixa uma vez que a operação foi paralisada e ainda começa a receber multas e ter de pagar indenizações pelos danos causados. Seus acionistas se responsabilizam apenas por uma parte destes problemas. A empresa então deixa de pagar os juros de seus bônus aos seus investidores.

3- Companhias aéreas – Tirando o caso de queda de avião, podemos citar uma situação ainda mais emblemática. Imagine-se acionista de uma companhia aérea europeia, ela está consolidada em seu setor e novamente você pode ter boas noites de sono. Mas então, um vulcão, a muito desativado resolve acordar e solta cinzas que tomam todo o céu. Os aeroportos fecham e milhares de voos são cancelados. Sua empresa simplesmente deixou de existir durante este período, porém, novamente seu custos e juros continuaram existindo.

4- Confisco brasileiro – Sexta-feira, 16 de março de 1990, feriado bancário. Um dia após tomar posse como o primeiro presidente eleito no país de forma direta após quase 30 anos, Fernando Collor de Mello anunciou um pacote radical de medidas econômicas, incluindo o confisco dos depósitos bancários e das até então intocáveis cadernetas de poupança dos brasileiros no dia seguinte de sua posse. A população reagiu com perplexidade, especialmente às medidas de bloqueio do dinheiro.

Ao fim do feriado bancário de três dias, longas filas se formaram nas agências, e os bancos não tinham dinheiro suficiente para cobrir saques dos clientes. O comércio também ficou paralisado. Nesta época não havia a cultura de investimentos então boa parte dos recursos dos brasileiros estava de fato na poupança. Agora você que dormiu rico, acordou pobre. Novamente seus funcionários, contas entre outras despesas não esperaram a situação acalmar e continuaram a vir. Foi uma época traumática e de muitos suicídios.

Para quem não acha que isto não ocorrerá mais pensemos no que o governo indiano ou o venezuelano fez com seus cidadãos. Os indianos tiveram suas notas mais altas (500 e 1000 rúpias) inutilizadas e seu ouro passou a ser confiscado com violência (o exército entra na casa das pessoas para confiscar). O governo Venezuelano então, não para de surpreender, agora fechou as fronteiras com o Brasil. Brasileiros ficaram presos no caos social, sem alimentos, medicamentos e segurança.

https://g1.globo.com/economia/negocios/noticia/2016/09/samarco-deixa-de-pagar-juros-de-bonus-investidores-diz-banco.html

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/04/boa-parte-do-espaco-aereo-europeu-segue-fechado-nesta-sexta-feira.html

https://g1.globo.com/mundo/noticia/2010/05/cinzas-vulcanicas-ainda-mantem-fechados-4-aeroportos-na-espanha.html

As histórias da época de amador são muito divertidas e animadas, porém, não eram tão animadoras assim à época. Tentarei expor novas histórias ocorridas.

Chegou a vez de Docas Imbituba (IMBI4), um porto localizado em Santa Catarina que iria se beneficiar da aprovação da Lei das ZPEs (Zonas de Processamento de Exportação). Esta medida seria capaz de fomentar a atividade de alguns portos brasileiros, entre eles Imbituba.

Pois bem, com o aproximar do dia da votação do projeto a ação sofreu forte especulação. Os ganhos já eram notáveis. No dia da votação em plenário, assisti TV Senado desde o início da sessão às 9 horas. Aloisio Mercadante, então presidente iniciou um discurso afirmando que o projeto já tramitava há anos e que era de suma importância e que deveria ser votado naquele dia de qualquer forma.

Eis que um senhor levanta sua mão e inicia-se o seguinte diálogo:

Senhor: “Excelência, eu não li!”
AM: ‘ Que isso cara, você não leu o que?”
Senhor: “Eu não li o projeto”
AM: “Putz, cara você teve 20 anos pra ler o projeto, isto é da época do Brizola!”
Senhor: “Pois é, mas não li”
AM: Ok então, vamos adiar a votação.
AM: “Prezados, já que não votamos o projeto mais importante sugiro suspender a sessão por hoje, alguém se opõe?”
Sem dar tempo de resposta bateu o martelo e encerrou a sessão as 9:15 da manhã.

Isto gerou mais um dia de especulação e ganhos. No dia seguinte a proposta foi votada e aprovada, o que gerou desabamento do valor as ações.

Há um ditado popular na bolsa sobre este movimento. “O famoso Sobe no Boato e Cai no Fato”.

Outras especulações sobre a de aquisição de bancos estatais pelo Banco do Brasil. De fato já haviam ocorrido alguns movimentos deste tipo.

Portanto, dois bancos estatais Banco do Espirito Santo (BEES3) e Banco da Amazonia (BAZA3).
BEES3 saiu de uma cotação de R$ 0,8 para um pico de R$ 5,00, enquanto BAZE3 foi de R$ 20,00 para R$ 100,00. Em ambos os casos as ações retornaram para seus níveis anteriores em poucos dias.

Mais uma boa história ocorreu com Kepler Weber (KEPL3). A empresa passava por dificuldades e decidiu por emitir novas ações. O problema foi o preço desta subscrição que foi de R$ 0,3 enquanto a cotação de mercado girava em torno de R$ 1. É comum as empresas oferecerem algum deságio para a subscrição de novas ações, porém, não neste nível.

Como esperado as ações iniciaram a derrocada. Duas corretoras foram as maiores vendedoras: Pactual e Link. Posteriormente descobriu-se que ambas estavam vendidas a descoberto e sequer alugaram ações. A Bovespa aplicou uma multa em ambas, porém nem de perto suficiente para contrapor os ganhos obtidos na operação.

Contarei agora alguns casos exóticos dos quais presenciei e/ou participei desde que entrei no mercado em 2006.

Diferente da maioria das pessoas, entrei no mercado operando micos¹ e opções². Operando no mercado de opções comecei com um patrimônio juvenil de R$ 2.000, juntados ao longo da vida com presentes de aniversário e dinheiro de mesada. Em 3 semanas cheguei ao patrimônio de R$ 10.000, ao custo de noites mal dormidas, aftas na boca e tremores no corpo. Sempre acordava de madrugada tremendo e ainda ligava na Bloomberg para ver como estava o Nikei do Japão imaginando se isto poderia alterar meu resultado do dia seguinte.

Porém, um certo dia tudo mudou. Durante um pregão, no qual minha posição já estava em prejuízo, o sistema da bolsa de valores saiu do ar e nenhum home broker no Brasil todo funcionou. Como ainda existia o pregão presencial em São Paulo, as negociações continuaram.

Quando o sistema retornou, a Vale estava com uma diferença de quase 4% em relação ao preço que estava antes do problema no sistema. Assim como dizia o ditado: “Do pó viestes ao pó retornarás”. Meu patrimônio desmoronou para módicos R$ 1.200 em cerca de 15 minutos.

O banqueiro J.P. Morgan costumava dizer: “Se você pudesse vender sua experiência pelo preço que ela lhe custou, ficaria rico”. Sábias e verdadeiras palavras.

Parti então para os micos, afinal de contas, apesar de grandes oscilações, as mesmas não tem data de vencimento, por isso seu valor nunca chegaria a zero em caso de queda da ação objeto.

Um outro caso exotico foi o que ocorreu com TENE5, uma empresa que os investidores sequer sabia-se qual era o ramo de atuação. O gap existente no seu book de ofertas era, entretanto, notável. A diferença entre a primeira compra e a primeira venda chegava a 50%. Assim alguns investidores ficavam por vezes meses aguarando algum desesperado se largar (vender suas ações a um preço baixo). Quando já estava posicionado, normalmente comprava a quantidade mínima pelo preço alto da ordem de venda gerando assim a alta de 50%.
Feito isto, era comum começar a ver nos foruns da internet mensagens do tipo: Foguetão da vez! Vai bombar! Garanta já suas ações!.

E o pior é que os comentários nos foruns funcionavam iniciando novas compras a preços cada vez maiores Em algum momento os compradores iniciais começavam a vender suas posições e embolsávam um excelente lucro percentual que ainda, dada a baixissima liquidez do papel, representava nada nominalmente.

Sem dúvida eram tempos muito intensos e até mesmo divertidos.

Outra grande especulação que vivenciei foi em RSIP4, uma empresa de maçãs que, à época, conseguia a proeza de ter prejuízo bruto, ou seja, para cada maçã vendida a empresa perdia dinheiro, seria melhor encerrar as atividades e ficar no zero a zero. A operação era simples, comprava a 0,40-0,42 centavos e vendia a 0,55-0,58.

Outro caso ocorreu com Hoot4, hotéis Othon, na época da escolha da cidade sede da olimpíada de 2016. A ação já vinha subindo na semana do veredito, porém no momento da apuração experimentavam valorizações mais acentuadas. A cada nova cidade que era eliminada a ação subia cerca de 10%. Obviamente assim que o Rio de Janeiro foi escolhido como sede, a ação desabou tudo que havia subido.

Agora, o que acho ter sido a maior especulação de todos os tempos: Ela ocorreu na chamada Inet em 2007. Inet era uma massa falida do governo que devia ter 2 funcionários, um pra fazer limpeza e outro pra carimbar e assinar páginas e mais páginas de problemas, porém um boato de utilização da Inet para ser a provedora de internet em âmbito nacional levantou o defunto. De uma cotação inicial de 0,30 centavos, a ação atingiu um pico intraday de R$ 22 reais, uma absurda valorização de 7233%.
Outra grande oscilação foi encontrada na antiga TNLP4. Com um movimento extremamente agressivo de compra de um grande fundo do Morgan Stanley, suas ações subiram cerca de 10% ao dia por 3 dias. Isto foi o suficiente para uma opção com valor de R$ 0,01 se valorizasse para R$ 3,20, ou seja, R$ 1.000 teriam virado R$ 320.000, suficientes até mesmo para a aquisição de um imóvel.
Hoje em dia percebo o quanto foi estressante e nem um pouco lucrativa esta época. Conhecimento é sempre a melhor escolha, como disse J.P. Morgan. Teremos mais histórias em breve.

¹ Micos – Ações de empresas em má situação financeira e com baixíssima liquidez

² Opções – Direito de compra/venda sobre um determinado ativo, por um determinado preço em uma data futura pré acordada

No fim de 2014, a China tinha, de longe, a maior posição de reserva de moeda forte que o mundo já havia visto – mais de 4 trilhões em dólares, euros, ienes, ouro e outros ativos valiosos (excluí os Estados Unidos dessa comparação porque 60 por cento das reservas mundiais são constituídas por dólares americanos; como os EUA podem imprimir dólares à vontade, o país não precisa tê-los em reserva. E a maioria dos leitores se surpreenderá ao saber que 70 por cento das reservas dos EUA são de ouro.) Contudo, na China, as coisas sempre estavam piores do que pareciam. Como diz uma velha piada do setor bancário: se você deve um milhão de dólares ao banco, você está com um problema, mas se você deve um bilhão de dólares ao banco, o banco está com um problema. Foi assim que Donald Trump escapou da falência durante o colapso do setor imobiliário comercial que ocorreu no fim dos anos 1980 e no início dos anos 1990; Trump devia tanto dinheiro aos bancos que eles o mantiveram no mercado para ajudá-los a conseguir receber. O resto é história. Por isso, quando vi que os EUA deviam 1,5 trilhão de dólares à China (esse é o valor de títulos da dívida do Tesouro que a China tinha em reserva), sabia que a China estava com problemas. Depois de 2014, com a ameaça de desvalorização do yuan e a formação evidente de uma bolha de crédito e do setor imobiliário, a China perdeu 1 trilhão de dólares em reservas, o que fez sua posição cair para 3 trilhões. Desse montante, 1 trilhão de dólares eram ilíquidos (alguém falou em fundos de hedge?), e 1 trilhão de dólares serviam como reserva preventiva para possíveis resgates do sistema bancário chinês. Assim, a China ficou com apenas 1 trilhão de dólares para defender sua moeda; além disso, em 2016, o país perdia reservas a uma razão de 50 bilhões de dólares por mês. A China caminhava para a falência. No fim de 2016 e em 2017, o governo chinês adotou medidas extremas para impedir que as reservas se esgotassem. A China fechou parcialmente a conta de capitais, elevou as taxas de juros e empreendeu um combate feroz às transferências de dinheiro. A estratégia funcionou no curto prazo. A conta de capitais da China se estabilizou em aproximadamente 3 trilhões de dólares. Mas a vitória foi temporária. Este artigo mostra que as fugas de capitais estão voltando a assombrar o país. O capital em fuga está lançando mão de todo tipo de truque, inclusive superfaturamentos, esquemas de lavagem de dinheiro em cassinos e o bom e velho contrabando de dinheiro. Uma das técnicas favoritas dos que tentam tirar dinheiro do país é fazê-lo com bitcoin e outras criptomoedas, por meio de laptops e de “brain wallets”. Por esse motivo, há alguns meses o governo chinês fechou todas as corretoras de bitcoin no país. A China está lutando uma batalha perdida. No final, a única solução será uma desvalorização extrema do yuan, de 20 ou 30 por cento, o que acabará com a própria razão da fuga de capitais.

 

Novamente a Trindade Impossível se mostra impossível – https://quartzoinvestments.com/trindade-impossivel/

Todo mercado que existiu na história da humanidade esteve sujeito a algum tipo de fraude em algum estágio de seu desenvolvimento. Um dos truques mais antigos dos negociantes, por exemplo, era pressionar a balança com o polegar enquanto pesavam as mercadorias para a venda ou o pagamento em ouro ou prata. Desde então, os golpes ficaram mais sofisticados. Toda a estrutura da regulação financeira moderna é basicamente uma resposta às estratégias engenhosas encontradas pelos negociantes para trapacear os clientes ao longo dos séculos. Haveria alguma razão para o mercado de bitcoin ser imune a fraudes?  Obviamente, a resposta é “não”. De fato, como mostra este artigo, o mercado de bitcoin é um ímã de fraudes justamente porque é novo e não tem qualquer regulação. Esquemas que os investidores encontravam em outros mercados, como divulgação de informações falsas, “insider trading” (uso indevido de informações privilegiadas), “ramping” (compra ou venda de ações para fazer os preços dos papéis subirem) e esquemas de “pump and dump” (compra de grandes quantidades de uma ação de baixo valor e baixa liquidez e subsequente divulgação de boatos para fazer o papel subir), instalaram-se no mercado de bitcoin. O artigo descreve de que maneira insiders, como programadores e patrocinadores/financiadores de criptomoedas, uniram-se a grandes fundos de hedge para inflar os preços das ofertas inicias de moedas (ICOs, na sigla em inglês) e então empurrá-las para investidores de varejo incautos. O golpe descrito combina diversas fraudes diferentes, incluindo “insider trading” e “pump and dump”. Essa atividade se assemelha aos golpes e IPOs das “ponto com” que tiveram seus preços inflados por “ramping” no final dos anos 1990 e depois quebraram no início dos anos 2000.  No caso das “ponto com”, ao menos havia um órgão regulador para ir atrás dos contraventores. Não existe um órgão regulador semelhante para o bitcoin ou para o universo das criptomoedas, embora a SEC tenha emitido comunicados recentemente indicando que começará a monitorar o mercado. Se algo parece bom demais para ser verdade, geralmente é. Os ganhos inacreditáveis das ofertas inicias de moedas devem acabar na mesma pilha de lixo em que foram parar as ações das “ponto com” do fim dos anos 1990.

A maioria dos investidores que tem alguma familiaridade com criptomoedas como o bitcoin ouviu falar dos ganhos astronômicos nos preços de mercado. O preço de um único bitcoin subiu de 1 mil dólares para mais de 4 mil dólares em pouco mais de um ano. Investidores que compraram bitcoins ainda antes, a 200 dólares, por exemplo, obtiveram ganhos de 2 mil por cento em questão de poucos anos. Esses preços são reais, ao menos segundo as principais corretoras de bitcoin. Algumas pessoas realizaram os lucros de seus bitcoins, convertendo-os em ganhos reais. Mas essas pessoas provavelmente são a exceção, não a regra. Na esperança de ganhos maiores, muitos investidores ainda mantêm bitcoins em corretoras não-regulamentadas. Este artigo mostra que essas corretoras estão cheias de fraudes e de hackers, além de não estarem sujeitas a qualquer tipo de prestação de contas. Há inúmeras histórias de investidores que tiveram que esperar semanas para liquidar investimentos em bitcoin enquanto os preços passavam por grandes oscilações. Os menos afortunados nunca conseguem liquidar os investimentos, porque as próprias corretoras roubam seus bitcoins ou simplesmente quebram. Aos riscos das corretoras, somam-se uma infinidade de outros riscos, como a associação ao tráfico de drogas, à sonegação de impostos e a coisas ainda piores. A Receita Federal americana, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC – Securities and Exchange Comission) e o Departamento de Justiça americano já estão trabalhando pesado para ter acesso aos registros das corretoras e conseguir chegar aos criminosos. Órgãos similares de outros países estão fazendo o mesmo. O que eles têm descoberto causa ainda mais danos à estabilidade do mercado e à segurança dos bitcoins. “Caveat Emptor” (o risco é do comprador) é um bom conselho em qualquer mercado, mas o melhor conselho com relação às corretoras de bitcoin é “que o comprador mantenha distância”, ao menos até que tenhamos entidades mais idôneas e uma melhor regulamentação.

Sun Tzu (544 a.C. – 496 a.C.) foi um general, estrategista e filósofo chinês.

Sun Tzu é mais conhecido por sua obra A Arte da Guerra, composta por 13 capítulos de estratégias militares.
Tal obra representa uma filosofia de guerra para gerir conflitos e vencer batalhas. É aceita como obra-prima em estratégia e frequentemente citada e referida por teóricos e generais, desde que foi publicada, traduzida e distribuída por todo o mundo.
Assim como na guerra, podemos aplicar alguns de seus conhecimentos em nossas vidas e finanças pessoais.

Abaixo algumas frases de Sun Tzu:

“A vitória está reservada para aqueles que estão dispostos a pagar o preço.”
No mercado financeiro não é diferente, a dor do aprendizado e o aprendizado obtido com os erros passados são fundamentais para um futuro de sucesso.

“Concentre-se no pontos FORTES, reconheça as FRAQUEZAS, agarre as OPORTUNIDADES e proteja-se contra as AMEAÇAS.”
Não adianta tentar fazer algo que não se entende, isto só levará a perdas e sofrimento. Pare e aprenda antes de tentar.
“O verdadeiro objetivo da guerra é a paz.”
Para todos os seres humanos, o dinheiro não deve ser o principal objetivo de sua vida. Ele deve ser perseguido para garantir uma vida feliz e confortável a si mesmo e aos que você ama.

Sun Tzu também nos ensina por meio do exemplo:​

O harém do caos​​

Certa vez Sun Tzu foi convocado por um sultão a organizar seu harém. Este era composto de 300 mulheres que conversavam, gritavam e andavam o dia todo pra lá e pra cá.
Antes de começar Sun Tzu fez três pedidos ao sultão:
1- Preciso ter total e inequívoca autoridade
2- Uma vez me concedida tal autoridade, o senhor não poderá mais retirá-la
3- Quero que estes dois guardas façam tudo que eu mandar.

O sultão então concordou com seus termos.
Em seguida Sun Tzu o pediu para escolher suas duas preferidas e dividiu o harém em duas metades. Para as preferidas ele ensinou três posições: Sentido, Descansar e Cobrir. Feito isto pediu para a primeira ensinar ao seu grupo de mulheres.
As mulheres não levaram muito a sério as solicitações da preferida e não cumpriram corretamente as posições. Sun Tzu então ordenou: guarda, corte-lhe a cabeça. O sultão levantou rapidamente para tentar impedir o assassinato da mulher que mais gostava, mas foi repreendido por Sun Tzu: Minha autoridade, lembra?
Cumprida sua ordem, Sun Tzu ensinou novamente as três posições para a segunda preferida. Ela por sua vez se empenhou em sua função de transmitir as posições para suas companheiras que, provavelmente, pelo medo as seguiram com perfeição.
Sun Tzu então se dirigiu ao sultão e disse: Alteza seu harém está organizado.

Com esta história podemos perceber o quanto a disciplina é importante para obtenção dos objetivos e que por vezes sacrifícios tem de ser feitos para atingir a vitória.

Conquista da Cidade Murada

Em outra história um general com exército extremamente forte queria atacar e conquistar uma cidade que possuía muralhas aparentemente intransponíveis.

Apesar da dificuldade, era visível que o exército invasor seria bem sucedido, nem que vencessem por cortar os suprimentos da cidade.
Ao cercá-los, o general do exército ordenou que um mensageiro fosse até a cidade e solicitasse comida e vinho. O líder da cidade murada, entretanto urinou em um pote e o enviou de volta.

O general então se enfureceu e ordenou um ataque imediado. Tal ataque foi desordenado e acabou culminando em uma enorme derrota.
Com isto podemos aprender que não devemos agir por impulso e tentar controlar nossas emoções. Agir desta forma pode levar a desastres financeiros irreparáveis.

O mercado de derivativos (opções) aparece na vida de muitos investidores com a promessa de fortes ganho em período curtíssimo de tempo. Entretanto a realidade não é essa. O próprio Warren Buffett afirmou: “Os derivativos são a verdadeira arma de destruição em massa”.

Um ditado muito conhecido é: “Não dê o peixe, ensine a pescar”. Para o mercado de opções o ditado mudaria para “Ensine o homem a arbitrar e nunca mais passará fome”.
A arbitragem diz respeito a realização de operações que estão mal precificadas. Algo que matematicamente não faz sentido. Hoje há poucas oportunidades deste tipo uma vez que milhares de computadores as buscam todos os dias. Um exemplo de arbitragem ocorre no mercado de moedas (Forex). Imaginemos 2 pares de moedas: USD X BRL e EUR x BRL. Baseado na cotação de ambos podemos encontrar uma cotação entre USD X EUR.

O mercado de opções, comumente chamado de canto da sereia. Na mitologia, as sereias apresentavam-se extremamente bonitas e com um lindo canto para atrair marinheiro para suas garras. O mesmo ocorre com as opções, deslumbra-se com altos ganhos até que um dia tudo muda.

Bom, agora vamos a algumas histórias reais:
Em início de carreia era comum passar algumas horas do dia no site da CBLC (Central Depositária de Liquidação e Compensação) buscando grandes posições em aberto de opções ou por opções que fossem pouco líquidas. Certa vez encontramos a seguinte operação:

Ativo objeto: BVMF3 (ações da BMF Bovespas)
Preço atual BVMF3 – R$ 4,00
Opção – BVMF com preço de exercício R$ 8,00 para um prazo de 2 meses.
Preço da opção – R$ 6,00

Ou seja receberia R$ 6, por ação para vender o ativo objeto posteriormente por R$ 8,00. No melhor dos casos lucraria R$ 10,00 por ação (4 de lucro + 6 da opção). No pior dos casos, a ação objeto cairia e ficaria abaixo dos R$ 8,00 e a opção viraria pó. Porém, teria recebido os R$ 6,00 por ação. Este seria o lucro na pior opção.

Para a quantidade ofertada, no pior do casos a empresa iria a falência e valeria zero, porém teria embolsado os R$ 6 por ação. Em qualquer outro cenário teríamos lucro.

Incrédulo, liguei para amigos da área, li novamente o livro manual. De fato alguém havia cometido um erro em colocar aquela ordem. Como não tenho nada a ver com isso, inseri uma venda fazendo o ativo iniciar um leilão. Pouco tempo depois o telefone tocou, era a minha corretora falando que a outra parte havia entrado em contato pedindo para abrir mão da operação pois haviam cometido um erro.
Negamos abrir mão, porém com o decorrer do leilão apareceu uma ordem de R$ 0,01 sendo posteriormente executada. A ordem foi colocada pela mesma corretora da parte contrária, com certeza foi alguém conhecido fazendo um favor.

Em outra oportunidade identificamos uma opção do falecido banco Cruzeiro do Sul. A opção era in the Money (preço abaixo da cotação atual) e apresentava um ágio de cerca de 17% para um prazo de 3 meses. Ou seja a opção conseguiria proteger a ação de uma queda de até 20%, qualquer queda menor que isso haveria lucro. Posteriormente, ao conferirmos a opção no site CBLC percebemos que a opção tinha prazo de vencimento para 1 ano e 3 meses e não 3 meses conforme demonstrado no home broker. Entramos em contato com a corretora, que estornou a operação sem prejuizos financeiras.