Arquivo para Tag: cryptomoedas

Todo mercado que existiu na história da humanidade esteve sujeito a algum tipo de fraude em algum estágio de seu desenvolvimento. Um dos truques mais antigos dos negociantes, por exemplo, era pressionar a balança com o polegar enquanto pesavam as mercadorias para a venda ou o pagamento em ouro ou prata. Desde então, os golpes ficaram mais sofisticados. Toda a estrutura da regulação financeira moderna é basicamente uma resposta às estratégias engenhosas encontradas pelos negociantes para trapacear os clientes ao longo dos séculos. Haveria alguma razão para o mercado de bitcoin ser imune a fraudes?  Obviamente, a resposta é “não”. De fato, como mostra este artigo, o mercado de bitcoin é um ímã de fraudes justamente porque é novo e não tem qualquer regulação. Esquemas que os investidores encontravam em outros mercados, como divulgação de informações falsas, “insider trading” (uso indevido de informações privilegiadas), “ramping” (compra ou venda de ações para fazer os preços dos papéis subirem) e esquemas de “pump and dump” (compra de grandes quantidades de uma ação de baixo valor e baixa liquidez e subsequente divulgação de boatos para fazer o papel subir), instalaram-se no mercado de bitcoin. O artigo descreve de que maneira insiders, como programadores e patrocinadores/financiadores de criptomoedas, uniram-se a grandes fundos de hedge para inflar os preços das ofertas inicias de moedas (ICOs, na sigla em inglês) e então empurrá-las para investidores de varejo incautos. O golpe descrito combina diversas fraudes diferentes, incluindo “insider trading” e “pump and dump”. Essa atividade se assemelha aos golpes e IPOs das “ponto com” que tiveram seus preços inflados por “ramping” no final dos anos 1990 e depois quebraram no início dos anos 2000.  No caso das “ponto com”, ao menos havia um órgão regulador para ir atrás dos contraventores. Não existe um órgão regulador semelhante para o bitcoin ou para o universo das criptomoedas, embora a SEC tenha emitido comunicados recentemente indicando que começará a monitorar o mercado. Se algo parece bom demais para ser verdade, geralmente é. Os ganhos inacreditáveis das ofertas inicias de moedas devem acabar na mesma pilha de lixo em que foram parar as ações das “ponto com” do fim dos anos 1990.

A maioria dos investidores que tem alguma familiaridade com criptomoedas como o bitcoin ouviu falar dos ganhos astronômicos nos preços de mercado. O preço de um único bitcoin subiu de 1 mil dólares para mais de 4 mil dólares em pouco mais de um ano. Investidores que compraram bitcoins ainda antes, a 200 dólares, por exemplo, obtiveram ganhos de 2 mil por cento em questão de poucos anos. Esses preços são reais, ao menos segundo as principais corretoras de bitcoin. Algumas pessoas realizaram os lucros de seus bitcoins, convertendo-os em ganhos reais. Mas essas pessoas provavelmente são a exceção, não a regra. Na esperança de ganhos maiores, muitos investidores ainda mantêm bitcoins em corretoras não-regulamentadas. Este artigo mostra que essas corretoras estão cheias de fraudes e de hackers, além de não estarem sujeitas a qualquer tipo de prestação de contas. Há inúmeras histórias de investidores que tiveram que esperar semanas para liquidar investimentos em bitcoin enquanto os preços passavam por grandes oscilações. Os menos afortunados nunca conseguem liquidar os investimentos, porque as próprias corretoras roubam seus bitcoins ou simplesmente quebram. Aos riscos das corretoras, somam-se uma infinidade de outros riscos, como a associação ao tráfico de drogas, à sonegação de impostos e a coisas ainda piores. A Receita Federal americana, a Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC – Securities and Exchange Comission) e o Departamento de Justiça americano já estão trabalhando pesado para ter acesso aos registros das corretoras e conseguir chegar aos criminosos. Órgãos similares de outros países estão fazendo o mesmo. O que eles têm descoberto causa ainda mais danos à estabilidade do mercado e à segurança dos bitcoins. “Caveat Emptor” (o risco é do comprador) é um bom conselho em qualquer mercado, mas o melhor conselho com relação às corretoras de bitcoin é “que o comprador mantenha distância”, ao menos até que tenhamos entidades mais idôneas e uma melhor regulamentação.

Por Jim Rickards

Há muito interesse em Bitcoins no momento. É impossível abrir um site, ouvir um podcast ou assistir a um vídeo de finanças sem ficar sabendo sobre a ascensão meteórica do preço do Bitcoin. Talvez você conheça um “milionário de Bitcoin” que tenha comprado 500 Bitcoins há alguns anos por US$ 50.000 e que agora possua uma fortuna de mais de US$ 2.000.000. É verdade, essas pessoas existem. É claro, o Bitcoin é apenas uma das muitas criptomoedas. Há centenas delas com nomes como Ethereum, Dash, Dogecoin, Blackcoin, CryptoCarbon e Syscoin. Para facilitar, nesta edição, vou me referir a todas as criptomoedas como “Bitcoin”, mas o leitor deve entender que a análise também pode ser aplicada às outras criptos. Como vocês sabem, estou sempre em programas financeiros na TV e concedo muitas entrevistas online. Não gosto muito de falar sobre Bitcoin; é um dos temas de que menos gosto na verdade. Mas simplesmente não consigo evitá-lo!

Mais cedo ou mais tarde, em quase todas as entrevistas, o âncora diz: “Jim, preciso perguntar, o que você acha do Bitcoin?” 1 de setembro, 2017 34 2 Minha opinião é muito clara. Eu não tenho Bitcoins e não os recomendo para os investidores. Esses motivos têm a ver com dinâmicas de bolhas, potencial de fraude, robustez do ciclo econômico e interferência governamental, temas que explicarei em detalhes. Dito isto, gostaria de deixar claro que não sou um tecnófobo e muito menos um “ “antiBitcoin”. Entendo Bitcoins muito bem em nível técnico. Eu li os documentos técnicos de 2009 sobre eles e muitas atualizações desde então. Até cheguei a trabalhar com uma equipe de especialistas e comandantes militares no Comando de Operações Especiais dos Estados Unidos (USSCOM, na sigla original), com sede na base da força aérea MacDill, em Tampa, Flórida, para encontrar maneiras de intervir no uso que o Estado Islâmico fazia de criptomoedas para financiar suas atividades terroristas e seu califado. Quando se trata de Bitcoins, eu adoto uma abordagem laissez-faire. Se você quiser Bitcoins em seu portfólio como parte de um conjunto diversificado de ativos, a escolha é sua. Minha única advertência é caveat emptor (expressão latina que significa, literalmente, “cuidado, comprador”). Então, minha dica de logo de cara é: entenda como a criptomoeda funciona e quais são seus riscos. Nesta edição especial do Strategic Intelligence, falaremos sobre o bom, o mau e o feio do mundo dos Bitcoins e incluiremos links úteis para que você possa pesquisar mais por conta própria. Também analisaremos o futuro do Bitcoin e da plataforma de tecnologia blockchain, na qual o Bitcoin é fundamentado. Esse futuro talvez não seja o nirvana anarco-libertário que os inventores da criptomoeda Bitcoin imaginam.

Tudo indica que governos, órgãos reguladores, autoridades fiscais e a elite global estão se preparando para acabar com as criptomoedas. O futuro do Bitcoin pode ser uma distopia na qual o Big Brother controla o blockchain e decide quando e como você pode comprar ou vender qualquer coisa. Também falaremos sobre isso. Vamos começar nosso tour d’horizon no mundo das criptomoedas.