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8 – Famílias Milionárias, herdeiros quebrados

Na acultura de nosso país, os imóveis sempre tiveram um papel de destaque. Todos sempre sonharam com a casa própria. Silvio Santos já realizou portanto o sonho de muitas pessoas.

Entretanto, nem sempre os pais acabam fazendo o dever de casa e acabam deixando um problema ao invés de um patrimônio para seus herdeiros.

Muitos idosos de hoje adquiriram patrimônio ao longo da vida, por vezes imóveis adquiridos na década de 70 ou 80 onde nem a moeda corrente do país era a mesma. Isto acarreta que por vezes vemos imóveis declarados no imposto de renda de seus proprietários por valor irrisórios, como R$ 10.000.

Quando ocorre o falecimento, todos os bens do morto entram em inventário. Imediatamente é devido um imposto chamado ITCMD (Imposto transmissão causa mortis e doação) na alíquota de 4%.

Portanto, quando uma família possui um grande patrimônio, porém ele todo imobilizado, o herdeiro já começa com uma perda de 4% sobre o total.

Mas qual o valor do total? O valor declarado no imposto de renda?

Não!

Os bens são reavaliados no processo de inventário e o ITCMD será aplicado sobre o montante que o Governo acha justo. Para piorar a situação, se o patrimônio foi reavaliado, significa que houve acréscimo patrimonial, portando passa-se a dever também imposto de renda sobre os bens.

Voltemos ao exemplo dos bens adquiridos em passado longínquo, declarados a valores irrisórios. Eles foram todos reavaliados a valores de hoje e agora possuem um imposto de 4% + 15% (da diferença) para serem pagos.

O imposto de renda incide antes dos bens serem monetizados, por isso é comum que inventários grandes optem por vender alguns bens antes de seu término para viabilizar o pagamento e regularização dos demais.

Há ainda a possibilidade de briga entre herdeiros que deixa a solução ainda mais distante e custosa. Os inventários normalmente tem custo de 20% de honorários advocatícios e por vezes se arrastam por anos a fio.

 

 

Por vezes a ignorância é uma benção. Pessoas comuns vivem suas vidas sem preocupações assumindo risco que nem sabem que existem. Torço muito para que nada lhes aconteça mas o comum é que em algum momento o pior acontece. Ai a pessoa se vê desesperada, sem saber o que fazer e por vezes nada mais há o que fazer a não ser arcar com as consequências.

Pensemos uma criança que sempre juntou dinheiro. Valor este vindo de mesadas e presentes de aniversário e natal acumulados ao longo da vida. Pois bem aos vinte e poucos anos esta criança havia acumulado uma boa quantia. Ela nunca foi instruída a declarar tais recursos.

Então chega a idade limite que uma pessoa pode ser dependente de outra (normalmente pai ou mãe). A ex criança viu-se então obrigada a informar a Receita Federal sobre sua quantia. Se não fizesse isto, o banco na qual o dinheiro encontrava-se depositado o faria.

A quantia não teria lastro uma vez que o indivíduo nunca havia trabalhado, portanto não há explicação de como aquele dinheiro apareceu. Além disto a quantia era suficiente para que lhe fosse aplicada alíquota mais alta de Imposto de Renda (27,5%).

Revoltado e sem saber o que fazer finalmente recebeu um bom conselho de alguém que entendia da área. A solução foi: seu pai lhe fez um empréstimo no montante total, sem juros. Por ser pai não levanta-se suspeita em efetivar um empréstimo sem juros. O pai possuía lastro suficiente e naquele ano não havia acumulado recursos de forma que não pudesse efetivar o empréstimo.

No fim tudo correu bem, porém o “empréstimo levou 5 anos para ser “pago” perante a receita federal.

Dilma Rouseff entende bem deste tipo de artimanha. Em certo ano verificou-se que a mesma declarou ter R$ 150 mil em espécie guardado em casa. Quando contestada porque guardava tais recursos afirmou que ainda tinha trauma da época da guerrilha onde precisava de dinheiro vivo para sobreviver caso algo ocorresse.

Muito pertinente a resposta, porém tais recursos também poderiam ser utilizados como lastro para recebimento de caixa 2 uma vez que bastaria que se alterasse a contabilização de dinheiro em espécie para saldo em conta bancária.
Portanto, o conhecimento é a melhor proteção patrimonial que pode existir.