Arquivo para Tag: burro

Por vezes a ignorância é uma benção. Pessoas comuns vivem suas vidas sem preocupações assumindo risco que nem sabem que existem. Torço muito para que nada lhes aconteça mas o comum é que em algum momento o pior acontece. Ai a pessoa se vê desesperada, sem saber o que fazer e por vezes nada mais há o que fazer a não ser arcar com as consequências.

Pensemos uma criança que sempre juntou dinheiro. Valor este vindo de mesadas e presentes de aniversário e natal acumulados ao longo da vida. Pois bem aos vinte e poucos anos esta criança havia acumulado uma boa quantia. Ela nunca foi instruída a declarar tais recursos.

Então chega a idade limite que uma pessoa pode ser dependente de outra (normalmente pai ou mãe). A ex criança viu-se então obrigada a informar a Receita Federal sobre sua quantia. Se não fizesse isto, o banco na qual o dinheiro encontrava-se depositado o faria.

A quantia não teria lastro uma vez que o indivíduo nunca havia trabalhado, portanto não há explicação de como aquele dinheiro apareceu. Além disto a quantia era suficiente para que lhe fosse aplicada alíquota mais alta de Imposto de Renda (27,5%).

Revoltado e sem saber o que fazer finalmente recebeu um bom conselho de alguém que entendia da área. A solução foi: seu pai lhe fez um empréstimo no montante total, sem juros. Por ser pai não levanta-se suspeita em efetivar um empréstimo sem juros. O pai possuía lastro suficiente e naquele ano não havia acumulado recursos de forma que não pudesse efetivar o empréstimo.

No fim tudo correu bem, porém o “empréstimo levou 5 anos para ser “pago” perante a receita federal.

Dilma Rouseff entende bem deste tipo de artimanha. Em certo ano verificou-se que a mesma declarou ter R$ 150 mil em espécie guardado em casa. Quando contestada porque guardava tais recursos afirmou que ainda tinha trauma da época da guerrilha onde precisava de dinheiro vivo para sobreviver caso algo ocorresse.

Muito pertinente a resposta, porém tais recursos também poderiam ser utilizados como lastro para recebimento de caixa 2 uma vez que bastaria que se alterasse a contabilização de dinheiro em espécie para saldo em conta bancária.
Portanto, o conhecimento é a melhor proteção patrimonial que pode existir.

As histórias da época de amador são muito divertidas e animadas, porém, não eram tão animadoras assim à época. Tentarei expor novas histórias ocorridas.

Chegou a vez de Docas Imbituba (IMBI4), um porto localizado em Santa Catarina que iria se beneficiar da aprovação da Lei das ZPEs (Zonas de Processamento de Exportação). Esta medida seria capaz de fomentar a atividade de alguns portos brasileiros, entre eles Imbituba.

Pois bem, com o aproximar do dia da votação do projeto a ação sofreu forte especulação. Os ganhos já eram notáveis. No dia da votação em plenário, assisti TV Senado desde o início da sessão às 9 horas. Aloisio Mercadante, então presidente iniciou um discurso afirmando que o projeto já tramitava há anos e que era de suma importância e que deveria ser votado naquele dia de qualquer forma.

Eis que um senhor levanta sua mão e inicia-se o seguinte diálogo:

Senhor: “Excelência, eu não li!”
AM: ‘ Que isso cara, você não leu o que?”
Senhor: “Eu não li o projeto”
AM: “Putz, cara você teve 20 anos pra ler o projeto, isto é da época do Brizola!”
Senhor: “Pois é, mas não li”
AM: Ok então, vamos adiar a votação.
AM: “Prezados, já que não votamos o projeto mais importante sugiro suspender a sessão por hoje, alguém se opõe?”
Sem dar tempo de resposta bateu o martelo e encerrou a sessão as 9:15 da manhã.

Isto gerou mais um dia de especulação e ganhos. No dia seguinte a proposta foi votada e aprovada, o que gerou desabamento do valor as ações.

Há um ditado popular na bolsa sobre este movimento. “O famoso Sobe no Boato e Cai no Fato”.

Outras especulações sobre a de aquisição de bancos estatais pelo Banco do Brasil. De fato já haviam ocorrido alguns movimentos deste tipo.

Portanto, dois bancos estatais Banco do Espirito Santo (BEES3) e Banco da Amazonia (BAZA3).
BEES3 saiu de uma cotação de R$ 0,8 para um pico de R$ 5,00, enquanto BAZE3 foi de R$ 20,00 para R$ 100,00. Em ambos os casos as ações retornaram para seus níveis anteriores em poucos dias.

Mais uma boa história ocorreu com Kepler Weber (KEPL3). A empresa passava por dificuldades e decidiu por emitir novas ações. O problema foi o preço desta subscrição que foi de R$ 0,3 enquanto a cotação de mercado girava em torno de R$ 1. É comum as empresas oferecerem algum deságio para a subscrição de novas ações, porém, não neste nível.

Como esperado as ações iniciaram a derrocada. Duas corretoras foram as maiores vendedoras: Pactual e Link. Posteriormente descobriu-se que ambas estavam vendidas a descoberto e sequer alugaram ações. A Bovespa aplicou uma multa em ambas, porém nem de perto suficiente para contrapor os ganhos obtidos na operação.